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Antologia A Magia do Natal: 6x07 - A Casinha Vermelha (Season Premiere)

Conto de Jacqueline Quinhões da Luz
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Sinopse: Todos os dias chegavam muitos envelopes na casinha vermelha. Uma pequena casa, onde morava um senhor gordinho de longas barbas brancas e olhar simpático. Uma casa, um velhinho, movimentos curiosos e... a época do Natal. Elementos perfeitos para uma investigação, foi o que pensou Daniel. Uma investigação de Natal.

6x07 - A Casinha Vermelha
de Jacqueline Quinhões da Luz

                Todos  os dias chegavam muitos envelopes na casinha vermelha. Uma pequena casa, onde morava um senhor gordinho de longas barbas brancas e olhar simpático.

                Daniel sempre ficava na janela neste horário, ele esperava cartas de sua vó que morava longe e ficava curioso com a quantidade de envelopes que eram colocados naquela pequena caixinha, parecia que não iam caber, mas o carteiro sempre dava um jeitinho. Aquele senhor deveria conhecer muitas pessoas e ser muito querido para receber tantas correspondências. Chegou a comentar com sua mãe, porém ela mal ouviu e o advertiu que era muito feio cuidar da vida dos outros.

                Tinham se mudado para aquele endereço a pouco tempo, antes moravam com a vó no interior, e haviam combinado de se manterem próximos por meio de cartas, afinal, ela sempre dizia que quando se escreve, sentimentos vão junto nos envelopes. Agora era só ele e sua mãe, o pai tinha vindo em busca de trabalho para a cidade quando ele nasceu e nunca mais voltou ou deu notícias, ficando para sua mãe a responsabilidade de mantê-los. Até viviam bem com a vó, mas a mãe conseguiu um bom emprego e precisou mudar para a cidade. A vó resolveu permanecer em sua casa, sentia-se velha demais para mudanças repentinas, era apegada ao seu cantinho. Daniel quase não tinha amigos ainda e pouco conhecia dos vizinhos.

                Notou que o simpático senhor da casa vermelha conhecia todos moradores já que ele os cumprimentava pelo nome. Quase não via ninguém entrar ou sair da casa, devia morar sozinho. Estavam a um mês para o Natal e todas as casas estavam muito bem decoradas com luzes e enfeites, a casinha vermelha era a mais bonita, não por ter enfeites caros, só que tinha algo naquela casinha que a tornava a mais bonita, não sabia o que.

                Daniel notou que quanto mais próximo do Natal chegavam, mais envelopes eram entregues na caixinha da casa do simpático vizinho. Outro dia estava na janela à espera do carteiro e viu quando o mesmo não conseguindo mais colocar nenhuma na caixinha, chamou o velhinho que sorridente veio atendê-lo.

                — Hohoho, desculpe-me. Estive ocupado, não abri ontem para esvaziá-la.

                Aquela risada lhe era muito familiar, costumava ouvi-la em filmes que sua vó o fazia assistir na época de Natal, pois não se conformava que sendo uma criança não acreditasse em fantasias. Ela dizia que crianças podem acreditar no impossível e sonhar. Para deixá-la feliz até assistia, só que no fundo não acreditava. A vida sempre foi muito difícil para sua mãe e era importante que mantivesse os pés no chão para um dia dar a ela a vida que merecia. Entretanto, Daniel com aquilo até ficou curioso em saber mais sobre o vizinho. Enquanto pensava, viu que sua presença fora notada pelo velhinho simpático que lhe acenou com um largo sorriso, no entanto sua mãe também o viu ali e chamou-lhe atenção:

                — Saia dessa janela Daniel! O que os vizinhos vão achar?

                Desceu para sala, mas não saia de sua cabeça aquela risada e a quantidade enorme de cartas que caíram da caixa quando ele a abriu. Eram tantas que nem dava para entender como cabiam lá dentro e tudo por não ter recolhido um único dia.

                Havia algo misterioso no ar. Pensava Daniel quando foi interrompido com o carteiro avisando que tinha correspondência. Provavelmente seria a cartinha tão esperada de sua querida vó. E de fato era. Abriu ansioso por notícias e dentro do envelope, havia outro envelope diferente vazio, era colorido e tinha um bilhetinho de que dizia: 

“Querido Dani, a vó sabe que você não acredita em Papai Noel, e esse ano longe provavelmente não irá assistir a nenhum filme como fazia aqui, então vou lhe fazer um pedido. Escreva uma cartinha ao Papai Noel e use esse envelope, faça isso meu menino, faça por mim, pois ficarei muito feliz.” Ass. Vovó

PS: Já escrevi para você o endereço no envelope.”

                Daniel achou estranho, nunca tinha escrito nenhuma cartinha para o Papai Noel, nunca tinha ficado sem receber nada. No envelope apenas dizia Polo Norte. A vozinha tinha se superado na imaginação, pensou em dizer para ela que tinha escrito e jogar fora o envelope, mas não sabia mentir, pincipalmente para a vó e resolveu escrever. Não sabia o que pedir, sabia das condições apertadas neste recomeço de vida na cidade, sua mãe não teria como dar-lhe nada. Decidiu escrever então coisas que desejava muito e que dinheiro algum poderia comprar, já que era para escrever, colocaria coisas que lhe pareciam impossíveis, ninguém saberia mesmo, imagine uma cartinha cujo endereço era apenas Polo Norte e direcionada ao Papai Noel, parecia até piada. E colocou a resposta para sua vozinha tranquilizando-a de que seu pedido tinha sido feito e enviou a cartinha ao Papai Noel.

                Os dias seguiam sua rotina normal, todos os dias, Daniel continuava a esperar o carteiro passar e assistia a mesma cena. Dezenas de envelopes eram colocados na caixinha da casinha vermelha e recolhidos pelo velhinho de barba branca que agora sempre lhe acenava com a mão dando-lhe um largo sorriso. Aos poucos Daniel foi se contagiando por aquele sorriso e lhe retribuía com a mesma intensidade.

                Naquela manhã viu algo que o deixou intrigado. Junto das dezenas de envelopes entregues na caixinha do vizinho, notou que o de cima da pilha parecia demais com o que tinha enviado ao Papai Noel. Claro que poderia ser outro parecido, mas o que sua vó tinha dado era colorido, um envelope muito diferente e naquela pilha não tinha outro igual. Bobagem só podia ser coincidência mesmo.

                Na manhã seguinte, em seu posto de observação, notou que saíam da casinha vermelha muitas caixas, sacos coloridos, chegou a pensar que seu vizinho estaria de mudança, no  entanto nenhum móvel saia da casa, apenas caixas e sacos que eram retirados por homens que usavam um tipo de uniforme verde. Estranho alguém escolher fazer uma mudança justo na véspera de Natal. Não paravam de sair os pacotes de todos tamanhos da casa do vizinho, por último então, saiu ele. Do bolso da calça do simpático velhinho viu cair um envelope. Daniel tentou avisá-lo, mas de longe parecia não ter entendido, apenas acenou sorrindo, então correu até lá para entregar-lhe, porém não deu tempo, tinha partido. Quando Daniel olhou o envelope viu que se tratava do mesmo que tinha escrito. Estava fechado, provavelmente por ter apenas Polo Norte como endereço foi devolvido e o carteiro acabou colocando junto na caixa da casa vermelha. Amassou e jogou o mesmo no lixo, tinha feito o que sua vó havia lhe pedido, não tinha culpa do envelope ter sido devolvido.

                Tudo preparado para passarem aquela noite juntinhos, Daniel e sua mãe. Era tudo muito simples, a mãe estava ainda começando no trabalho e tinha gasto na mudança e aluguel da nova casa, havia comprado um pequeno frango assado e um bolinho como sobremesa. Ele tinha feito para ela um porta-joias com uma caixa encontrada outro dia quando foi à padaria. Até que tinha ficado bonita, conseguiu pintar e decorar. Ela merecia muito mais, mas não ficaria sem uma lembrancinha naquele primeiro ano na cidade. O importante é que estavam ali juntinhos.

                Faltava pouco para meia-noite ouviu bater na porta e foi atender. Sua mãe já lhe tinha dito para não abrir a porta para estranhos, pois na cidade era perigoso demais. Viu um pobre homem maltrapilho e pediu para sua mãe que desse a ele algo para comer, afinal, era noite de Natal. A mãe então partiu um pedaço do frango e foi dar, mas quando o viu, ficou paralisada e caiu num choro. Daniel ficou sem entender nada e um silêncio profundo foi rompido por uma voz que veio por trás daquele homem.

                — Pensaram que iam passar essa noite sem a minha companhia?

                Era a vó de Daniel que estava chegando. Daniel ficou muito feliz e a abraçou enquanto a mãe, ainda em choque apenas olhava o pobre homem parado na porta. A vó vendo aquela cena, perguntou se o mesmo queria entrar, ele seria bem-vindo para cear com eles. Cada vez Daniel entendia menos do que estava acontecendo. Como sua vó tinha conseguido vir sozinha àquela hora da noite e ainda convidava um desconhecido para entrar em casa?

                Então, sua mãe quebrou o silêncio e explicou que aquele homem era seu pai. Tudo parecia confuso demais e difícil de acreditar, entretanto era real, estava acontecendo.

                O homem explicou o que lhe tinha acontecido. Tinha vindo para a cidade, fora assaltado e espancado. Por muito tempo desorientado sem documentos ficou perambulando pelas ruas e quando recobrou a consciência não teve coragem nem condições de retornar e foi ficando na cidade sem esperança, como mendigo. Naquela noite encontrou um senhor de barbas brancas que lhe disse para bater naquela casa pois ganharia algo para comer e com fome assim o fez.

                Daniel não conseguia acreditar em tudo que ouvia, parecia não fazer sentido. Sua vó muito emocionada falou:

                — Bom minha gente, é noite de Natal, noite de perdão e renascimento. Acho que estamos recebendo uma oportunidade de recomeçarmos juntos uma nova vida, o que vocês acham?

                Todos se abraçaram e tiveram uma noite muito feliz. A vó trouxe em sua bagagem doces caseiros e biscoitos de Natal que só ela sabia fazer tão gostosos.

                Daniel lembrou da cartinha que tinha escrito ao Papai Noel. Correu até a casa vermelha e viu escrito na caixinha o nome NOEL. Tinha pedido algo que não era possível comprar, que sua vó viesse passar o Natal com ele e que seu pai voltasse para casa, e tinha recebido o que pediu, não sabia como, no entanto, seus desejos tinham sido realizados e o envelope nem tinha chegado ao Polo Norte. Pensando nisso perguntou a sua vó:

                — Vozinha, como você fez para chegar sozinha até aqui a noite e a tempo de passar o Natal conosco?

                — Dani meu menino, tive ajuda de um velho amigo que ia dar uma passadinha por esses lados e me deu uma carona muito especial.

                Mal a vó tinha acabado de falar e ouviram um HO HO HO FELIZ NATAL, que vinha do telhado da casa e quando abriram a porta viram um saco com presentes. Daniel reconheceu aquele saco, era igual aos que tinham saído daquela casinha vermelha quando seu vizinho partiu.

                Sua vó o olhou sem nada dizer e sorriu. Ela tinha razão, nunca se pode deixar de acreditar nos sonhos. Um pouco de fantasia traz para a vida uma magia da qual não há necessidade de fazer sentido, basta apenas acreditar e viver, apenas isso é suficiente para fazer o impossível tornar-se possível.

Conto escrito por
Jacqueline Quinhões da Luz

Tema de abertura
Jingle Bell Rock

Intérprete
Glee

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima Gisela Lopes Peçanha Paulo Mendes Guerreiro Filho Pedro Panhoca Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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