O DESBRAVADOR DE IDENTIDADES - CAPÍTULO 03
Leonardo acorda aos gritos, só pensa no filho.
Calçando as chinelas, corre até o quarto do rapaz. Está vazio. Desnorteado, desce
as escadarias aos gritos pelos empregados. Sente – com a certeza que só o amor
entre pai e filho pode explicar - que algo de ruim, muito ruim, está
acontecendo ao primogênito.
— De novo essa barulheira??? –reclama Jacira, se
aproximando.
— Oxi!!! Seu Leonardo??? – assusta-se com o
desmaio do homem.
— Marcos!!! Marcos!!! – grita pelo chofer.
—O que foi, mulher? Mas, mas, mas o que está
acontecendo aqui?
—Seu Leonardo desmaiou! Me ajude a pegá-lo,
vamos.
—Mas e meu problema na coluna?
—Largue de ser frouxo, homem! Pra catar as
raparigas da madrugada você não tem problema de coluna, né? Pois vamos, me
ajude aqui! Deus que me livre! É cada tipo que a gente vê! Venha. Venha
devagar. Venha!
Colocam-no no sofá da sala.
—Seu Leonardo, ei, volte! O que há? Fale!
—Ri-Ri-Ricardo... – diz ao recobrar a
consciência, com as mãos presas ao coração.
—E o que tem aquela peste? – enerva-se a
empregada. —O que ele fez ao senhor? Agrediu-o de novo? Pois agora saberá do
que sou capaz. Onde já se viu um filho relar a mão num pai? Dessa ele não se
livra. Já vou lhe avisando, seu Leonardo, o pau vai comer aqui!
—Ele não está aqui! – diz Marcos, após checar os
cômodos.
—Mas...mas...como assim? Cadê o vagal? Seu
Leonardo, o senhor não dis...
—Jacira, alguma coisa de mal está acontecendo a
Ricardo, eu sinto... - diz, entrecortando-a.
—Suzicreide do céu, a coisa é pior do que eu
imaginava. Ele ainda não chegou? Mas onde estará este moleque até esta hora?
—Vou procurá-lo! – avisa o chofer.
—E onde, meu filho? Esta cidade é muito grande,
seria como procurar uma agulha no palheiro.
—Pode até ser! Mas vou tentar! – insiste, sendo
acompanhado pela empregada até a garagem.
—Tenha cuidado, Marcos! – pede.
—Com certeza! – liga um dos veículos e sai em
disparada à caça do jovem.
—É da delegacia? Preciso falar com o delegado!
Quem está falando é Leonardo Médici. Claro que é urgente! Meu filho sumiu. Tá!
Estou esperando. Se ele não me retornar, contatarei o Secretário da Segurança
Pública, entendeu? – ameaça o homem, desligando em seguida.
— Com quem o senhor estava falando? – pergunta a
serviçal, ao retornar.
—Com o escrivão da delegacia – diz, comprimindo o
coração.
—Oxi! Mas...mas tenha calma! Marcos foi à procura
dele.
—Como você mesmo disse, é como procurar uma
agulha no palheiro.
O telefone toca, sendo imediatamente atendido
pelo empresário. Longe dali, Ricardo se vê entre a vida e a morte. A polícia
troca tiros com uma quadrilha de gatunos que pretendia assaltar uma das
joalherias mais tradicionais da região e usa seu carro como escudo. As balas
voam por todos os lados. Os assaltantes, com metralhadoras, quase engolem os
disparos das pistolas 38 dos defensores da lei. Mesmo descontrolado, o jovem se
recolhe ao piso do carro, teme ser descoberto pelos assaltantes e tornar-se
moeda de troca na disputa com a polícia. Um dos ladrões passa correndo por seu
veículo, disparando contra um dos policiais, que se esconde atrás de um dos
postes que fica rente ao ponto de prostituição. A gritaria é geral. A
vizinhança, apavorada, esconde-se das balas, jogando-se ao chão. Outras
viaturas chegam, cercam os bandidos e o disparo se intensifica; a polícia,
mesmo com artilharia inferior, alveja dois deles, um na cabeça e outro no
tórax. Depois de alguns minutos tensos, a calmaria ressurge! A polícia, enfim,
prende toda a quadrilha. Já passam das cinco da manhã. Percebendo o clima de
paz, o jovem se levanta, olha para os lados, e, antes de partir, belisca o
braço direito para ter a certeza de que ainda continua vivo; depois, liga o
carro e desaparece dali. Durante a viagem, respira aliviado, praguejando
palavras de ofensa àquele que lá o colocou. Desgraçado!
Após longos minutos, cruza a rotatória que há em
frente à sua casa, quando percebe que os portões da mansão estão escancarados,
algo incomum a esta hora da noite, o que reforça sua inquietação. Para o carro
a alguns metros da entrada, abre a porta, olha para todos os lados com a
atenção redobrada. Como não há ninguém nas redondezas, fecha a porta e caminha
devagar até o portão. Suspeita que o local também esteja sendo assaltado. Ao
adentrar as dependências da propriedade, sente o corpo gemicar; o coração,
disparado, acelera a respiração, fazendo-o transpirar até umedecer a camisa,
que está semiaberta.
Opta por não seguir pelo caminho principal, mas
pelo corredor lateral do jardim, que desemboca diante da porta de entrada da
casa. Antes mesmo de findar o trajeto, nota a presença de uma ambulância
estacionada ao lado da garagem, com as portas escancaradas e o motorista ao
volante. Sobressaltado, Ricardo corre, imaginando que seu pai estivesse
baleado, vítima de um desses loucos da vida, amantes do dinheiro e do crime.
Invadindo a sala de estar, encontra o pai
deitado, com a camisa aberta, sendo atendido por um paramédico e dois
auxiliares. Leonardo havia enfartado; só não veio a óbito porque a empregada
o socorrera logo que os primeiros sintomas o derrubaram, acionando a equipe
médica de emergência, que chegara em poucos minutos. Ao ver o rapaz, Jacira,
que estava do outro lado da sala, se levanta e corre ao seu encontro.
—MOLEQUE... MOLEQUE DOS INFERNOS! – abraça-o com
força. — Onde você estava, criatura? Veja o que
você fez! Seu pai quase foi dessa para uma melhor!!!
—Não!!! Não!!! – diz ele, num misto de desespero
e remorso.
— Não, Jacira! De novo não!
—Ricardo, o que há? Seja forte! Ei, Moleque!!!
Moleque!!!
Quanto mais fitava o pai recebendo os cuidados
necessários da equipe de paramédicos, mas se desesperava a ponto de Jacira não
saber mais o que fazer para acalmá-lo. Por mais que o chamasse, o jovem não
estava ali, como se tivesse sido abduzido para um outro lugar, onde estão
guardados os seus traumas mais profundos.
—Moleque, ei, ei... meu Deus! ALGUÉM ME AJUDE! –
grita pelos profissionais-, O MOLEQUE ESTÁ CAINDO... – tenta segurá-lo.—
SOCOOORRO, MEU POVO!!!
O jovem despenca levando consigo a pobre
empregada de meia idade. Ele tremia como quem fosse convulsionar, exigindo da
mulher uma força quase sobre-humana para contê-lo. Mesmo considerada um tanto
rústica em suas expressões, Jacira desmorona em lágrimas. Não há quem a
console.
—Ajuuuuuude, povo, meu moleque está mal! Meu
Jesus Cristo, tenha piedade, ele é só um moleque. O meu moleque!!!
Enquanto o socorro não chega, o livro da vida de
Ricardo é reaberto, as páginas de sua história lhe correm diante dos olhos, os
ponteiros do relógio do tempo giram para lá e para cá, como se estivessem
endoidecidos. E no meio daquele lodaçal de pensa- mentos macabros, estava sua
mãe a vestir-se de um lindo penhoar vermelho; gotículas de um fino perfume
francês lhe caem sobre o corpo exuberante. Preparava-se para receber o esposo,
o ilustre senhor Leonardo Médici, a quem amava com todas as forças de um
coração apaixonado. A tosse do pequeno Ricardo, que está no quarto ao lado, a
faz desistir dos preparativos para dar atenção ao filho. Ao entrar no aposento,
nota que a aura fria da noite invade o quarto pela janela, atingindo o garoto,
que está descoberto. Pensa acender o abajur, mas desiste da ideia, não quer
acordá-lo; prefere fechar as janelas no escuro.
Raios iluminam o céu, trovões são ouvidos a
distância; logo choverá! Nathalia observa a mudança de tempo, arfa com receio
de que a tempestade traga novos alagamentos. Dá última vez que Deus chorara
sobre a cidade, dois de seus empregados morreram afogados. Perdas irreparáveis
para os amigos e familiares! Após momentos de inquietantes lembranças, cerra as
persianas e beija o primogênito com o amor mais sublime que há.
Ao virar-se para a porta, percebe uma figura
sinistra, que está com um punhal à mão direita e a face oculta por uma máscara
negra, assim como se encontrava o céu naquele momento. A chuva cai... Pedaços
de granizo, atirados com violência, abafam os gritos da mulher, permitindo que
o selvagem a segure pela garganta e a imprense contra a parede. Com o punhal,
rasga-lhe o penhoar e se atira ao seu pescoço com a mesma voracidade de um
vampiro à procura de sangue. Dominada, ela apenas chora, enquanto assiste ao
estranho apossar-se de seu corpo sem consentimento. Nathalia geme de dor. Chove
cada vez mais, como se as gotículas da chuva
fossem as lágrimas dos anjos que se veem
impotentes diante do horrendo crime.
Ao perceber que o pequeno acordara, o criminoso
joga a mulher contra uma poltrona e parte para cima dele, decidido a não deixar
testemunha. Quase sem forças, Nathalia se levanta e pula no pescoço do homem,
que lhe revida a agressão com uma punhalada no peito. O menino continua inerte,
na condição de mero espectador daquela selvageria.
O desconhecido almeja terminar o que já deveria
ter iniciado. Ao levantar o punhal para desferir o golpe que poria fim a vida
do pequeno, Nathalia o surpreende, golpeando-o nas costas com uma pequena
tesoura, retirada de uma das gavetas da cômoda. Irado, o homem afasta-se da
caminha e concentra-se na mulher, que recebe outra punhalada, dessa vez, no
abdômen. Quando iria dar o golpe de misericórdia, a porta se abre...
— Ricardo! Ricardo! Volte meu moleque! Volte! –
pede Jacira, aos prantos, enquanto os paramédicos o analisam.
— MÃE! MÃE, É VOCÊ? - desperta, completamente
atordoado.
—É VOCÊ?
—Ele está voltando a si – anuncia um dos
paramédicos.
—Sô eu moleque! Sô eu! Sua Jacira! Acorde!
— Ja-Ja-Ja-cira??? É... é me-mesmo você??? –
pergunta, com a respiração retornando à normalidade.
—Sim! Sô eu! Acha que ia te deixar quando mais
precisava?
Nem pensar, Suzicreide!
— ONDE ESTÁ MEU PAI? ELE MORREU? FALE!!!
—Não, meu filho, ele está fora de perigo.
— E onde ele está?
—O estão levando para a ambulância.
—COMO ASSIM? – levanta-se ainda desorientado. —
MAS... MAS ELE NÃO ESTAVA MELHOR? VOCÊ MENTIU PARA MIM? NÃO PODERIA TER FEITO
ISSO, CONFIEI EM VOCÊ!
Abrindo a porta, vê os enfermeiros levantarem a
maca com o pai e a colocarem na viatura. Quando ia sair, Jacira o segura pelo
braço e o repreende:
— Você não pode vê-lo desse jeito, ele ficará
mais nervoso e poderá ter uma recaída... Deixe para depois!
—O QUE ACONTECEU COM ELE?
—Sentiu sua falta! Parecia coisa de outro mundo,
o homem não parava de dizer que você corria perigo, mas foi depois de uma
ligação que ele piorou de vez.
—Ligação? Que ligação?
—Ah, sei lá, moleque! Mas alguma coisa lhe
disseram de muito grave, porque ele passou a gritar aos quatro ventos que você
estava por um fio... E estava mesmo? – fixa-o com olhares de águia. —Diga-me
aqui! Estava? Não se atreva a mentir, porque senão vai sentir a força das
minhas chinelas.
Ricardo não responde.
—Então ele tinha razão! Quando vai tomar juízo?
Deus que me livre, você é mesmo uma tranqueira, moleque. Vá ser atentado lá no
inferno!
—Jacira, não quero perdê-lo; já basta minha mãe!
Quando o vi naquele sofá, daquele jeito, lembrei-me da minha mãe, do dia
que...que...que...lembra? Ainda está tudo vivo dentro de mim! A dor é
insuportável! – diz, limpando as lágrimas. —Pensei que jamais iria vê-la!
—Agora entendi o porquê daquele desmaio! Venha cá
– pega-o entre os braços — tudo isso vai passar. Acalme-se, agora! Acalme-se!
Jacira está aqui e ninguém há de lhe fazer nenhum mal, isso eu prometo!
— Eu quase o matei também? - pergunta, cobrindo o
rosto com as mãos. —Já não bastava minha mãe?
—Não fale bobagens! Você não é culpado por nada.
—Eu poderia ter gritado, pedido ajuda, mas não
fiz nada, fiquei lá assistindo a tudo, paralisado de medo.
— E o que poderia fazer? Era uma criança! E se
isso o consola, ela não morreu por conta daquele atentado.
—Mas nunca mais foi a mesma. Como se tivesse
perdido toda a alegria de viver. Imagine se você não tivesse chegado a tempo,
ela teria morrido ali mesmo.
—E o que mais me deixa indignada, moleque, foi a
polícia não conseguir nada, sequer um suspeito. Parecia coisa feita!
— Quem nos acompanhará até o hospital? -
questiona o para- médico, interrompendo a conversa.
—Vá, Jacira! Eu não estou em condições!
—Você ficará bem?
O rapaz confirma com a cabeça. Então a boa mulher
aten- de ao pedido, pega uma manta, joga-a contra o corpo, entra na ambulância
e parte para um dos hospitais da região. O veículo é acompanhado até o portão
de saída do casarão pelos olhos irrequietos de Ricardo, que só agora percebe o
quanto fora tolo em acreditar na fala de um sinistro desconhecido; por pouco
não perde o pai e a própria vida. Como que carregado pelos braços da morte,
entra novamente na casa. Sobe as escadarias, cujos degraus parecem
multiplicados. Acende as luminárias do aposento, olha para o computador e corre
em sua direção; almeja desta forma, destruir o instrumento de sua hipnose.
Com o monitor nas mãos, olha para todos os cantos
do quarto, quer escolher o melhor lugar para jogá-lo; sonha vê-lo em pedaços,
como agora se encontra sua vida. Mas incapaz de qualquer ação, senta-se na cama
atordoado. Mais uma vez, por estupidez, quase pôs fim à vida de um de seus
pais. Já não basta não ter feito nada para ajudar sua mãe? E tudo isso, por
causa de um desejo que lhe correu às veias, deixando-o cego por alguém que
ousou manipular suas fantasias, descontrolar sua libido.
Como poderia se redimir de tal “crime”? Como?
Apenas um pedido de perdão poderia apagar os momentos tensos vividos há pouco
pelo pai? Revoltado, esmurra o peito com toda a força num ato de penitência;
não suportando a enorme dor que semeia na alma, grita como um louco. Entrando
na mansão, após uma busca fracassada, Marcos assusta-se com o barulho, deixa o
carro ali mesmo no pátio e invade a casa. Seguindo os soluços, encontra o
quarto de Ricardo e nele o rapaz, chorando feito criança. Vendo-o, pergunta o
motorista, num misto de comoção e alívio:
— Seu Ricardo? Misericórdia! Ainda bem que nada
lhe aconteceu.
Ao ouvir a voz do chofer, Ricardo se levanta e o
abraça, sem dizer nada. Algumas horas depois, o sol já está quase no centro de suas
atividades quando o rapaz chega ao hospital onde está seu pai. Informa-se na
recepção o número do leito, entra no elevador e aperta a tecla de número oito.
Apoiado às paredes de aço, segue o trajeto na
companhia de uma jovem enfermeira e de uma senhora idosa, que se encontra numa
cadeira de rodas.
Ao focá-lo com os grandes óculos, a senhora
arrisca:
—Você está triste, menino?
Voltando-se para a mulher, Ricardo se perde na
fria coloração de seus olhos, a ponto de não conseguir formular uma só
resposta.
—Você está triste, menino? –insiste.
— Sim! Muito triste.
—Não fique assim! Seja forte, porque o mundo só
respeita aqueles que o dominam; criaturas insignificantes e dignas de pena,
como é o caso do meu filho, são dominadas e esquecidas pelo tempo.
—Nossa! – assusta-se. —Como assim? O que quer
dizer?
—Eu acabei de perder um filho em um acidente de
carro! Morreu porque era fraco...
—Não diga isso, dona Judite! - adverte a
enfermeira, fazendo sinal para Ricardo de que ela estava doida. —Geraldo morreu
porque seu tempo na terra já havia expirado.
— Acidente de carro? Que coincidência! Minha mãe
também morreu em um acidente. Mas quando diz que seu filho era fraco, o que
quer mesmo dizer? - questiona Ricardo, incomodado com as palavras da mulher.
— Ele não era homem suficiente para assumir suas
convicções... Era fraco! Uma prole sem identidade, alienada de sua origem, um
erro da natureza... - confidencia-lhe a mulher, numa voz rouca, quase
inaudível, alimentada por um ódio descomunal.
— Eu não a compreendo, senhora! – afirma,
impressionado com a ira da anciã, mas tentado pela curiosidade.
— Imagine você... - a mulher interrompe o diálogo para tossir –... uma professora universitária como eu, reverenciada pela elite intelectual do país, mãe de uma aberração da natureza. Como aceitar que um belo rapaz rejeite as ondas sinuosas de um corpo feminino para se deleitar nos músculos de uma espécie do mesmo sexo? O que ele esperava quando me contou? Apoio e compreensão? Como compreender uma anomalia da natureza? Hum! E fraco como era, ao invés de ele gritar, desafiar-me, pegou o carro e se enfiou debaixo de um caminhão... Covarde!
Horrorizado com a franqueza da idosa, Ricardo não
diz nada, espera apenas que a porta do elevador se abra. O jovem afasta-se
devagar, não acreditando nas coisas que ouviu naqueles poucos minutos. Parecia
que o destino queria lhe pregar uma peça, condená-lo, assim como se condena um
assassino impiedoso. Pudera! Esse era o preço por seu desatino de outrora.
Conturbado, não consegue ouvir Jacira chamá-lo. A
culpa, como déspota, o consome sem remorso. Volta a si quando as mãos da
empregada lhe caem sobre os ombros.
— Você está bem, moleque?
—Abrace-me, por favor!
A mulher o recebe nos braços e se emociona.
—EU SOU O CULPADO DE TUDO ISSO! - sentencia-se, ao
verificar que a porta do elevador havia se fechado e carregado para bem longe
aquela sinistra figura.
—Deixe disso! O que passou, passou, está
enterrado e fedendo! - conforta a empregada.
O diálogo é interrompido pela chegada do
cardiologista.
— Como está meu pai? Conseguirá escapar dessa?
—Bem, seu Leonardo Médici – olha para a
prancheta— está...
—Também quero saber, doutor! - exige uma jovem
senhora, de cabelos castanhos à altura dos ombros, olhos verdes como a esmeralda,
nariz fino, sobrancelhas desenhadas e lábios carnudos, num Herchcovitch¹
exclusivo, ao interromper a conversa.
—Tia Márcia! Que bom que veio! –Ricardo corre
abraçá-la, para a insatisfação da empregada, que comenta a si mesma: — A bisca
chegou! Aff! Agora aguente! Ninguém merece essa daí!
Encerra com a música:
(Bring Me To Life - Evanescence).
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1 Dono de um estilo único que mistura doses de
agressividade e leveza, malícia e inocência, sempre aliadas a um design
impecável, o estilista Alexandre Herchcovitch se tornou um dos principais nomes
da moda brasileira.
elenco
trilha sonora
Bring Me To Life - Evanescence (abertura)
produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela
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Proibida a cópia ou a reprodução
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