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Antologia Poemas da Terra: 3x02

Antologia Poemas da Terra
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ACORDA
Renata da Costa

Eu ouço os gritos
Ecoando nas matas
Tabocas rangendo com os ventos,
Animais uivando de dor.
Vejo lixo cobrindo o chão,
Sinto o fogo queimar minhas mãos.
As árvores pedindo asilo,
Animais buscando o abrigo
E nós,
Ignorantes de nós.

Não ousamos medir este dano,
Muito menos, ajudar;
Abrir os olhos, sei lá…
Precisamos acordar!

A natureza gritando,
Ecoando seu medo no ar:
O som para nos despertar.

Levantemos,
Ou este sono eterno… 
Ele nos matará.

ÀS ÁGUAS QUE CORREM
Li Poeta

As águas claras que percorrem,
por aqui passam por mim.
Preservar com amor eu vou.
Essas águas limpas e puras.

Tão cheia de vida essas,
belas águas são.
Matando a sede do meu irmão.
Saciando o desejo da paixão.

Águas que correm pelo,
meu santo corpo.
Águas que matam a minha sede.
Sede de amor pela natureza.

Águas divinas do doce rio.
Águas salgadas do mar é isso.
Águas da chuva do amor  
Águas da fonte do nosso amor.

MEU PLANETA, MINHA VIDA
Gaudério Sepé

Há muitos anos atrás, foi assim, tão de repente
Que o cenário se mostrou, completo, belo, pungente
Orvalho, grama, céu azul, nuvens claras viajantes
Calor, águas limpas, pedregulhos, pássaros esvoaçantes
Terra seca, barro, mato denso, lindas flores perfumadas
Tenra idade, ainda meninos, a pensar, sem dizer nada

Desfrutar, que maravilha! jogar bola, correr solto
Fim de tarde, um pôr-do-sol, todos ficavam envoltos
Linda, amarela, na barranca, a argila iluminada 
A correr o rio, em suave remanso, extasiava a gurizada
Os pais, em casa, tranquilos, a volta lhes aguardava
Da terra saía a janta: sopa, legumes, frutas e favas

As mães sempre aconselhavam, ao despertar no novo dia
Que a meninada agradecesse pelo pão que se comia
Pela vida, pelo teto, pelo lar, pelo aconchego seguro
Num tempo em que as casas nem precisavam ter muros
No pomar, frutas tão doces, dos vários galhos pendiam
Só se tinha que esperar, enquanto amadureciam

Necessário que se faça, enquanto ainda tempo der
Um mutirão de cuidados: terra, mar e rio, o que puder
O ar que se respira, tão abundante, um dia vai
Ficar raro e talvez falte. À consciência vazão dai
A fim de que se possa salvar, o restante da vida pura
E, com muito carinho, preservar toda e qualquer criatura

Terra, meu planeta, meu lar, meu paraíso querido
A ti preciso falar e agradecer, por cada dia vivido
Fruto sou de tuas entranhas, formado dos elementos
Que tua fórmula abriga. És minha, mãe, minha amiga
Obrigado por todos os inesquecíveis momentos
Também grato por teu filho que para isto não liga

Obrigado, Terra, meu Planeta, minha vida!

VALENTE
Gisela Peçanha

A natureza é alquimia;
É música, som, poesia
É mar, que de azul borda e tinge
O globo, planeta água:
— Terra!

O Humano, de barro e de cor
À semelhança do Ser criador
(De todas as coisas, pintor)
Filho ingrato da mãe renegada
Natureza que o amamentou:
Com o seio, com a seiva
Com o sangue fecunda (a dor).

Ergue-se, a mãe lacrimosa
Pois alma é rocha, é fortaleza!
Mata, desmata, corta
Polui, seca, incendeia
Mas tudo se regenera...
Guerreira, paleta do belo
Ser nascituro, na origem da vida
Fonte de luz, sementes ao vento.

CANÇÃO DE TERRA E PALAVRA
Sinval Farias

recosto a cabeça no mato molhado
e ouço pulsar o coração da terra
que se abriga das máquinas

ele sorve do futuro a seiva doce das jacas
e o poema auriverde do milharal
que o povo colhe

enquanto a terra arfa de aflição
e teme pelas crias de Nhanderuvuçu
que a zanga dos homens fustiga

mas livre é a voz do trovão
como nas canções dos goitacás e dos tapebas
que guardam a criação

a palavra é fruta iconha
e há de ser da terra aprendiz e guardiã
que o viço da ventania espalha feito boa nova

UM ABRAÇO PRO MAR
Ademir Missias

Ó linda que brota da terra 
Que sai das ranhuras, 
Com muita bravura,
Do pé desta Serra,
Não perca sua formosura,
E tampouco o teu cheiro,
Ó Bem precioso! sustenta-te primeiro,
Fortaleça-te  bem, mantenha o seu cristalino
Até chegar ao seu destino, 
Junte-se uma a uma, formando um montão 
Caminha-te mais um pouco e formarás um turbilhão,
Encontrarás muita beleza
Mas também muita tristeza; 
Ó Sanca D'água proteje-a  
Segura-a com teus pés,
Mantenha-se firme, junte se a 
Guanandi, Embaúva, 
Mulungu, Pinha do Brejo, 
Despeça -te da tua amiga, 
Que viajará muito até última saída,
Seu caminho serás longo, verás pedras e penhascos,
Tempestades, e até dejetos,
Não desista da sua missão
Por todo o seu trajeto.
E quando lá chegar,
Não esqueça que mandei um abraço pro mar.

Poema escrito por
Renata da Costa
Li Poeta
Gaudério Sepé
Gisela Peçanha
Sinval Farias
Ademir Missias

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Francisco Caetano
Gisela Lopes Peçanha
Mercia Viana
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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