Laços de Amizade: Capítulo 28 - WebTV - Compartilhar leitura está em nosso DNA

O que Procura?

HOT 3!

Laços de Amizade: Capítulo 28

Novela de Diogo de Castro
Compartilhe:

 




LAÇOS DE AMIZADE - CAPÍTULO 28

| CENA 01| Continuação do capítulo anterior. Manhã. Bar Ponto de Encontro. Interior. Apavoradas, Melissa e Janaína erguem as mãos para cima, deixando claro que não pretendem reagir ao assalto. O homem de preto segue com a arma apontada para as duas. Melissa se desespera e fala descompassadamente.

MELISSA: (nervosa) Pode levar tudo... Leva o dinheiro, nossas carteiras, as roupas... TUDO! Mas não mata a gente, pelo amor de Deus.

JANAÍNA: (voz trêmula) Não é dinheiro que ele quer, Melissa...

Melissa olha para Janaína, confusa.

HOMEM: Muito esperta você. Vamos ver se é esperta o suficiente para escapar com vida uma segunda vez.

Neste momento, Chad surge na entrada do bar com umas sacolas nas mãos.

CHAD: (exagerado) QUERIDA... CHEGUEI!

O homem de preto se assusta e vira-se para Chad, que ao perceber a arma sendo apontada para si, arregala os olhos, assustado.

CHAD: Jesus sacramentado!

Ele deixa as sacolas caírem e ergue as mãos. Num reflexo, Melissa pega a bandeja em cima do balcão e bate com toda sua força na cabeça do homem que grita de dor, deixando a arma cair, pondo as mãos na cabeça.

MELISSA: (grita) Pega ele!

Melissa avança no homem, e se monta nele, por trás. Janaína corre para pegar a arma. Chad está estático, sem reação alguma.

HOMEM: Me solta sua maluca! Me solta!

MELISSA: Quer me deixar viúva antes mesmo de eu me casar? NUNCA, meu bem!

Melissa segue agarrada nele, enquanto ele tenta se desvencilhar. Ela tenta tirar-lhe o capuz, mas ele tem mais força para impedir. Janaína, tremendo, segura a arma com as duas mãos e aponta para o homem.

JANAÍNA: Quem te mandou aqui? Responde! Quem te mandou aqui?

O homem consegue se soltar de Melissa e foge sem medo de ser alvejado por Janaína. Ela não tem coragem de fazer nada e deixa seu braço abaixar involuntariamente, perplexa. Melissa, ofegante.

MELISSA: Por que você não atirou?

JANAÍNA: Eu não sou uma assassina, Melissa.

MELISSA: Mas...

Janaína e Melissa observam Chad, estático, de olhos arregalados, tremendo. Close nele.

CHAD: Eu acho que fiz besteira.

A câmera desce focalizando a calça jeans de Chad, molhada.

| CENA 02| Hospital Regional. Sala de fisioterapia. Celso está deitado numa espécie de cama. Enquanto doutor Humberto conduz as pernas do paciente, movimentando-as constantemente.

DR. HUMBERTO: Melhora essa cara, Celso.

CELSO: Só se for com cirurgia plástica.

O médico dá um risinho de canto de boca.

DR. HUMBERTO: Não é disso que to falando.

CELSO: Eu não tenho motivo pra sorrir, doutor.

DR. HUMBERTO: Nem a Jaque? Ela me parece muito apaixonada por você.

CELSO: Ela merece alguém melhor do que um inválido que sempre será um estorvo em sua vida. Eu não posso condená-la a passar o resto de seus dias cuidando de mim. Ela é uma menina especial, cheia de vida e de sonhos. Não posso fazer isso, por isso, vou terminar nosso namoro.

O médico engole em seco.

DR. HUMBERTO: Mas, você não a ama?

CELSO: Sim. E é por isso mesmo. Quem ama quer a felicidade do outro, e ao meu lado ela não vai poder se feliz.

DR. HUMBERTO: Entenda, Celso. O seu problema é reversível. Você tem muitas chances de se recuperar. Além disso, estar numa cadeira de rodas não significa ter uma vida de privações. Muitos cadeirantes têm uma vida normal. É tudo uma questão de como se encara o problema.

CELSO: Você só tá fazendo seu trabalho de médico. Tentando confortar o paciente.

DR. HUMBERTO: (convicto) Não, Celso. Com você eu faço muito mais do que meu trabalho de médico. Com você é diferente.

CELSO: Diferente por que, posso saber?

Close no médico, tenso.

DR. HUMBERTO: (desconversando) Bom... É que... Nenhum paciente é igual ao outro ué. Você também é jovem, cheio de vida e com uma vontade tamanha de amar. Mas está querendo sacrificar esse sentimento por medo de fazer sua namorada sofrer. Isso é muito digno de sua parte. Mas não é o certo. A Jaqueline certamente vai te aceitar como você é.

Celso se cala.

DR. HUMBERTO: Mas, de preferência andando, não?!

Celso abre um sorriso.

CELSO: Você tem toda razão.

Faz-se um silêncio momentâneo. Dr. Humberto segue fazendo os exercícios em Celso.

CELSO: E você, doutor? É casado? Tem namorada?

A pergunta deixa o médico constrangido.

DR. HUMBERTO: Não sou casado. E não tenho namorada.

CELSO: (sondando) Mas tem alguma mulher na parada, não tem?! Fala aí, garanhão!

DR. HUMBERTO: Não. Não tem.

CELSO: (desconfiado) Você não é...

Humberto o corta.

DR. HUMBERTO: Sim, Celso. Eu sou gay.

Celso engole em seco a revelação de seu médico.

| CENA 03| Bar Ponto de Encontro. Interior. Mais calmas, Janaína e Melissa tentam entender o que aconteceu. Janaína ainda segura à arma do homem misterioso.

MELISSA: Então é verdade, Jana. Alguém tá querendo te matar.

Janaína ergue a arma.

JANAÍNA: O que vamos fazer com isso?

MELISSA: Entregar a polícia?

JANAÍNA: Acho melhor não. Ele tava usando luvas, certamente as digitais dele não ficaram gravadas. Se formos entregar à polícia as suspeitas cairão sobre nós. Vou dar um fim nela.

MELISSA: Com tanto que ela não fique aqui dentro.

JANAÍNA: Por enquanto, sim...

Janaína esconde a arma do lado de dentro no balcão e volta para onde estava.

JANAÍNA: Mas tem uma coisa, Melissa. Eu não posso continuar colocando vocês em perigo. Eu peço demissão.

MELISSA: Não se preocupa com isso agora, Jana. O importante é a gente saber quem tá por trás disso e por que tá fazendo isso.

Neste momento, Isabel entra no bar. Ela retira os óculos do rosto e avista Janaína.

JANAÍNA: (surpresa) Isabel? O que você tá fazendo aqui?

ISABEL: (se aproximando) Oi, Janaína. (percebendo o clima) Cheguei num mau momento?

JANAÍNA: (disfarçando) Não, não. Mas, como você descobriu que eu trabalho aqui?

Melissa olha desconfiada para Janaína.

ISABEL: Meus filhos frequentam essa...

Isabel analisa o local com desprezo, mas percebe Melissa cruzando os braços, pronta para dar uma resposta à altura.

ISABEL: ... esse ambiente. Não foi difícil descobrir. Eu preciso falar com você, amiga.

JANAÍNA: Acho que a gente não mais nada pra falar, Isabel. Eu já entendi seus motivos.

ISABEL: Mas eu preciso desfazer a má impressão que você teve de mim, em nome de nossa amizade. Nos conhecemos há tanto tempo. Eu não queria que ficasse um clima estranho entre a gente.

JANAÍNA: Não se preocupe. Está tudo bem.

ISABEL: Mesmo?

JANAÍNA: Claro.

ISABEL: Então me prove, indo me fazer uma visita qualquer dia desses.

JANAÍNA: Mas e os seus filhos?

ISABEL: Vá pela manhã. Horário em que eles estão na escola.

Janaína pensa por um instante, hesitante.

JANAÍNA: Tudo bem. Eu aviso quando for.

ISABEL: Obrigada, minha amiga.

Isabel cumprimenta Janaína com um beijo em cada bochecha e dá um tchauzinho para Melissa, que não retribui. Isabel se retira do local.

MELISSA: Muito enfaroza pro meu gosto, essa sua amiga.

JANAÍNA: Quê que é? Tá com ciúmes?

Chad aparece vindo de dentro do banheiro, vestindo outra calça.

MELISSA: Olha só quem resolveu aparecer, a coragem em pessoa!

CHAD: (emocionado) Meu doce de limão... VOCÊ É MINHA HEROÍNA!

MELISSA: É. Pena que eu não sou de ferro e tive que contar com a sorte, porque se fosse esperar pelo meu futuro marido pra me defender né, querido, estávamos agora os três mortinhos da silva.

CHAD: O importante é que agora tá tudo bem, meu amor.

JANAÍNA: O Chad tem razão, Melissa. Você salvou nossas vidas.

Janaína agradece abraçando Melissa.

| CENA 04| Universidade Campelo Costa. Interior. Lanchonete do campus. Sentados a uma mesa pequena e redonda estão Valeska e um rapaz desconhecido de estatura mediana, corpo normal, pouco malhado. Seu cabelo é preto, assim como os olhos, usa cavanhaque. Ele veste uma blusa de manga, verde, colada no corpo; e uma calça jeans.

VALESKA: E então, Jorge? Entendeu ou quer que eu desenhe?

JORGE: Entendi, Valeska. Não precisa repetir.

VALESKA: Ótimo. Tudo que você tem que fazer é dopar a songa monga e levá-la, você sabe pra onde. Nada pode dar errado ouviu bem?! 

JORGE: (desdém na voz) Você tá falando com um profissional, garota.

VALESKA: Acho bom mesmo. 

Valeska levanta-se da mesa e se retira. Jorge toma um gole de seu suco de tomate.

| CENA 05| República Universitária Laços de Amizade. Interior. Sala de estar. Celina está sentada no sofá verde limão, com pensamento distante. José surge, vindo da cozinha, enxugando as mãos em um pano de prato. Ele senta-se ao seu lado.

JOSÉ: ¿Qué pasa, amor de mi vida? Estás triste.

Celina o olha com tristeza.

CELINA: José... Cres que seria una buena mamá si hubierámos tenido hijos? [José... Você acha que eu teria sido uma boa mãe, se tivéssemos tido filhos?]

JOSÉ: Por supuesto. Y te has olvidado de una cosita. Nosotros tenemos ocho chicos para cuidar, no? Tenemos ocho hijos. [Com certeza. E você se esqueceu de uma coisinha. Nós temos oito meninos para cuidar, não? Temos oito filhos.]

CELINA: Sí. Pero, pienso que he fallado con mis pupilos. [Sim, mas, penso que falhei com meus pupilos.]

 JOSÉ: No! No digas esto. Ellos también tienen en usted, una mamá. La mejor que ellos podrian tener. [Não! Não diga isso. Eles também têm em você uma mãe. A melhor que poderiam ter.]

CELINA: Algo está pasando con Vanessa y ella no me quiere contar. Siento que Fabiana también tiene problemas e no se fia de mi. Valeska es un problema. Los chicos viven mentiendo-se en confusiones. Celso ha perdido las ganas de vivir... Y no he hecho nada para ayudar. [Algo está acontecendo com Vanessa e ela não quer me contar. Sinto que Fabiana também tem problemas e não confia em mim. Valeska é um problema. Os meninos vivem se metendo em confusão. Celso perdeu a vontade de viver... e não fiz nada para ajudá-los.]

 JOSÉ: No seas tan injusta consigo misma. Siempe hiciste lo posible por estes chicos. Nunca les faltó nada, tampoco cariño... Has hecho todo lo posible y ellos reconocen. La vida es la gran responsable por ló que sucedió a ellos, y solamente ellos podran resolver sus poblemas. Tu eres la mejor mujer del mundo, pero no puede sanar todos los problemas de él. [Não seja tão injusta consigo mesma. Você sempre fez o possível por esses meninos. Nunca lhes faltou nada, muito menos carinho... Você fez todo o possível e eles reconhecem. A vida é a grande responsável pelo que lhes aconteceu, e somente eles poderão resolver seus problemas. Você é a melhor mulher do mundo, mas não pode curar todos os problemas dele.]

Celina olha emocionada para o seu amado, e lança-lhe um sorriso apaixonado.

CELINA: Gracias por estar aqui, mi vida...! [Obrigado por estar aqui, minha vida...!]

JOSÉ: Yo siempre estaré a tu lado. [Eu sempre estarei do seu lado.]

José e Celina dão um selinho demorado e apaixonado.

| CENA 06 | Universidade Campelo Costa. Interior. Lanchonete do campus. Valeska está sentada num banquinho de frente para o balcão central, conversando com uma garçonete, enquanto toma seu Milk shake. Close em Jorge, sentado a uma mesa, sozinho, desconfiado. Close em Bruna e Marcelo, sentados em outra mesa, conversando.

MARCELO: Você já pediu?

BRUNA: Não vai querer nada, mesmo?

MARCELO: Não. Vou ao banheiro. Volto já pra te fazer companhia!

Marcelo se retira. Close em Valeska, observando a garçonete com quem conversava colocar um copo em cima de uma bandeja, no balcão. A moça abre um refrigerador e de dentro tira uma garrafa, a qual abre e despeja um líquido cremoso, avermelhado, suco de goiaba. A garçonete volta ao refrigerador para guardar a garrafa. Valeska age rápido retirando um vidro amarronzado de dentro do bolso e despejando o conteúdo no copo.

VALESKA: Suco de goiaba. Coisa de pobre!

A garçonete retorna ao balcão. Valeska sorri cinicamente. A moça pega a bandeja e se encaminha em direção à mesa de Bruna oferecendo o copo a cliente. Bruna sorri gentilmente, a garçonete se retira. Bruna ingere o líquido até a metade. Close em Jorge, olhando Valeska. Ela pisca pra ele e se retira dali. Imediatamente, Jorge se aproxima da mesa de Bruna, sentando-se sem ao menos pedir licença.

JORGE: Você sabia que há muito eu venho te observando?

BRUNA: (desinteressada) Engraçado. Nunca te vi por aqui. E se há muito tempo me observa, deve saber que eu tenho namorado.

Bruna toma o que sobrara no copo.

JORGE: Claro. Sei também que você é areia demais pro caminhãozinho dele.

BRUNA: Quem você pensa que é pra falar assim do meu namorado?

JORGE: Deixa eu te mostrar...

Bruna ri nervosa e se levanta pegando sua bolsa.

BRUNA: Era só o que me faltava.

De repente, Bruna tem uma vertigem e se desequilibra. Jorge a ampara.

JORGE: Calminha, gata... Tudo bem?!

BRUNA: (desorientada) Eu to... Eu não...

Jorge começa a tirar Bruna dali imediatamente.

BRUNA: Espera... O Marcelo... Pra onde você tá me levando.

JORGE: Shiii... Fica tranquila.

Jorge conduz Bruna para longe dali o mais rápido possível. Segundos depois, Marcelo surge na lanchonete e estranha a ausência da namorada.

MARCELO: Ué... Pra onde ela foi?

| CENA 07 | Bar Ponto de Encontro. Interior. O local está razoavelmente ocupado. O andar de cima está tranquilo. O movimento é fraco, mas algumas mesas estão ocupadas. Melissa serve uma mesa. Chad está no balcão, concentrado em algumas contas. Close na entrada do bar. Darlan entra no ambiente e se direciona a uma mesa. Sentado, ele dá uma olhada no cardápio. Melissa volta para a cozinha com uma bandeja nas mãos e cruza com Janaína, que avista Darlan. Ela se aproxima da mesa dele e retira um bloco de notas do bolso do uniforme.

JANAÍNA: Já fez seu pedido senhor?

Darlan levanta os olhos, reconhecendo a voz. Ele engole em seco ao ver Janaína a sua frente.

DARLAN: (voz embargada) Janaína...

Eles se olham fixamente.

JANAÍNA: (hesitante) Darlan...

Ele tenta desfazer o clima fitando novamente o cardápio.

DARLAN: Um suco de açaí. Por favor.

Janaína anota o pedido e se retira, sem mais. Darlan fica observando-a. Do balcão central, ao lado de Chad, Melissa comenta.

MELISSA: Pelo visto, hoje será o dia das surpresas!

Chad não lhe dá atenção, concentrado nas contas. Ela bufa e sai dali, brava.

| CENA 08 | Universidade Campelo Costa. Interior. Segundo andar. Sala de aula. O professor fala incessantemente em sua aula, enquanto os alunos tentam acompanhar seu ritmo. Na terceira fileira está Marcelo, com o braço direito apoiado na carteira, entediado. Como de costume, Valeska está na última fila de carteiras da sala. Um celular toca tirando a atenção dos alunos. O professor reprova a atitude de Marcelo com um olhar. Ele retira o aparelho do bolso e vê que recebera um sms. Ao clicar no botão ver a mensagem, ela diz:

“sua namoradinha fugiu misteriosamente de vc, não foi? eu sei onde ela tá. Se quiser descobrir, aí vai o endereço. Abre o olho, amore”

Marcelo franze a testa.

MARCELO: Amore?!

| CENA 09| Em algum bairro de São Paulo. Em uma rua pouco movimentada, um carro trafega reduzindo a velocidade, parando em frente a um portão preto enorme. O motorista buzina. O portão automático se abre vagarosamente. Close numa placa chamativa acima do portão, que diz: “Motel dos Prazeres”. O carro entra no estabelecimento. Corta. Jorge entra num quarto carregando Bruna, desacordada, em seus braços. Ele a coloca na cama e volta para fechar a porta. Em seguida, se aproxima dela e começa a despir-lhe. Tira primeiro a blusa rosa de alças, depois a calça jeans azul.

JORGE: Você não é de se jogar fora, Bruninha.

Ele tira a blusa verde que vestia, sua calça jeans e se enfia debaixo do edredom, colocando a cabeça de Bruna encostada em seu peitoral.

JORGE: Agora é só esperar.

| CENA 10| Hospital Regional. Sala de fisioterapia. Interior. Suzana está de pé, encarando seu filho Celso. Ele já está em sua cadeira de rodas. Dr. Humberto também está presente.

CELSO: O que você veio fazer aqui?

Suzana olha para o médico.

DR. HUMBERTO: Vou deixá-los a sós, para que fiquem mais a vontade. Por hoje estou satisfeito, Celso.

O médico se retira imediatamente. Suzana cruza a pequena sala se posicionando de frente para o filho.

SUZANA: Eu só vim comunicar que estou voltando para Florianópolis. Agora que você está bem e tenho certeza que vai se recuperar. Preciso retomar minha vida.

CELSO: (dá de ombros) Por mim...

Suzana suspira para tomar coragem.

SUZANA: Olha... Eu sei que estou longe de ser a mãe perfeita. Sei de todas as suas mágoas. Sei que poderia ter sido uma mãe mais presente e que muita coisa poderia ter sido diferente. Mas, isso não muda o fato de que você é meu filho. E eu te amo.

CELSO: Por que isso agora? Você nunca se importou em demonstrar isso. Tarde demais. Aliás, nem sei por que você se deu ao trabalho de sair de Floripa pra vir aqui.

SUZANA: (fitando-o) Eu não teria outro motivo pra estar aqui, se não fosse você.

CELSO: O Cláudio, talvez?

Suzana desvia o olhar, desconcertada.

SUZANA: Então, você já ficou sabendo?

CELSO: Da palhaçada que você aprontou comigo? Claro que sim. A Jaque me contou tudo. Alguém nessa história toda tinha que pelo menos ter a decência de me deixar a par de suas... Da situação! Como você se prestou a um papel desses? Como você teve coragem? E ainda quer me fazer acreditar que se importa comigo! Com que cara eu vou olhar pro Cláudio e pro Igor a partir de agora, hein?!

SUZANA: Não foi nada premeditado.

CELSO: E daí que não foi?! O que está feito, está feito! Você, como sempre, só pensou em você. Não pensou no quanto isso respingaria na minha amizade com o Cláudio. Uma das poucas coisas boas que eu tinha nessa vida.

SUZANA: Não seja tão dramático. Esse meu relacionamento sem importância com esse garoto não é motivo suficiente pra vocês deixarem essa amizade que os dois tanto prezam, de lado.

CELSO: QUE EU TANTO PREZO! Ou melhor, prezava. Porque o Cláudio NUNCA foi meu amigo de verdade. Se eu to aqui condenado a essa cadeira de rodas, é porque ele me metia nas confusões dele, e em consideração àquele canalha eu sempre topava participar. E olha como ele me retribuiu? 

SUZANA: Bem... Esse é um problema que só diz respeito aos dois. Eu disse o que tinha pra dizer.

Suzana se encaminha para a porta e ao abri-la, lembra-se de algo. Ela volta-se para Celso e olha em seu olho.

SUZANA: Eu espero, sinceramente, que você seja feliz com aquela garota, Jaqueline. Pois ela gosta muito de você. Não a deixe escapar.

| CENA 11| Motel. Exterior. O carro de Marcelo estaciona na calçada do motel. Ele sai do lado do motorista e dá uma olhada geral naquela rua esquisita. Valeska sai do banco do carona, um tanto desconfiada. Ela observa o local fazendo-se de desentendida. Marcelo retira do bolso e bilhete que recebera e fita-o. Não há movimento de pessoas, nem carros.

VALESKA: (tom de reprovação) Marcelo... Eu posso saber o que a gente tá fazendo aqui?

MARCELO: Preciso me certificar de uma coisa.

VALESKA: Num motel?

MARCELO: Fica quieta e vem comigo.

VALESKA: Vou. Mas fique sabendo que se você tentar alguma coisa contra minha vontade, você estará em maus lençóis.

Marcelo lhe lança um olhar de canto.

MARCELO: Não é nada disso que você tá pensando.

Ele segue em direção à entrada. Valeska vai logo em seguida, sorrindo cinicamente, mordendo o lábio inferior, comemorando internamente o sucesso se seu plano. Corta. Interior. Corredor. Marcelo caminha por um corredor cujas paredes estão pintadas em um tom forte de vermelho. Ele para de frente para a porta marfim do quarto 32.

VALESKA: Tem certeza do que tá fazendo?

Marcelo põe a mão na maçaneta e abre a porta violentamente. Ele entra no quarto e fica abismado com a cena que vê. Bruna e Jorge, seminus, adormecidos, feito um casal apaixonado. A câmera o segue por trás. Ele se aproxima da cama com uma cara de raiva e grita.

MARCELO: BRUNA?!

O grito foi suficiente para acordar os dois. Jorge finge surpresa. Bruna nem sabe direito onde está.

BRUNA: Marcelo... ? Valeska...?

Ela examina aquele local, assustada, tentando entender a situação. Bruna percebe o rapaz, seminu, ao seu lado.

BRUNA: (histérica) Quem é você?

Close em Marcelo, levantando a sobrancelha direita, confuso.


REALIZAÇÃO



Copyright © 2013 - WebTV
www.redewtv.com
Todos os direitos reservados
Proibida a cópia ou a reprodução


Compartilhe:

Capítulos de Laços de Amizade

Laços de Amizade

No Ar

Novela

Comentários:

0 comentários: