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Estrada 34: Capítulo 18

Novela de Isa Nota
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CAPÍTULO 18



Guilherme, dirigindo seu carro, observa Rafaela discutir com a diretora e o zelador do colégio. Ele estaciona a frente da instituição e sai para ajudá-la.

– A minha filha, Guilherme... Levaram! E eles não assumem o erro!

– Essa história está muito confusa, Rafaela. – Disse a diretora.

– Pergunte ao seu funcionário. Ele sabe mais do que ninguém que a Giulia só sai desse colégio comigo ou com a Bruna, que você conhece muito bem.

– Rafaela. Vamos! Se eles saíram agora, talvez a gente alcance eles! – Guilherme pegou no pulso de Rafaela e a levara para o carro.

***

As pessoas cercam o carro de Bruna e comentam entre si. Uma moça, de aproximadamente vinte anos, abre a porta do veículo e observa Bruna.

– Moça? Moça? Moça... Será que ela morreu? Chamem a ambulância!

– Já estou chamando, mocinha.

O homem que seguia Bruna ri e sai em disparada do local.

***

Vivian adentra no avião e senta-se na primeira classe. A aeromoça lhe oferece champanhe. Ouve-se a voz de outra mulher, no microfone e por fim, o avião decola.

– Bye, bye Brasil...

***

Carla, identificada como Maíra, internada em um hospital do centro do Rio de Janeiro em coma, abre lentamente os olhos e olha para o teto.

– Lana... Lana... – diz, com dificuldades.

***

Fausto sai do veículo e bate na lataria do mesmo, fitando Giulia e o outro homem.

– O que pensa que está fazendo? – Indaga o homem, segurando Giulia.

– Não lhe devo satisfações! Agora coloca a menina dentro do carro que eu não tenho tempo!

– Não... Não... – Giulia fala, escondendo-se atrás do homem.

– Sai daqui! Senão eu chamo a polícia!

Fausto bufa e entra no carro, saindo no sinal vermelho e dirigindo em alta velocidade, enquanto o homem levara Giulia a um restaurante próximo dali.

***  

Rafaela, sentada no banco carona, faz uma ligação. Guilherme percebe a tensão da jovem, mas continua a dirigir normalmente, olhando para os lados, em busca de Giulia.

– Fausto?! – Pergunta desesperada. – Onde está a minha filha?

– Dessa vez você teve sorte, Rafaela. Mas da próxima... Você se arrependerá! – Diz Fausto, no outro lado da linha e desliga em seguida.

– Ele disse alguma coisa? – Indaga Guilherme.

– Não. Mas disse que eu tive sorte. O que ele quis dizer com isso?

***

Giulia fita o homem que lhe ajudara. O garçom chega a mesa e lhe dá o seu prato e em seguida, a serve com um copo de água.

– Não precisa ter medo de mim, garotinha. Mas eu preciso que você me dê o número de sua mãe. Ela deve estar preocupada.

– Ela não gosta que eu converse com estranhos.

– Sim, e ela tem razão. Se você não me der o número dela, não terei como ajuda-la.

– Tudo bem! É 98... – a voz diminui aos poucos.

***

Conrado está sentado em uma mesa, mexendo no celular. Olha para a porta e observa Antônia e Liz aproximarem da mesa. A segunda veste uniforme do colégio e ambas se sentam.

– Eu chamei vocês aqui para uma boa notícia.

– Eu e a minha mãe vamos sair daquele fim de mundo?! – Indaga Liz, feliz.

– Perdoe a minha filha, Conrado. Ela não...

– Não existe perdão a quem diz a verdade! Em poucos meses vocês se mudarão para um apartamento de frente ao mar. E lá será nosso novo lar. – Liz sorri e observa Antônia e Conrado se beijarem.

***

Guilherme e Rafaela conversam, ainda preocupados. Ela faz uma nova ligação, mas desliga em seguida. Encosta a cabeça na janela e limpa as lágrimas que escorrem por seu rosto.

– Já tentou conversar com a Bruna? Talvez ela possa ajudar. – Pergunta, olhando para a moça.

– Se ao menos atendesse as minhas ligações... – Guilherme freia bruscamente. – O que houve?

– Não sei! Parece um acidente. – Ambos ouvem o som da sirene de uma ambulância e olham pelo retrovisor.

– Dá passagem, Guilherme. – Diz Rafaela, e em seguida Guilherme dirige o carro para o acostamento.

Guilherme abaixa o vidro e aborda um pedestre.

– Amigo, o que aconteceu? Por que estão todos parados?

– Ih, vai demorar. Um carro invadiu a pista contrária e bateu num poste. Coitada da moça. Loirinha, bonitinha... Parece que trabalha como delegada na cidade. – O pedestre se retira.

– Só pode ser a Bruna! – Diz, abrindo a porta do veículo e correndo para o local do acidente.

Rafaela, sem esboçar nenhuma reação, abre a porta, mas é interrompida por uma ligação de número desconhecido. Ela atende.

– Boa tarde. Eu estou com a sua filha no restaurante que há na perto do colégio dela... – Rafaela desliga, pula para o banco de motorista e segue por um atalho.

***

 

Fausto adentra no apartamento, põe as chaves em uma cômoda e se joga em um sofá, e coloca uma almofada na cara que abafa o grito que dá.

Dora desce as escadas e senta-se em uma poltrona ao lado do filho.

– Você é muito burro, hein...

– Como sabe que deu errado?

– Não ia babar minha almofada se não fosse por raiva, né? Toma mais cuidado da próxima vez que você está em condicional. E a Giulia é sobrinha da mesma mulher que te colocou na cadeia dez anos atrás. E dessa vez ela não é uma simples policial. E sim delegada.

– Merda! – Dora observa o filho gritar de raiva enquanto ri. 

***

Rafaela adentra em um restaurante e procura pela filha. Observa um homem pondo a mão no rosto da criança e enfurecida, aproxima-se da mesa.

– Tira a mão da minha filha! Então foi você? O que você quer com a minha filha? É dinheiro? FALA!

– Estava esperando você terminar de me xingar gratuitamente... – Sorri e fita Rafaela, ainda com raiva. – Vamos começar de novo? A sua filha estava sendo molestada por este homem. – Entrega seu celular, onde há um vídeo. – Fui eu que liguei para você. Afinal, devia estar muito preocupada.

– Claro que estaria. Mas quem é você? Por que tirou a minha filha do carro? Ou melhor... Por que salvou a minha filha?

– Lido com crianças dia e noite. Desde as acidentadas, adoentadas e até mesmo as violentadas. A menina estava soluçando de tanto chorar, sem entender o que estava acontecendo.

– Entendi. – Observara Giulia comer. – Vamos, filha?

– Espera...

– Por que não comemos nós três?

– Ótima ideia. – Pôs a mão na testa. – Perdão. Nem me apresentei. Meu nome é Rafaela.

– Noah. – Os dois se entreolharam.

***

Guilherme aguarda na sala de espera do hospital. Anda de um lado para o outro. Mostra-se nervoso. Enche um copo de água e ingere o líquido em uma só vez

– Guilherme? – Um médico o aborda.

– Sim, doutor. Tem notícias da Bruna?

– Ela passa bem. Tudo não passou de um susto. Agora ela está sedada e terá que ficar internada por alguns dias, para certificarmos de que ela não fraturou nada. Com licença. – Guilherme sorri, enquanto procura pelo quarto de Bruna.

Ao encontra-lo, seu celular toca e aparece um número privado. Ele fica receoso, mas atende.

– Sim? – Pergunta, temeroso.

– Seu filho tá aqui comigo. E se não me der dez milhões de reais furo a cabeça dele todinha. E aí?

– Vocês estão com o Arthur? – Pergunta, emocionado. – Como é que ele está?

– Ele está bem, mas pode ficar pior. Então?

– Eu dou o dinheiro... Eu dou! E o meu filho? – Indaga. Em seguida, a ligação cai. – DROGA!

***

UMA SEMANA DEPOIS

Guilherme estaciona seu carro em uma rua. Olha para os lados e não vê movimentação nenhuma. Retira do porta-malas uma mala, com cerca de dez milhões de reais. Ele trava o carro, põe a mala em cima de uma rocha e se esconde atrás de alguns arbustos.

Pouco tempo depois, ele observa um carro preto, de vidros escuros aproximar-se. Um homem sai do veículo, pega a mala, olha para os lados, retorna ao carro e dá meia volta.

– DROGA! O meu filho... Arthur... Onde está você? – Indaga, observando o carro se afastar. Ele retorna ao veículo tomado de raiva.

***

No sótão, Arthur dorme. Ao acordar, percebe que não há ninguém no local. Ele para na janela e observa um carro sair da garagem. Vai até a porta e consegue abri-la com um pouco de força.

Ele desce pela escada que há no local. Caminha por um corredor e desce outro lance de escadas e por fim, chega a porta que está trancada. Ouve o barulho de um carro e se esconde atrás de um sofá.

Douglas adentra, deixando a porta aberta. Arthur aproveita sua distração e sai correndo.

***

QUATRO MESES DEPOIS

Guilherme está sentado em uma cadeira, de frente para um delegado, que gira sua cadeira, segurando a imagem de Arthur. Ele analisa alguns documentos, e balança a cabeça de um lado para o outro. Guilherme, ao perceber, fica inquieto.

– E então? – Pergunta.

– Infelizmente, não temos nenhuma notícia. Crianças desaparecidas por muito tempo continuam em cárcere pelos sequestradores ou...

– Ou o quê?

– Elas tenham simplesmente fugido de casa. E você ter sido vítima de um golpe.

– Golpe? Eu recebi telefonema dos sequestradores!

– Eles podem muito bem ser ladrões de galinhas. O menino já esteve com a cara estampada no jornal, anúncio, recompensa... Quem te deu golpe pode muito bem saber da inexistência. Vamos acreditar que ele está perdido na cidade.

– Mas fazem quatro meses que o meu filho está desaparecido! Nenhuma criança fica tão tempo longe de casa. Ainda mais o meu filho!

– Senhor, se acalme. Nós estamos cuidando do caso, fique tranquilo.

– Como eu posso ficar tranquilo? Eu sou a única pessoa que ele tem na vida! E ainda desaparece?

– Uma hora ele vai aparecer. – Levantou-se. – Agora preciso trabalhar. Se souber de alguma coisa, irei lhe comunicar.

– Obrigado. – Diz, saindo do local entristecido. 

***

Bruna está sentada em uma cadeira estofada, de frente a um homem de estatura média e corpo atlético. Ela observa o envelope que segura e em seguida, entrega para o médico. 

– Eu fiz todos os exames que o senhor me pediu, doutor.

– Muito bem. – Olhara o exame de sangue. – Você não sentiu nada de diferente em seu corpo?

– Não... Eu trabalho muito, não tenho tempo nem de sentar quem dirá sentir algo no meu corpo... Mas o que o senhor quer dizer com isso?

– Ué. Não é isso que dizem? Todas as mulheres sentem quando estão grávidas.

– Eu não senti. – Pausa. – O que o senhor disse? Eu estou grávida? É isso?

– De aproximadamente quatro meses. Também não deve ter percebido que sua barriga aumentou, não é mesmo?

– Pois é. – Ri.

– Você retorna nas próximas semanas, ok? – O médico levanta-se e abre a porta. – Tenha um ótimo dia. 

***

Arthur, com as roupas sujas e com chinelo velho anda em meio aos carros, oferecendo aos motoristas, balas de goma. Um homem, fumando cigarro observa ele e outras crianças.

– Compra um, moço. Por favor.

– Quanto é?

– Essa é dois e a outra é quatro.

– Você não tem família? Cadê seus pais?

– Eu to perdido, tio. Faz tempo. – O homem fita Arthur. – Vai comprar ou não?

– Vou fazer o seguinte. Te dou dez reais e você finge que eu comprei e depois fala para o tio que cuida de vocês. Mas esconde dele isso aqui. – Dá nas mãos de Arthur cinquenta reais. – Esconde isso! – O sinal abre. – Até mais! 

***

Bruna está sentada em sua cadeira, na delegacia, massageando sua barriga. Ela sorri e cantarola. Guilherme adentra no local, em silêncio, observando Bruna. 

– Foi no médico? – Guilherme interrompera Bruna. – O que ele disse?

– O que eu suspeitava, mas não acreditava!

– E o que é?

Bruna levanta-se, senta-se na mesa e fita Guilherme. Por fim, pega sua mão esquerda e leva até sua barriga.

– Eu estou grávida, meu amor.

– Sério? – Pergunta entusiasmado. Depois, beija Bruna. 

***

UMA SEMANA DEPOIS

Fausto, atrás de uma árvore observa a movimentação da saída dos alunos após o último sinal. Encontra Giulia, caminhando sozinha. Olha para os lados e não encontra Rafaela.

Fausto segue Giulia, até que ela passa em um beco sem saída. O homem empurra a garota para o beco e a encurrala. 

– Me solta! Socorro! ME SOLTA! – Grita, apavorada.

– Agora... Ninguém vai poder te ajudar. – O homem beija sua bochecha, vai descendo para o pescoço, sobe a blusa da menina. – Relaxa.

– SOCORRO! – Ela grita, enquanto Fausto segura suas mãos.

– Achou que ia ficar livre de mim, é?

– O que você quer comigo?

– Só quero atingir sua mãe, nada mais. – Giulia chuta seu saco. O homem cai no chão, urrando de dor.

Giulia pega sua mochila e corre para o outro lado da rua, sem perceber o carro a sua frente. A menina cai no chão ainda consciente. Um homem aproxima-se dela e faz uma pergunta. 

– Ele... Foi ele... – Aponta para Fausto, no fim do beco. 

Um grupo de pessoas cerca Fausto, enquanto a polícia e ambulância são chamadas. 

***

Guilherme está na delegacia, de pé, olhando para o delegado, que lê alguns documentos e mexe no computador. A foto de Arthur aparece na tela.

O delegado nega com a cabeça. 

– Onde está você, meu filho? – Pergunta, saindo da delegacia e olhando para o céu. 

***

Bruna está de pé em sua sala, observando o mural, escrevendo algumas observações em um papel e com um alfinete, pregando no painel.

O telefone toca. Ela senta-se em sua cadeira, arruma os papéis e por fim, atende. 

– Delegacia de polícia. Pois não? – Indaga.

– Bom dia, delegada. Sou médico de uma clínica psiquiatra e temos uma paciente que foi identificada como Maíra. Mas insiste em se chamar Carla.

– Perdão. Eu não entendi!

– A nossa paciente diz que sabe quem matou Lana Albuquerque e que é a única testemunha. – Bruna fica surpresa, e continua a conversa em som inaudível. 

***

DIAS DEPOIS

Música: Sol de Paz – Strike.

Bruna está de pé em sua sala, mexendo em alguns livros. Ela pega três e se senta em sua cadeira. Enquanto folheia um livro, Guilherme adentra no local. 

– Meu amor, o que houve? Por que está assim?

– Nós precisamos ter uma conversa séria, Bruna.

– Não dê rodeios. Diga logo o que você quer!

– Eu pensei durante muito tempo na nossa relação. Nas coisas que aconteceram comigo, com você, com o Arthur...

– E qual conclusão você chegou?

– Que a melhor coisa a ser feita agora é a gente dar um tempo. Pelo menos até o inquérito ser finalizado e os responsáveis forem presos. – Diz Guilherme, deixando Bruna extremamente abalada.




novela escrita por
Isa Nota

personagens
Bruna
Guilherme
Lana
Rafaela
Dora
Maurício
Fernanda
Martha
Iolanda
Carlos Henrique
Beatriz
Roberto
Conrado
Olívio
Antonia
Arthur
Lara
Clarisse
Margot Alvarez
Carla
Eva
Alessandra
Rosa
Fausto

trilha sonora
Tensions Run High - Soundridemusic (abertura)
Sol de Paz – Strike

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

REALIZAÇÃO



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