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Estrada 34: Capítulo 19

Novela de Isa Nota
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CAPÍTULO 19



Música: Dia Especial – Cidadão Quem.

– Mas por que isso agora, Guilherme? Estávamos tão bem, construímos uma família... – Diz Bruna, com os olhos marejados.

– Eu sei de tudo isso, Bruna. E acredite. Não está sendo fácil pra mim! Mas entre você e o Arthur... Eu prefiro o meu filho.

– Então é verdade? Você vai me abandonar por causa de um crime que você nem eu cometemos! Qual o sentido disso? Me fazer sofrer? – Parou por um instante. Ambos se fitaram em silêncio. – Era esse seu plano, né? Me abandonar grávida como se nada tivesse acontecido! Passar uma borracha.

Guilherme, nervoso, dera um tapa no rosto de Bruna, que colocara sua mão sobre a área agredida, observando Guilherme.

– Perdão. Eu não quis...

– Eu podia te dar voz de prisão! – Interrompera Guilherme. – Bruto!

– Não distorça as coisas para se fazer de vítima, Bruna. Só preciso de um tempo!

– Quanto tempo? Um ano?

– O suficiente para finalizar o inquérito e o julgamento dos responsáveis.

– A gente pode resolver essa situação de outra maneira. Não precisa agir no extremo!

– É melhor assim, Bruna. – Pegara em sua mão e a beijara. – Não vai demorar, eu prometo! – Se entreolharam. Ambos se beijaram. Após alguns minutos, Guilherme saíra, batendo a porta, deixando Bruna chorando, aos prantos.

***

Noah, trajando seu jaleco branco caminha em um corredor, simpatizando com outros pacientes que aguardam atendimento. Ele para em um bebedouro, pega um copo plástico e enche o mesmo com a água. Ao tomar, percebe uma movimentação na entrada. Dois médicos movem uma maca com Giulia deitada, desacordada.

– O que houve – Pergunta, jogando o copo no lixo e observando a menina. – Cadê a mãe da criança?

– Foi um atropelamento. A menina foi socorrida ainda consciente, mas apontou para um homem. Os pedestres que viram disseram que foi uma tentativa de estupro. – O outro médico olhara para a menina, preocupado e saira levando a maca consigo.

– Essa menina é a mesma que eu tirei do carro daquela vez! Será que aquele homem teve coragem de... Não. Ele não seria capaz! Mas e a mãe dela? Por que não está aqui? Há uma hora dessas... Será que eu tenho o número dela? – Disse, pegando seu celular e procurando pelo número de contato. – Achei!

– Rafaela? – Pergunta Noah, apressado.

– Noah? Eu estou no carro, não posso atender agora! Vou buscar a Giulia e depois você...

– Presta atenção, Rafaela. A sua filha está aqui no hospital municipal. Não sei o que aconteceu, mas o quadro dela é grave. – Desliga. Na outra linha, Rafaela continua com o celular no ouvido, parada.

***

Maria Paula, trajando um belo vestido vermelho e utilizando óculos escuros abaixa o vidro do táxi. Observa algumas crianças venderem bala e artesanatos, quando enxerga Arthur descalço e sem camisa caminhar pela rua com um pacote de balas.

– Arthur? – Indaga a si mesma. – Moço, dê a volta e pare ali nas barracas, por favor.

– Como quiser. – O motorista aguarda o sinal abrir e dá a volta.

– Espere aqui, por favor. – Diz, saindo do carro.

Ela observa Arthur conversar com um homem e outras crianças. Espera Arthur se aproximar e agacha-se a sua altura.

– Arthur? O que está fazendo aqui? Tão sujo...

– Me tira daqui tia! Por favor! – Olha para o homem. Ele o encara. – Eu te imploro!

– Vem, vamos para o táxi... – Abre a porta. Arthur adentra assustado e Maria Paula vê o homem se aproximar do veículo. – Vamos! Rápido!

Dentro do táxi, Arthur passa a mão na janela. Maria Paula o observa, sem entender.

– Arthur. O que aconteceu? Cadê o seu pai?

– Não sei. Só lembro que fiquei um tempo trancado no sótão da sua casa... Um homem que ficava comigo. Tia, eu não quero voltar para lá não.

– Ela ainda teve coragem de fazer isso. – Se referia a Rachel. – Vou deixar você com uma pessoa e eu prometo resolver tudo, ok?

***

Bruna, ainda vermelha por conta do choro adentra na sala de espera de uma clínica psiquiatra. Aguarda a recepcionista terminar a ligação, movimentando-se pelo local.

– O que deseja, senhora? – Pergunta a recepcionista, com um belo sorriso.

– O doutor Félix me chamou para conversar sobre uma paciente.

– Sei quem é! Aguarda um instante, por favor. – Dissera, levando uma prancheta a sala do médico.

– Bruna Muniz? – Félix abrira a porta. – Entre, por gentileza.

– E então? Estranhei a sua ligação. A Carla foi dada como morta naquele acidente.

– Sim. Mas não é sobre isso que lhe chamei. Foi por outra coisa.

– Diga, então.

– Maíra Gouveia, como foi identificada no local do acidente, ficou em coma durante meses. Quando acordou, no entanto, falava nomes de pessoas específicas: Lana, Guilherme, Iolanda e Maria Paula. Depois, falou em uma data: 25 de maio de 2015. Mais tarde, seus desenhos indicavam uma faca grande, que poderia matar uma pessoa. E a resposta dela para todas nossas perguntas são “eu sei quem matou”. Por fim, um local: Estrada 34. Então pesquisei esse local e descobri que a data que ela diz coincide com o crime que tirou a vida de Lana Albuquerque, primeiro nome que ela disse após acordar.

– Você acha que ela seria capaz de prestar um depoimento? Antes do acidente, ela era uma suspeita. Agora, uma testemunha...

– Não, Bruna. Não quero que você aposte todas as fichas nessa mulher. Até porque, ela não fala lé com cré. Mas como médico, eu me assustei e pensei em chamar a polícia... Se tivesse feito isso provavelmente estaria impedindo a polícia de encontrar o assassino.

– Entendi. Será que posso conversar com ela?

– Claro! Só evite fazer perguntas demais, não é saudável para a paciente.

Bruna e Félix caminham pelo jardim na clínica e avistam Carla sentada, com uma flor em mãos, sorrindo. Bruna se aproxima.

– Carla? – Sorri. – Está me reconhecendo? Sou eu, Bruna. A delegada...

– Sim, reconheço. Você é linda, sabia?

– Obrigada! Mas eu preciso que me diga quem matou a Lana.

– Eu sei! – Começa a passar mal e em seguida, desmaia.

– É melhor você ir, Bruna. Outra hora conversa com a paciente. – Dissera Félix, pegando Carla no colo e a levando para o seu quarto.

***

Maria Paula está sentada em uma poltrona, na casa de uma vizinha. Ela disca oito dígitos e põe o celular no ouvido.

– Guilherme? – Pergunta, aliviada. – Sou eu, Maria Paula.

– O que você quer?

– Eu encontrei o Arthur. Ele está na casa ao lado da minha.

– E como ele está?

– A princípio bem, mas parece que foi sequestrado pela Rachel. – Ouvira a resposta de Guilherme. – A polícia já está a caminho, não se preocupe.

***

Fausto, trajando o uniforme de presidiário adentra em uma sala, com os pulsos algemados. Dora o aguarda de costas, com os braços cruzados. Ele senta-se na cadeira e Dora percebe, vira-se para o filho e o encara.

– De volta nesse buraco, seu imprestável?

– Como eu ia adivinhar que a menina ia ser esperta?

– Não quero saber. E pode esquecer que virei te visitar como fazia antes. Eu quero esquecer você. Esquecer aquela menina e a mãe dela. QUERO ESQUECER QUE UM DIA AMEI VOCÊ!

– É fácil criticar quando você não faz nada. Só pediu para fazer...

– Eu pedi sim. Participei sim. Mas eu não tenho nada a ver a forma como abordou a garota, o acidente dela, enfim. – Diz. Em seguida, fita o filho e aproxima-se da porta e começa a bater. – Ou! Abre essa porta!

– Mãe... – Fausto vira-se para Dora, que sai do local e sorri para o filho. – Adeus.

***

Noah observa Giulia, desacordada, por um vidro. Rafaela adentra no hospital e ao avistar Noah, corre até o médico.

– O que aconteceu com a minha filha?

– Foi um atropelamento. O motorista está ali, sentado, aguardando notícia. Disse que queria falar com você. – Rafaela fitara o motorista.

– E como ela está?

– Em coma leve. Como ela perdeu muito sangue, necessita de uma transfusão o mais rápido possível.

– E o que estão esperando? Eu posso doar!

– Você é jovem, é saudável, é mãe da paciente... Mas não é compatível.

– Não me diga que...

– Acredito que o pai tenha o tipo sanguíneo da menina.

– NÃO! NÃO PODE SER! Aquele marginal coloca a minha filha nesse estado e depois ela depende apenas dele?

– Se ela não receber a transfusão em quarenta e oito horas, o risco de morte se agrava. – Vira as horas em seu relógio. – Tenho uma consulta marcada. Mais tarde retorno. Com licença.

– Droga! – Diz Rafaela, observando a filha.

***

Guilherme e Maria Paula observam Bruna e outro policial levarem Rachel e Douglas algemados respectivamente até o carro da polícia. Bruna abre a porta de outro veículo da polícia e percebe a aproximação de Guilherme.

– Acho que a gente podia conversar. Esclarecer melhor as coisas, não?

– Não Guilherme. Você foi muito claro quando disse que poderíamos voltar depois do fim do julgamento. E pelo que vejo, não terminei nada. Passar bem. – Adentra no veículo e se retira.

***

Rafaela aguarda Fausto na sala de visita. O homem é levado algemado e observa a bela mulher. 

– Você aqui?

– Eu vou ser rápida e clara: você precisa concertar a burrada que fez.

– E o que eu fiz?

– Colocou a MINHA filha entre a vida e a morte. E adivinha? Só você pode salvá-la.

– Me esquece, Rafaela. Eu...

– Como eu queria. Por mim, nunca teria saído daqui. Mas faça isso por mim, eu te imploro! A Giulia é a única coisa que eu tenho na vida!

– Eu faço isso, mas depois não me procura mais, e JAMAIS fale algo sobre mim para a menina. – Sorriu com os lábios. – Mas como vou fazer isso, não é comigo.

– Isso não é problema. – Beijara a bochecha de Fausto. – Obrigada.

***

No dia seguinte, Fausto é levado por dois policiais ao hospital e é levado para uma sala, onde retira parte de seu sangue.

Ao término, Rafaela e Fausto se entreolham, mas antes de qualquer resposta, o homem é levado pelos policiais.

Bruna está sentada em uma cadeira, massageando sua barriga. Rafaela a observa e senta-se ao lado da irmã.

– Achei que eu conseguiria resolver um problema 14sem sua ajuda. Mas eu falhei. Coloquei a vida da minha filha em risco por uma teimosia.

– Como você ia imaginar que isso ia acontecer, hein? Não se condene!

– Mas é a verdade. Se eu tivesse te dito...

– O importante é que ela está bem. O Fausto já doou o sangue e agora é esperar a reação da Giulia. Ela vai ficar bem, eu tenho certeza. – Ambas se abraçam.

***

MESES DEPOIS

Bruna está de pé, trajando uma blusa larga, massageando sua barriga de nove meses, olhando para o mural. Ao seu lado está o investigador.

– Já estamos há bastante tempo sem nenhuma pista...

– Por um lado... – Bruna é interrompida por uma mulher, que adentra na sala. – Oi!

– Bom dia. Sou Sara de Souza, diretora da clínica, em que a paciente Maíra Gouveia está internada. Soube que ela seria uma peça nesse quebra-cabeça.

– Sim... Mas porque veio aqui? Nós ainda iremos recolher o depoimento da paciente.

– Infelizmente, ela foi diagnosticada com esquizofrenia ainda essa semana. Sinto muito, mas acreditar na palavra dela seria um tiro no próprio pé.

– Entendo. – Dissera Bruna, sem entender. – De qualquer forma, muito obrigada.

– Estarei à disposição sempre!

A mulher se retira da sala e na porta da delegacia, pega seu celular e disca alguns números.

– Pronto. A delegada acreditou em cada palavra que eu disse. Lhe garanto que ela não vai acreditar na Maira. Por enquanto, você está salva. – Desliga e sai do local.

***

Guilherme está parado na porta, fitando Bruna segurando a barriga e olhando para a janela. O investigador passa por Guilherme, fazendo com que Bruna perceba a presença do homem.

– Bruna. Posso falar com você?

– Não. – Virou-se para ele. – Estou trabalhando, não está vendo?

– Sim. Mas eu pensei que...

– Pensou errado! Agora sai daqui e depois nos falamos. – Encarou-o. – ANDA!

Guilherme baixa a cabeça e se retira. Bruna o observa entristecido e lembra dos momentos que estiveram juntos.

De repente, ela sente uma dor e senta-se em sua cadeira, respirando fundo. Percebe um líquido descendo por suas pernas.

– A bolsa... – Diz, sorrindo.

***

Giulia está deitada em sua cama, assistindo televisão. Rafaela leva uma bandeja com frutas para a filha, que come lentamente. A campainha toca e Rafaela atende.

– Noah?

– Eu trouxe um presente para aquela menina ali. – Aponta para Giulia.

– Só você mesmo! – Ri. – Filha, o Noah trouxe um presente pra você.

– Obrigada. – Giulia caminha até a porta, abraça Noah e abre o pacote. – Adorei!

Noah e Rafaela se entreolharam e o médico aproxima-se de seus lábios e a beija. Ela corresponde.

***

Nos Estados Unidos, Vivian está sentada em uma poltrona de um hotel e troca o canal simultaneamente, quando percebe sua foto em um deles. Aumenta o volume e descobre que a criança que atropelara morrera há poucas horas.

– E agora? Se eles descobrirem...

***

Bruna está no carro, contorcendo-se de dor, ao lado do investigador. Ela liga para Guilherme, que não atende.

– Droga! – Massageia a barriga. – Não vai ter jeito. Vai nascer sem o pai...

***

No hospital, Bruna está com a roupa do hospital e uma touca na cabeça. Uma enfermeira limpa seu suor enquanto segura na mão de outra enfermeira.

– Vamos, Bruna! Só mais um pouquinho!

Bruna grita. Ouve o choro da criança e deita na maca, aliviada.

– É um menino lindo! – Diz uma enfermeira, colocando a criança em seus braços.

***

Rafaela está no hospital, ao lado de Giulia e Noah. Ela liga para Guilherme pela terceira vez, até que ele atende.

– Rafaela, se for para falar sobre a Bruna...

– A criança nasceu, Guilherme... – Antes de terminar, Guilherme desliga. – Grosso!

***

Bruna está deitada na cama, segurando a criança, que mama em seu peito. Guilherme adentra no local nervoso. A enfermeira pede silêncio e sai do quarto, deixando os dois a sós.

– O que significa isso? Você não me avisou! Me prometeu que avisaria quando a criança nascesse!

– Terminou? – Encara Guilherme, que assente com a cabeça. – Se você não percebeu, liguei duas vezes para você e as duas você me ignorou. A Rafaela te ligou três vezes e só na última tentativa atendeu! Seu filho não poderia esperar mais tempo para você se dar conta de que era algo mais sério, não é?

– E o nome? Já escolheu?

– Não. Ao contrário de você, me importo com os outros. Mas eu queria homenagear os dois homens mais importantes da minha vida. João, meu pai, era uma pessoa maravilhosa, não fazia mal a uma mosca. E você, o pai dele. Apesar de tudo, é um homem bom, responsável e amável. Então, eu pensei em juntar os dois nomes e ficar João Guilherme.

– Lindo nome!

***

MESES DEPOIS

Nos Estados Unidos, uma imensidão de pessoas cerca um prédio de aproximadamente trinta andares. Eles olham para cima, onde Vivian se encontra trajando uma camisola. Ela escreve uma carta e chora.

– Eu morro, mas não vou presa! Não vou! – Diz, olhando para baixo.

                        ***           

Bruna está na delegacia, balançando e cantando uma música de ninar para o filho. Assim que ele dorme, põe ele em um berço móvel e senta-se em sua cadeira, analisando as gravações do dia do assassinato.

– Esse material é novo? Não lembro dele!

– Fizeram uma limpa nas câmeras e vieram novas gravações. Algumas são deletadas, outras somem... A princípio é para tudo estar aí... Inclusive o assassino. – Diz o investigador.

Bruna escreve algumas coisas em algum papel quando vê a cena do crime. Ela aproxima-se do investigador, que está ao lado do mural e tira a foto de duas mulheres, sobrando apenas uma.

– Devíamos ter esse material desde o início! Descobrimos! O mistério acabou! – Diz Bruna, rasgando as outras duas imagens e colocando no lixo.

  


novela escrita por
Isa Nota

personagens
Bruna
Guilherme
Lana
Rafaela
Dora
Maurício
Fernanda
Martha
Iolanda
Carlos Henrique
Beatriz
Roberto
Conrado
Olívio
Antonia
Arthur
Lara
Clarisse
Margot Alvarez
Carla
Eva
Alessandra
Rosa
Fausto

trilha sonora
Tensions Run High - Soundridemusic (abertura)
Dia Especial – Cidadão Quem

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

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