CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR:
Pérola fica morrendo de raiva, pega o primeiro vaso que está na sua frente.
Sérgio: O que é isso princesa? Vamos conversar como duas pessoas civilizadas.
Pérola (chorando): Você acabou com a minha vida! Eu te odeio!
Ele a puxa pro seu lado.
Sérgio: Não me odeia. Eu sei que não.
Pérola espatifa o vaso na cabeça de Sérgio, que cai desmaiado.
Pérola: Meu Deus! Eu o matei!
Julio chega e encontra o irmão estirado no chão.
Julio: O que aconteceu aqui?
Pérola (chorando): Ele tentou me agarrar de novo, eu o matei Julio! Matei!
CENA 01 – APARTAMENTO JULIO / SALA / INT. / DIA.
Continuação do capítulo anterior. Julio assustado examina o irmão.
Julio: Ele não está morto, só desmaiado.
Pérola: É mesmo?
Julio: Sim, e olha só, está se mexendo. Vá pro quarto Pérola, me deixe aqui conversando com ele.
CENA 02 – CASA VITÓRIA / SALA / INT. / DIA.
Vitória está triste no sofá. Alicia entra.
Alicia: O Tito me convenceu mamãe. Eu vou dizer o endereço do Julio pra senhora.
Vitória abraça a filha.
Vitória: Muito obrigada, meu anjo, muito obrigada. Eu vou lá agora mesmo, vou conversar com o meu filho... O meu Julio!
CENA 03 – APARTAMENTO JULIO / SALA / INT. / DIA.
Julio ajuda Sérgio a se acomodar no sofá.
Julio (sério): O que está fazendo aqui?
Sérgio: Sua esposa é uma louca! Quase que me racha a cabeça com esse vaso.
Julio puxa o irmão pelo colarinho da camisa.
Julio: Isso é pra você aprender a não se meter com a minha mulher! O que você quer agora? Quer destruir mais o que? Você acabou com a nossa vida!
Sérgio (rindo/ irônico): Nossa meu irmão! Como você está nervosinho!
Julio: Deixa de ser cínico e diz o que veio fazer aqui? Veio tentar violentar a Pérola de novo?
Sérgio: Não. Não que eu não quisesse ter essa preciosidade novamente, mas eu só vim saber do meu filho, ou quem sabe filha!
CENA 04 – CENTRO DO MÉXICO / AGÊNCIA / EXT. / DIA.
Carro de Afonso parado na calçada.
Paulo:
Valeu a carona aí pai! E Aí pirralho? Ta se sentindo
melhor?
Um garoto,
11 anos, moreno está sentado ao lado de Paulo.
Felipe: Sim, foi só uma crise.
Paulo: Você e suas crises de asma.
Os três descem do carro. As ciganas Dalila, Turquesa e a pequena Luana se aproximam.
Paulo: Olha quem vem ali pai, as aproveitadoras das ciganas.
Dalila: Aproveitadoras? Deixa de ser imbecil garoto!
Turquesa: Filha, por favor! Senhor, nós só queríamos uma informação. É que minha menina está doente e/
Paulo: Eu não disse pai, já vai te pedir grana.
Afonso: Paulo, tenha respeito!
Paulo: Olha só a menininha, se fingindo de doente pra ajudar as malandragens da mãe... Malandrinha!
Dalila: Fingindo? Acorda pra vida seu idiota, minha irmã está morrendo.
Afonso: O que sua filha tem?
Turquesa: É um problema de rim. Ela precisa ser operada. Um doutor me deu o endereço da casa dele, mas eu estou perdida aqui nessa cidade tão grande! Aqui está o endereço.
Afonso: Não se preocupe, eu levo a senhora e suas filhas até esse endereço.
Turquesa: O senhor sabe onde é?
Afonso: É a casa do amigo do meu cunhado, melhor, ex-amigo. O Julio.
Turquesa: Sim, é isso mesmo. Eu fico muito agradecida, senhor.
Paulo: Pai, o senhor vai levar essas ciganas imundas no seu carro?
Afonso: Paulo, não me encha a paciência, o perdoe senhora, por favor. É um rebelde que não conhece nada da vida, está sendo ridículo!
Paulo: Felipe pega os meus CDs lá no carro, sabe se lá se quando eu voltar eles estarão no mesmo lugar.
Dalila parte pra cima de Paulo e o derruba, Turquesa a segura.
Dalila (chorando): Pra você ficar sabendo que somos ciganas e não ladras!
Turquesa: Que vergonha! Perdoe a minha filha, senhor.
Afonso: Ele está merecendo sim uns bons tapas. Vamos, eu levo vocês.
Turquesa põe Luana no carro, Felipe olha pra garotinha e sorri.
CENA 05 – APARTAMENTO JULIO / SALA / INT. / DIA.
Começa a chover forte.
Julio: Que filho? Você está ficando louco?
Sérgio: Ela me disse que está grávida, que vai ter um bebê meu.
Julio: A Pérola te disse isso? E quem te garante que o filho é seu, ela é minha mulher e/
Sérgio (pensando e rindo): Ele caiu direitinho, então a Pérola está mesmo grávida.
Julio: Vamos conversar no escritório, não quero que a Pérola nos escute!
CENA 06 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / INT. / DIA.
Julio: Eu e a Pérola somos casados e o filho que ela terá é meu.
Sérgio: Não, a Pérola mesmo me disse que é meu. Você está com medo irmão? Está com medo que ela tenha uma menina e eu fique com toda a herança.
Julio: Não, eu não tenho medo disso. Você sabe bem as condições. Uma menina, fruto de um casamento e você não é casado com ela e eu sim.
Sérgio: Mas eles vão fazer exames de paternidade seu, panaca. Se você não for o pai não ganha nada.
Julio: Nem eu, nem você.
Sérgio: Você se casou com a Pérola só pra usá-la como reprodutora não é? Pra que ela desse a você a tão esperada filha, a criança que iria te deixar milionário, a maldita criança que nosso pai pediu no testamento, a filha de ouro que ia te deixar rico, dono de todo o dinheiro que sobrou!
Sérgio: Você se casou com a Pérola só por causa da herança não é?
Julio: Mas é claro, você acha que eu me casaria com uma cigana ignorante e suja?
Corta para.
CENA 07 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / EXT. / DIA.
Pérola está a espreita na porta. Chora, perde as forças e se senta no chão.
Pérola: Eu não acredito... Ele nunca me amou! Nunca! Uma cigana ignorante e suja, ele tem nojo de mim.
Corta para.
CENA 08 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / INT. / DIA.
Sérgio: Nossa quem te conhece que te compre. Uma menina tão bonita assim/
Julio: Bonita sim, é isso o que mais me chamou a atenção, por isso que eu fiquei louco por ela. Mas se não fosse pela herança nunca me casaria com ela, apenas a levaria pra cama e sumiria.
Corta para.
CENA 09 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / EXT. / DIA.
Pérola chorando angustiada.
Pérola: Eu não aguento tanta dor meu Deus! Eu não posso ficar aqui nem mais um minuto. Eu odeio esse homem, eu odeio!
Pérola se levanta e vai embora transtornada.
CENA 10 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / INT. / DIA.
Sérgio: Vai me dizer que queria me matar à toa? Quem fala como você que não ama e que se casou só por interesse, se saiu muito bem interpretando o marido louco de ciúmes.
Julio: Mas quem falou que eu não a amo? Quem te disse que eu não sinto ciúmes dela?
Sérgio: Você acabou de me dizer!
Julio: Sim, isso é o que eu sentia antes, mas eu aprendi a vê-la com outros olhos. Eu sentia apenas desejo e vontade de ficar rico com a filha que ela pudesse me dar. Mas a Pérola me ensinou muito, me fascinou sua inocência, seu carisma, ignorante sim e me fez rir muito dessa ignorância. Mas a cada dia ela vem aprendendo a se comportar, é muito inteligente. Carinhosa, muito carinhosa.
Julio vai se recordando de momentos bons que passou com Pérola.
Julio: Ela faz de tudo pra me agradar, me diz que me ama mais que sua própria vida. Pérola me deu uma paz espiritual que eu nunca senti antes e as vezes eu me pergunto se mereço um anjo desses na minha vida, justo eu que já errei tanto, que sempre fui um mulherengo e egoísta.
Sérgio bate palmas com ironia.
Sérgio: Falou bonito meu irmão, mas eu não acredito em nada.
Julio: Fique com essa desgraça de herança toda pra você. Se for pra você sumir e nunca mais importunar a Pérola eu renuncio tudo.
Sérgio: Pois bem, se a Pérola tiver uma filhinha, nem pense em ir reclamar sua herança.
Julio: Saia agora, por favor.
Sérgio sai e Julio vai imediatamente atrás de Pérola no quarto...
CENA 11 – CONDOMÍNIO / CORREDOR APARTAMENTO JULIO / INT. / DIA.
A porta do apartamento se abre e Sérgio caminha em direção as escadas que dão acesso ao térreo do prédio. Vitória surge ali já vindo no sentido oposto. Os dois se encaram. Ela se emociona.
Vitória: Sérgio... Meu filho?!
Sérgio se recorda.
FLASHBACK,
Vitória, Franco e Sérgio (ainda criança).
Vitória: Franco, eu já não sei mais o que faço com esse moleque, Sérgio está muito levado, faz cada coisa que/
Franco (rindo): Deixe-o se divertir Vitória, ele é um menino ainda. Deixa aproveitar bem sua infância.
Vitória: Filho vem aqui Sérgio! Olha só como é desobediente!
FIM DO FLASHBACK,
Sérgio (pensando): Meu Deus é a minha mãe. (FALA) A senhora está louca? Não é minha mãe.
Vitória: Não se lembra mais de mim, Sérgio? Sou eu Vitória sua mãe.
Vitória vai abraçá-lo, Sérgio se desvia e sem querer esbarra em Vitória que se desequilibra e cai rolando pelas escadas.
Vitória está desacordada.
Sérgio: Meu Deus eu a matei!
Ele corre e olha pra mulher que está com um machucado na cabeça.
Sérgio: Será que ela é minha mãe mesmo? Não, não deve ser, mas se parece tanto. É melhor eu sumir daqui, antes que alguém me recrimine.
CENA 12 – APARTAMENTO JULIO / INT./ DIA.
Julio procura a esposa.
Julio: Pérola, ele já foi. Pérola? Onde você está?
Julio olha por todos os lados e não a vê. Desespera-se.
Julio: Meu Deus será que a Pérola me ouviu? Será que ela ouviu todas aquelas barbaridades que eu disse? Eu tenho que procurá-la. Tenho que achar a minha Pérola.
Julio sai correndo. Assusta-se ao ver uma mulher caída no final das escadas.
CENA 13 – CARRO DE AFONSO / INT. / DIA.
Afonso observa Dalila e Luana. Em sua mente vem uma recordação.
FLASHBACK,
Niurka: Cristian tem tantas ciganas bonitas por aqui, que sonham em ser sua prometida, e você as ignora, as ignora por Cristine!
Cristian: Tia, Niurka... Eu gosto da Cristine, nada vai me fazer mudar. É o meu destino!
FIM DO FLASHBACK,
Afonso (pensa): Quem será aquela cigana, por que me chamava de Cristian? Será que isso é o meu passado? Será que os ciganos fazem parte do meu passado? (fala) Niurka, tia Niurka!
Dalila: O senhor conhece a tia Niurka?
Afonso: Tia Niurka? Você tem uma tia que se chama assim?
CENA 14 – CONDOMÍNIO / CORREDOR APARTAMENTO JULIO / INT. / DIA.
Julio reconhece Vitória.
Julio: É a mãe da Alicia, o que será que veio fazer aqui?
Turquesa chega ali.
Turquesa: Doutor...
Julio: Turquesa... Eu não posso lhe atender agora porque tenho que levar essa mulher pro hospital.
Turquesa: O que será que houve com ela?
Julio: Deve ter caído das escadas! Só não entendo o que ela veio fazer aqui!
Turquesa: Eu ajudo o senhor.
Julio: Não, é melhor não mexer nela. Vou chamar uma ambulância. Aproveito e já levo você e sua filha pro hospital.
CENA 15 – CARRO DE AFONSO / INT. / DIA.
Dalila: Ela não é minha tia. Mas, nós a chamamos assim não é Luana?
Luana: Todo mundo a chama assim.
Dalila: Ela é uma grande mulher e a cigana toda poderosa. Ela sim vê com exatidão o destino das pessoas. Sabe tudinho o que vai acontecer. O senhor a conhece? Ela já leu sua mão não é, só pode.
Turquesa chega nervosa.
Turquesa: Tem uma mulher que sofreu um acidente e o doutor vai levá-la ao hospital.
Afonso: Então deixa que eu leve vocês até o hospital também.
Felipe segura a mão de Luana.
Felipe: Você vai ver como vai melhorar logo.
CENA 16 – CENTRO DO MÉXICO / EXT. / DIA.
FADE IN: El Perdedor - Enrique Iglesias ft. Marco Antonio Solís
Começa a cair uma forte chuva na cidade. Pérola caminha lentamente e se recorda das palavras de Julio.
FLASHBACK,
Julio: Você acha que eu me casaria com uma cigana ignorante e suja? Se não fosse pela herança nunca me casaria com ela, apenas a levaria pra cama e sumiria. Uma cigana ignorante e suja... Ignorante e suja!
FIM DO FLASHBACK,
Pérola: Eu nunca mais quero te ver, nunca mais. Nunca mais!
Pérola não presta a atenção em nada, sofre demais. Afonso vem dirigindo e conversando com seu filho.
Felipe: Coitadinha daquela menininha. Ela está mais doente que eu, não é pai?
Afonso (ri): Mas pode ter certeza que tanto você como ela vão se recuperar e crescer com saúde. Eu vi como você ficou entusiasmado com ela. É bem bonitinha não?
Felipe: Que é isso pai? Eu queria ter uma amiga como ela, eu não tenho amigos.
Afonso olha penalizado e acaricia o rosto do filho.
Afonso: Você é um menino bom e eu sou seu amigo.
Felipe (grita): Cuidado pai! Uma moça!
Afonso olha espantado e freia o carro, a moça cai no chão. Afonso desce do carro, nem se importando com a chuva e corre até ela. Surpreende-se.
Afonso: Pérola?
FADE OUT: El Perdedor - Enrique Iglesias ft. Marco Antonio Solís
CENA 17 – HOSPITAL REGIONAL / RECEPÇÃO / INT. / DIA.
Alicia chega acompanhada de Tito.
Alicia: O que aconteceu com a minha mãe?
Julio: Ela caiu das escadas. Sofreu uma pancada muito forte na cabeça.
Alicia (chorando): Ela vai morrer?
Julio: Não, mas terá que ficar em observação. Infelizmente não está reagindo. Eu lamento, Alicia.
Tito abraça Alicia.
Tito: Você tem que ser forte.
Ela se desespera e grita descontrolada.
Alicia: A culpa é toda sua Julio! Você é o culpado do acidente da nossa mãe!
Julio se surpreende com a revelação.
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