TESTEUNHA DE UM CRIME - CAPÍTULO 02
Os tiros parecem não ter ponto, mas nenhumas das balas tinham acertado o único alvo: a testemunha. O garoto é rápido e inteligente conseguindo manipular o assassino, que em um momento de descuido acaba o perdendo de vista. O homem portando a arma na mão tem 1 metro e 80 de altura e cerca de 85 quilos bem distribuídos, parecendo uma montanha ambulante, como conseguiu ser enganado tão facilmente?
- Porra, cadê este desgraçado? – Pergunta o homem com um sotaque carioca, bastante furioso.
David mantém-se escondido dentro de uma caçamba de lixo, o coração acelerado, parece que ia sair pela boca, que nem um vômito. O cheiro não era um dos mais agradáveis, mas isso é o de menos naquele momento. Primeiro a mãe e quase dez anos depois o filho, Junior Brandão é um monstro com corpo definido, belas esferas castanhas, um rosto conquistador e pensamentos maquiavélicos, mas do que este homem é construído? O que existe do outro lado desta face?
Não se escuta mais nenhum disparo, talvez a munição tivesse acabado ou o facínora ido embora, desistido assim? Cinco minutos se passam desde o último barulho, agora só o ruído irritante da sirene da polícia militar. David finalmente encontra-se a salvo.
David sai da caçamba um
pouco nervoso, são diversos carros com aquela luz vermelha e azul piscando sem
parar. Ele tenta se mundificar, tinha um casco de banana grudado na camisa e
percebe a presença de um dos investigadores que não se incomoda com o cheiro do
adolescente, executando diversas perguntas. O homem é careca, alto e gordo, com
uma barba por fazer, vestindo uma calça jeans e uma camiseta polo da marca Tommy
Hilfiger com a estampa de listras, no distintivo o seu nome: Marcelo Miranda.
- Eu estava andando quando sai do labirinto e vi um cara na frente do Banco do
Brasil, logo depois, saiu este homem, Junior Brandão de um carro e deferiu três
tiros.
- Como conhece este cara?
Marcelo o encara com um olhar contestador, está evidente que o garoto não tem
nada a ver com o delito.
- Ele que matou a minha
mãe no assalto ao Banco Central em 2003.
- Maitê Fernandes?
- Sim, eu era pequeno doutor e desde então, sonho em pegar esse cara e me
retaliar de alguma maneira.
- Mas você ajudou a pegá-lo, se não fosse por isso ele teria fugido.
- É, quase custou a minha existência.
Os dois sorriram de maneira falsa.
- Qual o seu nome?
- David Assunção Fernandes. – Faz uma pausa e questiona: Tenho que depor né?
- Sim, está com todos os documentos em mãos?
- Claro.
- Depois vamos para a delegacia, como o meliante foi pego em flagrante, o
procedimento será mais rápido.
Outro investigador acaba
interrompendo a conversa, dessa vez uma mulher, muito bonita apesar da idade e o
forte cheiro de cigarro Belmonte, que incomoda a todos em conjunto.
- Tudo bem? – Ela ergue a mão, cumprimentando a testemunha. – Meu nome é Mônica
Velardo, o Marcelo te falou a respeito do tratante?
- Mônica... – Marcelo começa a falar. – Junior Brandão que matou a mãe do David,
naquele assalto no banco em 2003.
- O Banco Central? – Ela indaga.
- Sim. – David responde.
- Aquele assalto entrou para a história do nosso país.
- De forma negativa não é investigadora? Roubaram 45 milhões de reais, mataram
duas pessoas e a polícia não conseguiu pegar nenhum dos bandidos, vocês deveriam
terem vergonha de usarem esses distintivos. – David disse abruptamente.
- Mantenha a calma garoto, como diz o ditado, a justiça tarda, mas não falha.
- Ela nunca falha. – David fala em tom de sarcasmo.
- Bem, voltando ao assunto Junior Brandão, a polícia estava o investigando há
anos, ele é a principal suspeita de manter uma facção criminosa que movimenta
70% do tráfico de drogas e do contrabando de armas no Brasil.
Sabia que estava assinando meu atestado de óbito ao ir para aquela delegacia. Junior Brandão encontra-se preso, mas do que adianta? Corro risco da mesma forma. Encaminharam-me para o segundo andar para fazer reconhecimento através daquele vidro, eu olhei aquele homem nos olhos, mesmo que ele não pudesse me enxergar e avistei o zero, o nada, apenas uma constituição física que aparenta não ter sentimentos. Gostaria de falar algo, xingá-lo, mas agora só conseguia chorar. Ele matou a minha mãe, o irmão da professora Maria e aquele rapaz da frente do Banco do Brasil e agora está preso, certamente nesses presídios luxuosos para bandidos de primeiro nível, essa é a justiça do nosso país? A que nunca falha? Meu coração só ficará tranquilo quando este homem estiver a quinze palmos debaixo do chão. Eu choro pela minha mãe, no entanto quem irá derramar uma lagrima por aquele monstro?
David retira-se da sala e anda sozinho por um corredor estreito, descendo uma pequena escadaria, chegando ao primeiro andar. Ele avista o patriarca sentando na sala de espera assistindo CSI, acomoda-se ao lado e o abraça com força, do mesmo jeito que tinha abraçado quando descobriu que a mãe estava morta, mas agora existe um medo no olhar.
- Eles vão me pegar.
- Calma filho. Os policiais não falaram que irá ficar tudo bem? Não vão divulgar
o seu nome e nada a respeito.
- E você acha que os caras que trabalham para o Junior Brandão, não irá se
vingar?
David permanece assustado e apreensivo. Normal para uma pessoa comum que presenciou um assassinato.
- Eu tenho orgulho de
você, filho, do homem que está se tornando, de grande índole. Perdoe-me se eu
não estava lá quando saiu daquele lugar, mas recebi um telefonema de última hora
de um dos clientes para resolver uns problemas em uma máquina.
- Eu que fui teimoso em sair andando assim.
David pega o celular do bolso e manda um recado para os amigos pelo Facebook. Falta menos de 10% para o aparelho descarregar. Apenas Jefferson encontra-se online, eram quase uma hora da manhã, Matheus provavelmente está dormindo ou vendo uma maratona de The Big Bang Theory, série qual é fanático. Jefferson a todo o momento dava conselhos, para David encontrar um ponto de equilíbrio e ficar mais calmo.
David é chamado por um dos policiais para assinar algumas papeladas, todas com o mesmo conteúdo e ele assina seu nome centenas de vezes.
"Você ajudou a justiça brasileira garoto." Disse um dos policias para David, antes do adolescente sair da delegacia. Ele ainda cheirava a lixo, certamente iria tomar um bom banho quando chegar a sua casa para se livrar do fedor, infelizmente com a água e sabonete não é possível apagar a noite e nem abandonar as memórias para trás.
David adentra no automóvel, não percebe, mas do outro lado da rua, uma pessoa segue os vigiando dentro de um carro preto: um homem negro, usando uma roupa social. Finalizando um maço de cigarros.
- Me aguarde garoto, ninguém mandou colocar o Junior atrás das grades. Mal sabe com que tipo de gente você mexeu. Tu estás morto e nem sabes disso.
O homem joga o cigarro
ainda aceso para fora do carro que cai diretamente no pavimento da alameda, que
em segundos estava literalmente vazia.
INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL
autor:
LUIZ GUSTAVO
elenco
DAVID ASSUNÇÃO
AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA
HERBERT VIANA
NICK SMITH
ADAM SMITH
FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA
PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO
MATHEUS
JEFERSON
DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO
COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO
TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)
PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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