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A Prometida: Capítulo 14

novela de Francyslaine Vicentini
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A PROMETIDA - CAPÍTULO 14
 

CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR:


Pérola fica morrendo de raiva, pega o primeiro vaso que está na sua frente.

Sérgio: O que é isso princesa? Vamos conversar como duas pessoas civilizadas.

Pérola (chorando): Você acabou com a minha vida! Eu te odeio!

Ele a puxa pro seu lado.

Sérgio: Não me odeia. Eu sei que não.

Pérola espatifa o vaso na cabeça de Sérgio, que cai desmaiado.

Pérola: Meu Deus! Eu o matei!

Julio chega e encontra o irmão estirado no chão.

Julio: O que aconteceu aqui?

Pérola (chorando): Ele tentou me agarrar de novo, eu o matei Julio! Matei!


       

CENA 01 – APARTAMENTO JULIO / SALA / INT. / DIA. 

Continuação do capítulo anterior. Julio assustado examina o irmão.

Julio: Ele não está morto, só desmaiado.

Pérola: É mesmo?

Julio: Sim, e olha só, está se mexendo. Vá pro quarto Pérola, me deixe aqui conversando com ele.

CENA 02 – CASA VITÓRIA / SALA / INT. / DIA.

Vitória está triste no sofá. Alicia entra.

Alicia: O Tito me convenceu mamãe. Eu vou dizer o endereço do Julio pra senhora.

Vitória abraça a filha.

Vitória: Muito obrigada, meu anjo, muito obrigada. Eu vou lá agora mesmo, vou conversar com o meu filho... O meu Julio!

CENA 03 – APARTAMENTO JULIO / SALA / INT. / DIA.

Julio ajuda Sérgio a se acomodar no sofá.

Julio (sério): O que está fazendo aqui?

Sérgio: Sua esposa é uma louca! Quase que me racha a cabeça com esse vaso.

Julio puxa o irmão pelo colarinho da camisa.

Julio: Isso é pra você aprender a não se meter com a minha mulher! O que você quer agora? Quer destruir mais o que? Você acabou com a nossa vida!

Sérgio (rindo/ irônico): Nossa meu irmão! Como você está nervosinho!

Julio: Deixa de ser cínico e diz o que veio fazer aqui? Veio tentar violentar a Pérola de novo?

Sérgio: Não. Não que eu não quisesse ter essa preciosidade novamente, mas eu só vim saber do meu filho, ou quem sabe filha!

CENA 04 – CENTRO DO MÉXICO / AGÊNCIA / EXT. / DIA.

Carro de Afonso parado na calçada.

Paulo: Valeu a carona aí pai! E Aí pirralho? Ta se sentindo melhor?

Um garoto, 11 anos, moreno está sentado ao lado de Paulo.

Felipe: Sim, foi só uma crise.

Paulo: Você e suas crises de asma.

Os três descem do carro. As ciganas Dalila, Turquesa e a pequena Luana se aproximam.

Paulo: Olha quem vem ali pai, as aproveitadoras das ciganas.

Dalila: Aproveitadoras? Deixa de ser imbecil garoto!

Turquesa: Filha, por favor! Senhor, nós só queríamos uma informação. É que minha menina está doente e/

Paulo: Eu não disse pai, já vai te pedir grana.

Afonso: Paulo, tenha respeito!

Paulo: Olha só a menininha, se fingindo de doente pra ajudar as malandragens da mãe... Malandrinha!

Dalila: Fingindo? Acorda pra vida seu idiota, minha irmã está morrendo.

Afonso: O que sua filha tem?

Turquesa: É um problema de rim. Ela precisa ser operada. Um doutor me deu o endereço da casa dele, mas eu estou perdida aqui nessa cidade tão grande! Aqui está o endereço.

Afonso: Não se preocupe, eu levo a senhora e suas filhas até esse endereço.

Turquesa: O senhor sabe onde é?

Afonso: É a casa do amigo do meu cunhado, melhor, ex-amigo. O Julio.

Turquesa: Sim, é isso mesmo. Eu fico muito agradecida, senhor.

Paulo: Pai, o senhor vai levar essas ciganas imundas no seu carro?

Afonso: Paulo, não me encha a paciência, o perdoe senhora, por favor. É um rebelde que não conhece nada da vida, está sendo ridículo!

Paulo: Felipe pega os meus CDs lá no carro, sabe se lá se quando eu voltar eles estarão no mesmo lugar.

Dalila parte pra cima de Paulo e o derruba, Turquesa a segura.

Dalila (chorando): Pra você ficar sabendo que somos ciganas e não ladras!

Turquesa: Que vergonha! Perdoe a minha filha, senhor.

Afonso: Ele está merecendo sim uns bons tapas. Vamos, eu levo vocês.

Turquesa põe Luana no carro, Felipe olha pra garotinha e sorri.

CENA 05 – APARTAMENTO JULIO / SALA / INT. / DIA.

Começa a chover forte.

Julio: Que filho? Você está ficando louco?

Sérgio: Ela me disse que está grávida, que vai ter um bebê meu.

Julio: A Pérola te disse isso? E quem te garante que o filho é seu, ela é minha mulher e/

Sérgio (pensando e rindo): Ele caiu direitinho, então a Pérola está mesmo grávida.

Julio: Vamos conversar no escritório, não quero que a Pérola nos escute!

CENA 06 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / INT. / DIA.

Julio: Eu e a Pérola somos casados e o filho que ela terá é meu.

Sérgio: Não, a Pérola mesmo me disse que é meu. Você está com medo irmão? Está com medo que ela tenha uma menina e eu fique com toda a herança.

Julio: Não, eu não tenho medo disso. Você sabe bem as condições. Uma menina, fruto de um casamento e você não é casado com ela e eu sim.

Sérgio: Mas eles vão fazer exames de paternidade seu, panaca. Se você não for o pai não ganha nada.

Julio: Nem eu, nem você.

Sérgio: Você se casou com a Pérola só pra usá-la como reprodutora não é? Pra que ela desse a você a tão esperada filha, a criança que iria te deixar milionário, a maldita criança que nosso pai pediu no testamento, a filha de ouro que ia te deixar rico, dono de todo o dinheiro que sobrou!

Sérgio: Você se casou com a Pérola só por causa da herança não é?

Julio: Mas é claro, você acha que eu me casaria com uma cigana ignorante e suja?

Corta para.

CENA 07 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / EXT. / DIA.

Pérola está a espreita na porta. Chora, perde as forças e se senta no chão.

Pérola: Eu não acredito... Ele nunca me amou! Nunca! Uma cigana ignorante e suja, ele tem nojo de mim.

Corta para.

CENA 08 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / INT. / DIA.

Sérgio: Nossa quem te conhece que te compre. Uma menina tão bonita assim/

Julio: Bonita sim, é isso o que mais me chamou a atenção, por isso que eu fiquei louco por ela. Mas se não fosse pela herança nunca me casaria com ela, apenas a levaria pra cama e sumiria.

Corta para.

CENA 09 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / EXT. / DIA.

Pérola chorando angustiada.

Pérola: Eu não aguento tanta dor meu Deus! Eu não posso ficar aqui nem mais um minuto. Eu odeio esse homem, eu odeio!

Pérola se levanta e vai embora transtornada.

CENA 10 – APARTAMENTO JULIO / ESCRITÓRIO / INT. / DIA.

Sérgio: Vai me dizer que queria me matar à toa? Quem fala como você que não ama e que se casou só por interesse, se saiu muito bem interpretando o marido louco de ciúmes.

Julio: Mas quem falou que eu não a amo? Quem te disse que eu não sinto ciúmes dela?

Sérgio: Você acabou de me dizer!

Julio: Sim, isso é o que eu sentia antes, mas eu aprendi a vê-la com outros olhos. Eu sentia apenas desejo e vontade de ficar rico com a filha que ela pudesse me dar. Mas a Pérola me ensinou muito, me fascinou sua inocência, seu carisma, ignorante sim e me fez rir muito dessa ignorância. Mas a cada dia ela vem aprendendo a se comportar, é muito inteligente. Carinhosa, muito carinhosa.

Julio vai se recordando de momentos bons que passou com Pérola.

Julio: Ela faz de tudo pra me agradar, me diz que me ama mais que sua própria vida. Pérola me deu uma paz espiritual que eu nunca senti antes e as vezes eu me pergunto se mereço um anjo desses na minha vida, justo eu que já errei tanto, que sempre fui um mulherengo e egoísta.

Sérgio bate palmas com ironia.

Sérgio: Falou bonito meu irmão, mas eu não acredito em nada.

Julio: Fique com essa desgraça de herança toda pra você. Se for pra você sumir e nunca mais importunar a Pérola eu renuncio tudo.

Sérgio: Pois bem, se a Pérola tiver uma filhinha, nem pense em ir reclamar sua herança.

Julio: Saia agora, por favor.

Sérgio sai e Julio vai imediatamente atrás de Pérola no quarto...

CENA 11 – CONDOMÍNIO / CORREDOR APARTAMENTO JULIO / INT. / DIA.

A porta do apartamento se abre e Sérgio caminha em direção as escadas que dão acesso ao térreo do prédio. Vitória surge ali já vindo no sentido oposto. Os dois se encaram. Ela se emociona.

Vitória: Sérgio... Meu filho?!

Sérgio se recorda.

FLASHBACK,

Vitória, Franco e Sérgio (ainda criança).

Vitória: Franco, eu já não sei mais o que faço com esse moleque, Sérgio está muito levado, faz cada coisa que/

Franco (rindo): Deixe-o se divertir Vitória, ele é um menino ainda. Deixa aproveitar bem sua infância.

Vitória: Filho vem aqui Sérgio! Olha só como é desobediente!

FIM DO FLASHBACK,

Sérgio (pensando): Meu Deus é a minha mãe. (FALA) A senhora está louca? Não é minha mãe.

Vitória: Não se lembra mais de mim, Sérgio? Sou eu Vitória sua mãe.

Vitória vai abraçá-lo, Sérgio se desvia e sem querer esbarra em Vitória que se desequilibra e cai rolando pelas escadas.

Vitória está desacordada.

Sérgio: Meu Deus eu a matei!

Ele corre e olha pra mulher que está com um machucado na cabeça.

Sérgio: Será que ela é minha mãe mesmo? Não, não deve ser, mas se parece tanto. É melhor eu sumir daqui, antes que alguém me recrimine.

CENA 12 – APARTAMENTO JULIO / INT./ DIA.

Julio procura a esposa.

Julio: Pérola, ele já foi. Pérola? Onde você está?

Julio olha por todos os lados e não a vê. Desespera-se.

Julio: Meu Deus será que a Pérola me ouviu? Será que ela ouviu todas aquelas barbaridades que eu disse? Eu tenho que procurá-la. Tenho que achar a minha Pérola. 

Julio sai correndo. Assusta-se ao ver uma mulher caída no final das escadas.

CENA 13 – CARRO DE AFONSO / INT. / DIA.

Afonso observa Dalila e Luana. Em sua mente vem uma recordação.

FLASHBACK,

Niurka: Cristian tem tantas ciganas bonitas por aqui, que sonham em ser sua prometida, e você as ignora, as ignora por Cristine!

Cristian: Tia, Niurka... Eu gosto da Cristine, nada vai me fazer mudar. É o meu destino!

FIM DO FLASHBACK,

Afonso (pensa): Quem será aquela cigana, por que me chamava de Cristian? Será que isso é o meu passado? Será que os ciganos fazem parte do meu passado? (fala) Niurka, tia Niurka!

Dalila: O senhor conhece a tia Niurka?

Afonso: Tia Niurka? Você tem uma tia que se chama assim?

CENA 14 – CONDOMÍNIO / CORREDOR APARTAMENTO JULIO / INT. / DIA.

Julio reconhece Vitória.

Julio: É a mãe da Alicia, o que será que veio fazer aqui?

Turquesa chega ali.

Turquesa: Doutor...

Julio: Turquesa... Eu não posso lhe atender agora porque tenho que levar essa mulher pro hospital.

Turquesa: O que será que houve com ela?

Julio: Deve ter caído das escadas! Só não entendo o que ela veio fazer aqui!

Turquesa: Eu ajudo o senhor.

Julio: Não, é melhor não mexer nela. Vou chamar uma ambulância. Aproveito e já levo você e sua filha pro hospital.

CENA 15 – CARRO DE AFONSO / INT. / DIA.

Dalila: Ela não é minha tia. Mas, nós a chamamos assim não é Luana?

Luana: Todo mundo a chama assim.

Dalila: Ela é uma grande mulher e a cigana toda poderosa. Ela sim vê com exatidão o destino das pessoas. Sabe tudinho o que vai acontecer. O senhor a conhece? Ela já leu sua mão não é, só pode.

Turquesa chega nervosa.

Turquesa: Tem uma mulher que sofreu um acidente e o doutor vai levá-la ao hospital.

Afonso: Então deixa que eu leve vocês até o hospital também.

Felipe segura a mão de Luana.

Felipe: Você vai ver como vai melhorar logo.

CENA 16 – CENTRO DO MÉXICO / EXT. / DIA.

FADE IN: El Perdedor - Enrique Iglesias ft. Marco Antonio Solís

Começa a cair uma forte chuva na cidade. Pérola caminha lentamente e se recorda das palavras de Julio.

FLASHBACK,

Julio: Você acha que eu me casaria com uma cigana ignorante e suja? Se não fosse pela herança nunca me casaria com ela, apenas a levaria pra cama e sumiria. Uma cigana ignorante e suja... Ignorante e suja!

FIM DO FLASHBACK,

Pérola: Eu nunca mais quero te ver, nunca mais. Nunca mais!

Pérola não presta a atenção em nada, sofre demais. Afonso vem dirigindo e conversando com seu filho.

Felipe: Coitadinha daquela menininha. Ela está mais doente que eu, não é pai?

Afonso (ri): Mas pode ter certeza que tanto você como ela vão se recuperar e crescer com saúde. Eu vi como você ficou entusiasmado com ela. É bem bonitinha não?

Felipe: Que é isso pai? Eu queria ter uma amiga como ela, eu não tenho amigos.

Afonso olha penalizado e acaricia o rosto do filho.

Afonso: Você é um menino bom e eu sou seu amigo.

Felipe (grita): Cuidado pai! Uma moça!

Afonso olha espantado e freia o carro, a moça cai no chão. Afonso desce do carro, nem se importando com a chuva e corre até ela. Surpreende-se.

Afonso: Pérola?

FADE OUT: El Perdedor - Enrique Iglesias ft. Marco Antonio Solís

CENA 17 – HOSPITAL REGIONAL / RECEPÇÃO / INT. / DIA.

Alicia chega acompanhada de Tito.

Alicia: O que aconteceu com a minha mãe?

Julio: Ela caiu das escadas. Sofreu uma pancada muito forte na cabeça.

Alicia (chorando): Ela vai morrer?

Julio: Não, mas terá que ficar em observação. Infelizmente não está reagindo. Eu lamento, Alicia.

Tito abraça Alicia.

Tito: Você tem que ser forte.

Ela se desespera e grita descontrolada.

Alicia: A culpa é toda sua Julio! Você é o culpado do acidente da nossa mãe!

Julio se surpreende com a revelação.

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