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NEW STAGES



VOZ DE JOSH – Anteriormente em New Stages...
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DR. DANES – Eu sinto muito em te dizer isso, senhorita Harris, mas você foi diagnosticada com menopausa precoce.
 
CHELSEA – (um pouco alterada) Menopausa precoce? Isso parece ser algo ruim... É ruim, não é doutor?
 
DR. DANES – Em termos, Chelsea, porque você pode se adaptar a ela. Mas, infelizmente, a menopausa precoce tira alguns direitos de você...
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EVAN – (encoxando Ryan) O que você acha da gente repetir o que aconteceu ontem à noite? (alisando o peito do rapaz)
 
Nisso, Ryan tira as mãos de Evan do seu peito e se vira para o garoto.
 
RYAN – Eu entendi muito bem o que você me disse hoje, Evan. E, infelizmente, eu não sou um garoto de diversão. E a última coisa que eu vou ser nesta vida é o seu brinquedinho sexual.
 
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RYAN – Você deve ser a minha...
 
ELIZABETH – (complementa) Irmã. Sim, eu sou a sua irmã. (o abraça inesperadamente) Eu estava muito ansiosa para te conhecer.
 
RYAN – (surpreso com o abraço) Eu também estava muito... Enfim, é um prazer conhecê-la, Elizabeth. (retribui o abraço)
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SUZIE – Quem é ela, Kurt?
 
KURT – (embaraçado) Bom... Essa é a Kirsten, a mãe da Liz. Eu sei que deveria ter avisado que ela vinha, mas foi totalmente inesperado, Suzie. Ela viajou para Los Angeles, não sabia que vínhamos para San Francisco e a gente não queria deixá-la sozinha na cidade. Então decidimos trazê-la. Espero que não se importe...
 
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AUSTIN – ...Agora que já percebeu os primeiros sinais, não vejo mais razões para te esconder que sou gay.
 
BARBARA – (deixa uma lágrima rolar em seu rosto) Por quê?
 
AUSTIN – Porque esse sou eu, mãe. Eu sei que é duro pra você ouvir isso, mas eu não quero continuar te escondendo. Então, eu decidi contar para o papai e agora pra você.
 
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RYAN – Digamos que... O seu irmão não gosta de garotas.
 
ELIZABETH – (ri) E se não gosta de garotas, vai gostar do que então?
 
RYAN – (questiona) De garotos?!
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KURT – Não é isso, querida, eu só quero saber se o nosso filho garanhão está pegando muitas meninas na universidade... (gabando-se) Quero saber se puxou ao pai!
 
ELIZABETH – (ri) Meninas?!
 
Close em Ryan, assustado, que olha feio para Liz tentando evitar que ela diga qualquer besteira.
 
ELIZABETH – (sem perceber que Ryan olha para ela) Papai, eu pensei que você soubesse que o Ryan é gay...
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CENA 01. CASA DE SUZIE. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Continuação imediata da última cena do episódio anterior. O jantar de ação de graças é interrompido após Liz dizer impulsivamente que Ryan é gay. Todos olham para o garoto, que está bastante assustado e surpreso.

KIRSTEN – (para Liz) Mas que bobagem é essa, minha filha? (olha para todos) Mil desculpas, pessoal, tem horas que a Elizabeth não sabe o que diz.

ELIZABETH – Mas eu sei o que eu estou dizendo, mamãe. O Ryan me contou agora há pouco que gostava de garotos... Eu achei que todos aqui soubessem.

KURT – (olha para Ryan) Meu filho... O que a sua irmã está dizendo é verdade?

SUZIE – (antes que Ryan responda) Como você tem a ousadia de perguntar isso, Kurt? É claro que não é verdade... A Liz deve ter se enganado.

ELIZABETH – (olha para Ryan) Eu me enganei?

RYAN – (embaraçado) Sim... Digo... Houve uma grande confusão por aqui. Eu só disse para a Liz que não estava interessado por nenhuma garota no momento. Ela provavelmente interpretou errado e achou que na verdade eu era gay... Mas eu não sou.

KURT – (ainda desconfiado) Ryan, ninguém pensa que um garoto é gay só porque ele não está interessado por nenhuma garota. A Liz deve ter tido motivos maiores para dizer isso.

ELIZABETH – (percebe que cometeu uma séria falha) Papai... O que o Ryan está dizendo é verdade. Eu perguntei a ele como estavam os seus romances universitários e ele me contou que não estava afim de nenhuma menina... Então, eu acabei tirando a conclusão errada de que ele era gay... (ri bastante nervosa) Olha como eu sou estúpida!

KURT – Essa história está muito mal contada...

SUZIE – Kurt, se a Liz acabou de confessar que cometeu um engano, então devemos acreditar nela... Você sabe como são as pessoas. Às vezes dissemos algo e elas interpretam completamente errado. Foi exatamente o que aconteceu com o Ryan e a Liz. Afinal, o nosso filho não tem nada para esconder da gente. (olha para Ryan) Não é mesmo?

RYAN – Sim... (ainda confuso) Eu... Bom... É melhor eu subir para o meu quarto. Toda essa confusão acabou me tirando o apetite. Continuem o jantar tranquilamente. Eu não quero atrapalhar nada aqui.

SUZIE – Ryan, sente-se... A sua irmã acabou se confundindo e já assumiu o erro. Não vamos deixar que isso estrague o nosso feriado de ação de graças. É um dos únicos feriados em que podemos estar juntos.

RYAN – Mãe, eu... (saindo) Eu apenas perdi a fome, ok? Me deixa...

Ryan sai, apressado. Close em Liz, bastante arrependida por ter provocado tal situação.

ELIZABETH – Pessoal, eu vou ver como o Ryan está. (se levantando da cadeira) Eu fiz uma acusação falsa envolvendo o nome dele e acho que devo um pedido de desculpas.

ERIC – Não se preocupe, Liz, o Ryan não é um garoto de guardar rancor...

ELIZABETH – E eu também quero pedir desculpas a vocês por ter estragado o jantar de ação de graças. Era uma data importante para todos e eu acabei ferrando com tudo... Mas foi uma interpretação errada. Tudo o que eu disse aqui sobre o Ryan foi uma besteira sem propósito... (saindo) Eu vou até lá!

Close em todas as pessoas que continuam na sala de jantar. Elas se olham brevemente e voltam para as suas refeições, sem trocarem uma única palavra, já que a confusão acabou deixando o clima bastante pesado.

CENA 02. CASA DE SUZIE. QUARTO DE RYAN. INT. DIA.

Ryan entra em seu quarto e caminha até a sua cama. Ele levanta um pouco o colchão e pega uma foto que estava embaixo dele. O garoto, então, se deita na cama e fica olhando para a fotografia em mãos. Uma lágrima rola sobre o seu rosto. Close na foto, onde estão ele e Josh, sorridentes.

ELIZABETH – (entrando) Eu até bateria na porta antes de entrar, mas ela está aberta...

RYAN – (escondendo a foto) Liz, o que você está fazendo aqui? Eu pedi para que me deixassem em paz...

ELIZABETH – Eu preciso te pedir desculpas, Ry... Eu realmente não imaginava que você não tinha contado para ninguém que é gay.

RYAN – (se levantando da cama e deixando a foto sobre ela) Liz, eu tenho dezoito anos! É claro que ninguém sabe que eu sou gay. Eu ainda estou fazendo as minhas próprias decisões. Você queria que eu agisse como? Saísse por aí espalhando para todo mundo que eu gosto de ter relações sexuais com outros garotos? Ou que eu me apaixono por eles? Ou que eu ferro com a minha vida por causa de um? Francamente...

ELIZABETH – (deixa uma lágrima rolar sobre o seu rosto) Ry, eu dei uma bola fora sim, mas não era a minha intenção. Eu agi impulsivamente. Foi um erro horrível, eu sei. Mas a última coisa que eu quero na vida é te prejudicar. Ainda mais o meu irmão que eu estou tendo o prazer de conhecer.

RYAN – Como você acha que eu me senti, Liz? Você se intromete na conversa dos adultos, revela que eu sou gay e de repente todos passam a olhar para mim? Eu não sabia onde enfiar a cara naquele momento... Agora sabe Deus o que estão pensando sobre mim.

ELIZABETH – Ryan, eu tentei disfarçar a situação. Eu disse que eu interpretei errado a nossa conversa. Em pouco tempo, ninguém mais vai se lembrar do ocorrido.

RYAN – Ah, claro... Porque você disfarçou a situação com maestria. Como o seu pai disse, a história ficou muito mal contada e eu tenho certeza de que ele não vai engolir tão fácil esse lance. (gritando) Parabéns, Elizabeth!

ELIZABETH – (chorando) Ry, por favor, não fica bravo comigo... Eu fui muito burra em ter vindo até essa casa, aberto a minha boca maldita e estragado o seu feriado ao lado da sua mãe, mas eu estou realmente arrependida e não vou suportar se você não aceitar as minhas desculpas.

RYAN – (se aproxima de Liz e limpa suas lágrimas) Tudo bem, não precisa chorar... Eu não vou ficar com raiva de você por causa disso. Mas eu preciso que você mantenha o controle das situações. Não pode abrir a boca sem antes ter a certeza do que vai falar. As coisas precisam ser pensadas antes de ser ditas, ok?

ELIZABETH – Então quer dizer que você me desculpa?

RYAN – Sim, eu não vou deixar que esse engano atrapalhe o início da nossa relação. Eu te contei que sou gay porque enxerguei em você uma pessoa de confiança. E eu também preciso que você confie em mim e, principalmente, guarde os meus segredos e não os espalhe na primeira oportunidade que tiver.

ELIZABETH – Eu não queria fazer isso, Ry...

RYAN – (abraçando Liz) Tudo bem, tudo bem... Você é a minha irmãzinha.

ELIZABETH – Eu acabei de te conhecer e já estou te decepcionando.

RYAN – Não fala assim. Você foi um presente na minha vida. Eu estou adorando a ideia de que tenho uma irmã e tenho certeza de que passaremos bons momentos um ao lado do outro... E também maus momentos, como este que acabou de acontecer.

Liz sorri. A câmera se afasta enquanto os irmãos Jordan continuam se abraçando.


2x12 - AÇÃO DE GRAÇAS - PARTE 2


CENA 03. CASA DA FAMÍLIA HARRIS. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Chelsea e seus pais estão sentados a mesa fazendo a refeição de ação de graças. A família não troca nenhuma palavra entre si. Em meio ao silêncio, ouve-se apenas o barulho dos garfos e pratos.

CHELSEA – (interrompendo o silêncio) A comida está muito boa, mamãe... Mas eu ainda não consigo acreditar que você fez a Lucy cozinhar para a gente no feriado de ação de graças.

CHRISTINA – Você queria que eu fizesse o que, Chelsea? Me envolvesse na cozinha e liberasse a empregada para curtir o feriado? É claro que não. Se a Lucy não tivesse cozinhado hoje, não estaríamos tendo essa maravilhosa refeição. Sem falar que ela será muito bem recompensada por ter trabalhado no feriado.

CHELSEA – Mãe, a questão não é essa... A questão é que a Lucy também tem uma família e deveria estar comemorando a ação de graças ao lado de seu marido e filhos. Mas o que eu posso fazer se você só pensa em si mesma?

CHRISTINA – Eu também estou pensando na minha família quando peço para a empregada ficar e preparar um jantar especial para a minha querida filha universitária.

MICHAEL – Família? (ri) Quem é você pra falar nessa palavra? Você a destruiu completamente quando resolveu pedir o divórcio. Aliás, eu nem sei o que eu estou fazendo aqui hoje. Nós estamos separados e fingindo um momento de confraternização apenas para não deixar a nossa filha triste. Quanta hipocrisia!

CHELSEA – Não fique preocupada comigo, papai, porque eu também estou fingindo aqui. Esse é o último lugar em que eu queria estar nesse momento. Eu poderia muito bem ter ficado na universidade estudando. Só voltei para esta casa pelo pouco de consideração por vocês que ainda me resta...

CHRISTINA – Querida, você nos ofende falando dessa forma...

MICHAEL – Não, ela não me ofende, porque a Chelsea está mais do que certa. O dinheiro usado para este jantar poderia ter sido gasto nas suas futilidades diárias. Pelo menos assim evitaríamos aturar tanta falsidade.

CHRISTINA – Não comece com esse papo de “futilidades”, porque todo o dinheiro que eu tenho está sendo gasto para refazer a minha vida após me livrar do casamento horroroso que tive com você. E, por favor, estamos na frente da nossa filha, ela não é obrigada a assistir a essa discussão que deveria ter sido encerrada junto com o divórcio.

CHELSEA – Não se preocupe com a minha presença, mamãe, porque eu tenho os meus próprios problemas para lidar. Afinal, que tal pararmos de discutir o casamento fracassado de vocês e falarmos sobre mim? Sim, porque meus problemas são infinitamente maiores do que os de vocês...

CHRISTINA – Querida, o que está acontecendo?

CHELSEA – Obrigado por perguntar, mamãe. Vocês terminaram um casamento onde todos saíram ganhando. Papai continua gerenciando suas filiais até em lugares que eu duvidava que existissem na América e mamãe permanece oferecendo jantares para as madames desocupadas do condomínio onde discutem a sua “caótica” vida de mulher divorciada. Mãe, você quer saber o que é realmente caótico?

CHRISTINA – Minha filha, você está bem?

CHELSEA – (continua a falar) Caótico, mãe, é alguém te tirar o direito de gerar filhos. Porque, sim, se vocês me ligassem toda a semana para saber como andam as coisas na universidade, saberiam que eu fui diagnosticada com menopausa precoce.

MICHAEL – (surpreso) Isso é sério, minha filha? Calma, acho que você não deveria entrar em pânico no momento. Você sabe como esses médicos cometem erros a todo o momento. Eu vou te levar até a clínica de um grande amigo meu. Você estará em ótimas mãos!

Close em Chelsea, que revira os olhos, inconformada.

CHRISTINA – Menopausa precoce? Isso deve ser resultado das suas péssimas condições de moradia e alimentação. Você está vivendo em um campus de universidade, Chelsea, cercada de pessoas que transitam para lá e para cá, fazem barulho enquanto você dorme e ainda dividem o mesmo ar que você respira. Sem falar na comida oferecida pelo local, vai saber nas mãos de quem passou...

CHELSEA – (coloca as mãos no rosto) Eu não acredito que estou ouvindo isso... Quer saber, continuem esse teatrinho ridículo que vocês armaram para me impressionar e eu vou voltar para a universidade.

MICHAEL – Querida, não terminamos de jan...

CHELSEA – (se levanta da cadeira e interrompe) Uma das minhas maiores vontades em ser mãe era justamente mostrar aos meus filhos que podem existir bons pais que não se preocupem apenas com os números da sua empresa ou os jantares de fofoca... (olha para a mãe) Por que é o que vocês fazem, não é? (continua) Mas que também se preocupem com algo essencial na vida de todo mundo: a família. (pausa) E se eu fosse vocês, pesquisava esta palavra no dicionário para tentar ao menos descobrir o significado dela.

CHRISTINA – (assustada) Chelsea...

CHELSEA – (saindo debochadamente) Feliz Ação de Graças, mamãe e papai!

Close nos pais de Chelsea, que se entreolham, sem reação.

CENA 04.

(música: Cry - Faith Hill)

Tomada da cidade de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais. Anoitece.

CENA 05. CASA DE SUZIE. SACADA. EXT. NOITE.

(A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)

Kirsten está apoiada na pequena sacada da casa de Suzie com uma taça de champanhe em uma das mãos. Kurt surge no local.

KURT – (sorri) Respirando ar puro?

KIRSTEN – Sim, acho que eu precisava disso depois do turbulento jantar que tivemos... (respira fundo) Acho que eu não deveria ter vindo.

KURT – Não se culpe, Kirsten, você não fez nada errado. Foi a Liz que armou toda a confusão. E você sabe como a nossa filha é inocente, ela interpretou de forma incorreta a conversa que teve com o Ryan e acabou falando o que não devia...

KIRSTEN – Mas eu não me refiro ao erro da Liz... Eu só acho que eu não deveria estar na casa da ex-mulher do homem com quem tive uma filha. É como se estivéssemos voltando ao passado. Não deve ser fácil para ela ver a imagem de alguém que interferiu no seu casamento.

KURT – Kirsten, fica tranquila. A Suzie só soube agora que eu a traí alguns dias antes do nosso casamento. Você não interferiu de forma nenhuma no meu casamento com ela, até porque eu cometi erros muito piores depois e que devastaram o meu casamento.

KIRSTEN – Mas agora ela sabe, Kurt... E eu me sinto culpada por ter feito parte dos seus primeiros erros. Se eu estivesse no lugar da Suzie, eu não iria gostar de receber em minha casa a mulher que dormiu com meu noivo.

KURT – Porque a Suzie sabe que você não tem nada a ver com a minha traição. Quando eu dormi com você, eu tinha recém-noivado e preferi não te contar que eu estava prestes a me casar. Você não sabia que eu era comprometido...

KIRSTEN – Até encontrar inesperadamente uma aliança no bolso do seu paletó... Pena que era tarde demais e já tínhamos concebido a sua filha de dezenove anos.

KURT – Eu tenho que confessar que fui um marido irresponsável, imaturo e inconsequente para a Suzie, mas todos esses erros me serviram para mostrar alguma coisa, Kirsten. Inacreditavelmente, a Suzie conseguiu me perdoar e agora está me ajudando com isso. Eu posso ser um homem melhor e, não sei como, mas parece que estou conseguindo.

KIRSTEN – Você é um homem bom, Kurt. Sempre foi e eu vivia te dizendo isso nos tempos do colégio. Acontece que você fazia questão de sempre se meter em enrascadas. Infelizmente, você traiu a sua mulher com uma garota dos tempos de escola. E foi por isso que eu decidi fugir para longe e esconder a gravidez, porque eu não queria atrapalhar ainda mais o seu casamento e muito menos bagunçar a vida da Suzie com esta criança.

KURT – Foi uma atitude esperta... Mas você não poderia ter feito isso, Kirsten, porque você estava carregando uma filha minha na barriga.

KIRSTEN – Eu sei, Kurt, mas naquele momento eu só pensava em livrar a minha filha de toda essa confusão. Eu não queria que ela nascesse perto de um pai que estava se casando com outra mulher. Entende? Desculpa te esconder a Liz por todos esses anos. Eu nunca quis isso, mas eu vi a necessidade, porque eu pensava principalmente em sua família... Na Suzie e no Ryan.

KURT – Mas eu não vou te condenar por isso, Kirsten, porque a Liz foi o melhor presente que você me deu nos últimos tempos. Quero dizer, eu estou passando por um período bastante complicado na minha vida e isso tem a ver com bebidas alcoólicas...

KIRSTEN – O que eu espero que você conte logo para a Liz...

KURT – Eu pretendo, eu só não quero que ela descubra tão cedo que o pai dela é, na verdade, um alcoólatra de marca maior que está tentando se libertar do vício. Eu quero me familiarizar com ela antes e ter certeza de que posso confiar nela. (sorri) Mas como eu estava dizendo, a Liz foi o que de melhor aconteceu neste período tortuoso.

KIRSTEN – Eu fico feliz que esteja gostando do surgimento inesperado dela...

KURT – Sim, eu estou gostando muito e agradeço por você ter permitido que ela me conhecesse. Porque agora que tenho a Liz por perto, eu sinto que também estou me conhecendo... Agora estou tendo a oportunidade de provar a mim mesmo que posso ser um bom pai. O pai que nunca pude ser para o Ryan.

KIRSTEN – Que bom.

KURT – E obrigado também por ter deixado sua vida no Texas e vindo morar em Los Angeles. Você não sabe como me deixa contente em permitir que eu não fique afastado da minha filha. Agora posso ter a certeza de que sempre a terei por perto! (sorri)

Kirsten retribui o sorriso de gratidão e coloca a taça de champanhe sobre o muro da sacada. Então, se aproxima de Kurt e o abraça fortemente. A câmera se distancia e percebemos que Suzie assiste ao abraço através da janela da casa.

CENA 06. CASA DA FAMÍLIA DAVIS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

(Música cessa.)

Mark está sentado em sua poltrona lendo o caderno de política de um jornal. Sua esposa entra no local.

MARK – (tirando os olhos do jornal) Onde está o Austin?

BARBARA – Ele está no computador falando com o... (realça antes de dizer) namorado. Você consegue realmente engolir esta história, meu bem?

MARK – É o nosso filho, querida. O que podemos fazer? Sem falar que isso é tão comum nos dias de hoje. Nós não somos os primeiros pais e nem seremos os últimos a lidar com esta situação.

BARBARA – (sentando-se no braço da poltrona e alisando os cabelos do marido) Eu só imaginava um futuro diferente para o nosso Austin. Eu gostaria de vê-lo casado com uma garota com cara de boneca, sabe? Então eles teriam filhos maravilhosos e viriam nos visitar todos os domingos. Eu prepararia bolos e tortas para os meus netos e os encheria de mimos... Infelizmente, toda essa visão que eu tive foi falsa.

MARK – Mas ainda há chances de termos netos. O nosso filho apenas não terá uma família tradicional como todas as outras. O nosso dever é respeitar a decisão dele e apoiá-lo como os bons pais que somos. Eu tenho que te confessar que também não me satisfaz a ideia de vê-lo com um garoto, mas pelo menos o nosso filho é um garoto inteligente, está se encaminhando na vida, correndo atrás de um bom futuro e tendo um relacionamento com um garoto com as mesmas qualidades que ele.

BARBARA – Então você confia mesmo nesta relação?

MARK – Sim, eu acompanhei o Josh durante quatro anos na San Francisco High School e posso te dizer que ele foi um dos melhores alunos que já pisaram por lá. O Josh só vai fazer bem ao Austin e temos que ficar felizes por ele. O Austin é nosso orgulho!

BARBARA – Exatamente. Talvez não seja tão difícil eu aceitar que o meu filho tenha um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo. Acho que é só uma questão de adaptação...

MARK – E mesmo se não o apoiássemos, de que isso adiantaria? A gente não poderia mudar o que o Austin sente, nem poderíamos proibi-lo de fazer suas próprias escolhas. O que nos resta é estar ao lado dele. É apoiá-lo.

BARBARA – (sorri e beija o rosto do marido) Eu não sabia que você era tão compreensível...

MARK – Anos lidando com centenas de crianças me serviram para alguma coisa...

A câmera se afasta, enquanto os pais de Austin continuam sentados na poltrona conversando.

CENA 07. CASA DE SUZIE. QUARTO DE RYAN. INT. NOITE.

Ryan está sentado na frente do computador. Suzie entra no quarto, apressada.

SUZIE – (fechando a porta) Sai da frente desse computador, Ryan. Precisamos conversar!

RYAN – (se levantando da cadeira) Mãe, está tudo bem?

SUZIE – Como você é capaz de perguntar isso depois de tudo o que aconteceu naquele maldito jantar de ação de graças?

RYAN – Mãe, eu não tenho culpa se a Liz interpretou errado tudo o que eu disse para ela...

SUZIE – Interpretou errado ou estava certa? Porque pela primeira vez na minha vida, e eu achei que nunca haveria uma primeira vez, eu vou ter que concordar com o seu pai. Eu tentei te defender na mesa, Ryan, mas aquela história estava muito mal explicada...

RYAN – Mãe, você não está voltando a duvidar de que eu sou gay, né?

SUZIE – Essa noite você me deu motivos para isso, Ryan. Agora eu só não consigo entender uma coisa: por que você se assumiria para a Liz sem antes conversar com a pessoa que mais te apoiou durante a sua vida inteira?

RYAN – Mãe, esse papo não, pelo amor de Deus... Eu vim aqui para passar o feriado com você. O combinado era que passássemos a ação de graças juntos. Eu, você e o Eric. Eu não tenho culpa se você quis envolver todas essas pessoas no meio.

SUZIE – Ryan, há um ano, eu te perguntei se você era gay e você me respondeu que não. Eu disse que te apoiaria independente da sua opção sexual e você insistiu em dizer que eu estava falando bobagem. Agora eu preciso saber uma coisa e você vai me prometer que vai responder a verdade.

RYAN – Dona Suzie, eu não tenho nada para te responder...

SUZIE – (grita) VOCÊ É GAY?

Close em Ryan, que olha para baixo, bastante incomodado com a pergunta.

(música: Empty Words - Christina Aguilera)

SUZIE – Não precisa me responder mais nada. Quem cala consente. Sabe... Ryan... (balança a cabeça negativamente) Se você está achando que eu tô brava por você ser gay, você está muito enganado, porque isso pouco me interessa, ok? O que me deixa enraivecida é saber que você não confiou em mim para falar a verdade, mas confiou na sua irmã que surgiu do nada...

RYAN – (deixa uma lágrima rolar em seu rosto) Mãe, me desculpa... Eu só não estava pronto ainda para me assumir para a pessoa mais importante da minha vida.

SUZIE – E não estava pronto por que, Ryan? Por medo da minha reação? Não venha com desculpas para cima de mim, porque você sabia muito bem como eu reagiria a isso. Eu sempre te apoiei em tudo nessa vida e sempre te garanti que ficaria ao seu lado independente da sua opção sexual.

RYAN – (olha para a mãe arrependido) Me perdoa...

SUZIE – (deixa uma lágrima rolar sobre o seu rosto) Eu não tenho o que te perdoar, meu filho. Eu só queria que você enxergasse a sua mãe como a sua maior amiga. Porque é o que eu sempre vou ser, Ryan. Eu vou estar aqui todas as vezes que você precisar desabafar. Eu quero que você seja sincero comigo, meu filho...

RYAN – (corre e abraça a mãe) Você é a pessoa mais importante da minha vida. Foi um grande erro te esconder isso durante todo esse tempo. Eu confio muito em você, mãe, e prometo que não vou te esconder mais nada, por que... (para de abraçá-la e olha em seus olhos) Eu sei que não preciso.

Suzie sorri, emocionada, e olha para a cama, onde está a foto de Josh e Ryan e se aproxima para pegá-la.

SUZIE – (mostra a foto) Eu sempre soube sobre vocês...

RYAN – (ri) E desde quando você virou sensitiva?

SUZIE – Esse é um dos principais poderes que uma mãe tem. Elas sabem tudo sobre os filhos, quando estão falando a verdade, quando estão mentindo... Eu sempre soube, meu filho, e só estava esperando que você viesse me contar.

Ryan sorri, ainda arrependido.

SUZIE – Por que vocês não estão mais juntos?

RYAN – (cabisbaixo) Porque talvez não era pra ser, mãe... Eu fui muito ciumento, muito orgulhoso, não acreditei no Josh e, o mais importante de tudo, não confiei nele. Quem vai querer namorar um cara inseguro como eu?

SUZIE – Você não é inseguro, você só o amava. Intensamente. Acho que isso justifica o seu ciúme exagerado. Você só precisa aprender a controlá-lo, Ryan, e não deixar que ele afaste da sua vida as pessoas que você ama...

RYAN – É, mas a essa altura do campeonato, não posso mais correr atrás do Josh. Ele seguiu em frente com a sua vida e é o que eu devo fazer também. Foi um bom momento em nossas vidas, eu o amei de verdade... Foi a primeira pessoa por quem eu me apaixonei, sério... Mas acabou e eu preciso aprender a lidar com essa perda.

SUZIE – (volta a abraçar Ryan) Vocês formavam um casal muito bonito.

A imagem se afasta enquanto mãe e filho continuam se abraçando.

CENA 08. CASA DE MARTA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

(Música cessa.)

Josh está sentado no sofá com o notebook no colo. Ele digita olhando atentamente para a tela. Marta fecha a porta e levanta as mãos para cima.

MARTA – Foram horas que custaram a passar, mas finalmente nos livramos dela... (senta-se no sofá e respira aliviada)

JOSH – Lembre-se que você estará livre da Meghan por apenas algumas semanas. Logo vem o Natal, o Ano Novo e por fim o casamento dela com o papai. Sem falar que nesse meio tempo você terá que preparar o chá de cozinha da noiva.

MARTA – Dá para acreditar nisso? Já não basta ter que aturar a Meghan, também vou ter que aturar todas as amigas fúteis dela dentro da minha casa em um chá de cozinha pré-fabricado. Sim, porque eu deveria ser a organizadora do evento, mas pelo jeito só vou ceder o local, porque todos os preparativos estão sendo feitos por ela e por trás das minhas costas.

JOSH – (ri) É, mãe, parece que a Meghan é um fardo que você arranjou para a sua vida... (fica sério) Eu só espero que ela faça o papai muito feliz, porque ele merece alguém que o ame de verdade.

MARTA – (olha para o filho, sensibilizada) Se ela não fizer o seu pai feliz, a gente dá um jeito naquela cretina. (ri) Mas tenho que dizer que me senti vingada quando derrubei o suco em cima dela...

JOSH – O que? Você derrubou o suco propositalmente? Eu achei que tivesse sido um acidente... Atitude sacana, dona Marta, mas devo assumir que foi genial. (ri) Aliás, muito obrigado por ter distraído o papai depois que ele fez a “pergunta”.

MARTA – De nada, mas saiba que não vou te ajudar com isso por muito tempo. Ele é o seu pai e tem todo o direito de estar por dentro da vida do filho. Por favor, Josh, você tem que me prometer que vai contá-lo.

JOSH – Eu vou, mamãe... Eu só quero que o casamento passe primeiro. E não estou usando ele como desculpa. É que realmente não quero dar maiores preocupações para o papai. (digita algo rápido no notebook) Já me despedi do Austin. (fecha o aparelho) Chegou a hora de eu voltar para a universidade.

MARTA – (com voz chorosa) Não, você não pode me deixar aqui sozinha e voltar para aquele lugar tenebroso que te obriga a estudar todos os dias, acordar cedo e ficar ao lado do Austin... Não, por favor, eu preciso de você aqui comigo, vendo produções da Disney debaixo dos cobertores.

JOSH – (aproxima-se da mãe e dá um beijo em seu rosto) Acho que você já está grandinha o suficiente a ponto de não fazer mais birras, dona Marta... (indo em direção a porta) Até o natal, mamãe!

MARTA – (se levanta do sofá) Obrigado por ter jogado seu namorado para escanteio e vindo passar o feriado aqui comigo, Josh. Isso representa muito para mim... E, bom, tenho algo a mais para te dizer.

JOSH – (abrindo a porta) O que?

MARTA – (sorri) Eu te amo.

JOSH – (brinca) Que pena, porque eu não. (sai rindo)

MARTA – (gritando) Garoto, você está brincando com a sorte! (pausa) Já que não me ama, ao menos feche a porta depois que sair. (percebe que Josh já foi) Que garoto mal educado!

Close em Marta, indo em direção a porta para fechá-la.

CENA 09. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. CORREDOR DOS DORMITÓRIOS. INT. NOITE.

Josh está andando distraidamente pelo corredor de dormitórios. Na direção contrária, vem Ryan. Seus caminhos acabam sendo cruzados.

JOSH – Oi.

RYAN – Oi.

JOSH – Está voltando da sua casa?

RYAN – Sim, fui passar um feriado bem turbulento com a minha família. E você?

JOSH – Nem me fala. O mesmo.

RYAN – Marcamos o início do trabalho para amanhã? Você sabe... O trabalho para o qual fomos sorteados como dupla.

JOSH – Sim, eu sei... Por mim, pode ser. Começamos o trabalho amanhã então.

RYAN – Ótimo, daí te conto com mais detalhes sobre a irmã que repentinamente apareceu na minha vida.

JOSH – (ri surpreso) O que? Você tem uma irmã?

RYAN – Dá para acreditar? Essa é mais uma surpresa que a família Jordan nos reserva todos os anos. (continua a andar) Boa noite.

JOSH – (ainda parado) Ryan...

RYAN – (para de andar e se vira) O que?

JOSH – Feliz Ação de Graças!

Ryan sorri gentilmente.

RYAN – Feliz Ação de Graças!

Os garotos trocam sorrisos e tomam as suas direções. A imagem corta rapidamente para:

CENA 10. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE JOSH E MATT. INT. NOITE.

(música: Diamonds - Rihanna)

Josh entra no dormitório. Ele é surpreendido com a presença de Austin.

JOSH – O que você está fazendo aqui?

AUSTIN – (se levanta da cama) Eu cheguei da casa dos meus pais e não aguentava mais ficar esperando você me ligar. Então resolvi vir te esperar aqui. Até expulsei o Matt para termos um tempo a sós.

JOSH – Um tempo a sós?

AUSTIN – (aproximando-se de Josh e tirando a camisa dele) Sim, temos que recompensar todas as horas que passamos longe um do outro hoje e termos a nossa ação de graças particular.

JOSH – (tirando a camisa de Austin) Você não presta!

Os garotos riem maliciosamente e começam a se beijar de forma calorosa. A imagem corta rapidamente para:

CENA 11. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE RYAN E EVAN. INT. NOITE.

(A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)

Ryan entra no dormitório. Evan está sentado em sua cama folheando um livro.

RYAN – Boa noite...

EVAN – (fecha o livro) Boa noite. Será que podemos conversar?

RYAN – Eu tô um pouco exausto, Evan. Digamos que a ação de graças da minha família foi bastante agitada. E a sua, como foi?

EVAN – (se levanta da cama) Se você não quer apenas diversão, então não precisamos ter...

RYAN – (surpreso) Do que você está falando?

Evan se aproxima de Ryan e o beija ardentemente.

EVAN – (interrompendo o beijo) Podemos tentar algo mais sério.

Ryan sorri e puxa a camiseta de Evan enquanto volta a beijá-lo.

RYAN – (interrompe o beijo) Você não disse que não era gay?

EVAN – Não me broche com essas perguntas fora de hora.

Ryan ri e os dois dão continuidade ao beijo.

A imagem escurece e volta a clarear:

Imagens alternadas de Josh/Austin e Ryan/Evan pelados sobre a cama, fazendo sexo de forma intensa e calorosa, em diversas posições e ângulos. Eles se beijam, passeiam com suas mãos sobre seus corpos, respiram ofegantes e gemem, bastante excitados. Tudo na mais perfeita sintonia.

A imagem escurece.



AUTOR
André Esteves

ELENCO

Graham Phillips como Josh Parker
Sterling Knight como Ryan Jordan
Jean-Luc Bilodeau como Austin Davis
Victoria Justice como Chelsea Harris
Rose McGowan como Marta Benton
Natasha Henstridge como Suzie Gregson

ATORES CONVIDADOS
Graham Rogers como Evan McGrath
Skeet Ulrich como Eric Smith
Shailene Woodley como Elizabeth Liz Lewis
Liev Schreiber como Kurt Jordan

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Angie Harmon como Christina Harris
Josh Charles como Michael Harris
Alec Baldwin como Mark Davis
Sela Ward como Barbara Davis
Paige Turco como Kirsten Lewis

TRILHA SONORA
So Small - Carrie Underwood (Tema de Abertura)
Cry - Faith Hill
Empty Words - Christina Aguilera
Diamonds - Rihanna

PRODUÇÃO
Bruno Olsen
Diogo de Castro



Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.



REALIZAÇÃO




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