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Testemunha de um Crime - Capítulo 07

Novela de Luiz Gustavo
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TESTEUNHA DE UM CRIME - CAPÍTULO 07

 

Essa pode ser considerada a semana mais estranha de minha existência, foram tantas coisas acontecendo junto à outra, como uma fileira de dominós se derrubando. Fui testemunha de um crime, consegui colocar o homem que assassinou a mamãe atrás das grades, perdi a virgindade com uma garota de programa e consegui beijar pela primeira vez a Andressa. Eu e ela estamos nos conhecendo em passos leves e nos amando como se tivéssemos nas nuvens. Mas agora preciso falar deste final de semana que passou, hoje é segunda-feira, no entanto existem milhares de enigmas percorrendo minha psicose, implorando para serem desvendados.

Acordei na sexta com os olhos vermelhos e inchados como se tivesse usado maconha, fiz o ritual diário de um ser humano, escovar os dentes e lavar o rosto. Ao chegar à escola com aquela mochila nas costas, me alívio ao deixar em cima da mesa na aula de História, graças à professora Maria que conseguiu me mudar de sala e levei a Andressa junto, afinal todos os nossos amigos e conhecidos estão no 3° C. A professora dessa matéria é a mesma dos últimos dois anos, Ana Paula está quase se aposentando e ainda se diz virgem aos alunos. A senhora revela que é a coordenadora da sala e me escolhe como representante ao lado do Google, gerando conflitos em um grupinho do fundo constituído por umas novatas, que solta algumas piadinhas bobas, mas ninguém leva ao pé da letra.

As aulas passam e chega a hora do intervalo, até a sétima série todo mundo usava esses vinte minutos para brincar, correr para lá e para cá, agora ficamos sentados, conversando, a maior parte do período na fila da cantina ou namorando atrás da escada, escondidos dos supervisores e das câmeras de segurança.

A viagem está marcada para ás cinco horas da tarde, dia que meu pai fecha a empresa uma hora mais cedo. Eu, o Google e o Jefferson, assim que saímos da escola fomos a uma locadora, porque na casa de praia não tem internet para assistirmos filmes pelo Netflix, entramos e divisamos alguns cartazes bobos dos principais blockbuster do mundo. Recebi uma mensagem de áudio da Andy, o apelido da Andressa: "Tchau David, até segunda, vê se na apronta nenhuma". Esbocei um leve sorriso e segui para a sessão de terror.

- Que tal Pânico na Floresta 6? – Fala Matheus com certa animação, mas todos os filmes dessa franquia são bobos e cercado de sangue e sexo, este não seria diferente. Eu e o Jefferson reprovamos a primeira escolha, aliás não conseguimos gostar de quase nada, uma alternativa mais óbvia do que a outra, este gênero está em crise de criatividade. Os melhores são dos anos 80 e 90, optamos pelo primeiro Brinquedo Assassino e um longa recente, A Morte do Demônio.

Andamos para minha casa, não curto muito ficar no ponto esperando "buzão", ao contrário dos meus melhores amigos. Teve um instante que senti uma sensação sombria de estar sendo seguido, sempre que olhava para trás nunca enxergava nada, devia ser coisa da minha cabeça ou não? 

Quando entramos em casa, a primeira coisa que fiz foi ir ao banheiro e tomar um longo banho, estava bastante suado, posteriormente me joguei na cama e despertei quase três horas da tarde, o tempo que tive de arrumar as malas com Matheus e Jeff, comer uma besteira da geladeira e atender a campainha, que tocava várias vezes.

- Andy? Pensei que você estava no centro.

Ela se aproxima e me beija.

- Fui numa loja com a mamãe, estamos indo daqui a pouco. Passei apenas para me despedir. Ela está te convidando para um jantar, na próxima semana, inclusive o Doutor Roberto.

Permaneço a observando como em uma fotografia, ela traja uns jeans rasgados e uma camiseta branca decotada entre seus belos seios fartos. Creio que a nossa relação ainda não chegou ao level hard, só contemplar não tira pedaço.

- Claro. – Respondo em voz mansa.
- Os dois querem te conhecer melhor, principalmente o papai.

Este é o momento que eu faço a cara da Chloe, aquele bebezinho que gerou vários memes na internet sabe? Putz, morro de medo do pai da Andressa, o japonês tem uma cara de mal, a mãe dela é gente boa, conversa bastante e ainda tem o irmão bombado de quase 21 anos, estou numa sinuca de bico, espero que consiga passar de fase neste jogo, se não, game over.

- Aceita?
- Sim.

Fechamos toda a morada e adentramos no carro, saímos trinta minutos mais cedo, por causa do trânsito. Eu sentei no banco do carona, ao lado do meu pai e os garotos nos dos passageiros. Tiro um cochilo e acordo com uma forte tempestade, estávamos quase saindo da capital.

- Tio, quero mijar. – Google disse meio irritado. 
- Vou parar numa lanchonete, a gente aproveita e comemos algo.

O carro estaciona numa grandiosa lanchonete, o Google é o primeiro a sair e corre que nem o Barry Allen em direção ao banheiro. Escolhemos uma mesa perto da janela que por sua vez, apresenta a pista cercada de veículos. Ótimo dia para fazer uma viagem, podia ter pedido para o meu pai para voltar, mas achei que seria besteira de estragar o "fim de semana épico" do trio, tempo depois o Matheus aparece, com uma cara de aliviado. 

- Podem pedir o que quiser, esqueci o cartão de crédito no carro, vou lá buscar. – O meu pai se levanta da mesa, andando em direção do estacionamento.

O Google esboça um sorriso bobo, como se tivesse visto uma garota bonita, mas quando isso ocorre vem adjunto a um mico. 

- Que gata. – Ele aponta o dedo indicador para a mulher mais velha, sentada na frente do balcão, provavelmente aguardando seu pedido. – Vou lá mostrar como se faz, rapazes.
- Google, ela é mais velha. – Jeff interfere.
- Elas adoram um novinho, é bom que ganho uma experiência.

Matheus se aproxima feito um leão em busca da presa, pisca o olho esquerdo uma vez, chamando a atenção da dama de aparentemente 30 anos de idade, cabelos longos e cacheados, o corpo de deixar qualquer novinha no chão.

- Você é um estouro e brilha a eletricidade pura. – Google fala uma cantada do The Big Bang Theory, do personagem Leonard. – Deseja sair comigo essa noite?
- Eu tenho idade para ser sua mãe, garoto.
- Se for, quero muito leite da minha mamãe. Está de passagem para onde?
- Praia Grande, lindo.
- Nós vemos lá!

Um homem mais velho aparece na hora, fazendo Matheus sair disfarçadamente, é o marido dela, tivemos certeza assim que eles se entrelaçaram. Google nem pegou o nome dela e ao menos o celular, mas parece que a mulher está afim, ao sair deu uma rápida olhada para ele. 

- Eu ainda não acredito no que está ocorrendo, David. Este idiota conseguiu uma gostosona para comer este final de semana.
- Levando em conta que essa gostosona tem idade para ser nossas mães, o Google não sabe nem o nome e ao menos o telefone dela, sim, ele pode conseguir algo.
- Vocês dois são chatos, invés de me apoiar, me colocam para baixo.

O Google continua calado, vendo a chuva que passa aos poucos, transformando-se em garoa. Comemos rapidamente, hamburguês com batatas fritas e refrigerante. E nada dele voltar a falar, não fizemos coisa nenhuma, apenas os alertamos sobre tudo. Depois de mais duas horas de viagem chegamos à casa de praia, descerramos as janelas para o cheiro de mofo sair e arejar. Nós permanecemos em um quarto juntos com TV, uma beliche e cama de casal, o meu pai em outro sozinho. 

- Está com raiva da gente cara? – Eu pergunto. 
- Claro que não, mas vocês são amigos.
- Mas não podemos apoiar sempre, devemos te mostrar a verdade. – Jefferson começa a dizer em um tom firme, que acalma Matheus: Que nem o David deixou as claras, como você irá marcar um encontro se não sabe nem o nome dela ou o telefone?
- Eu tenho certeza que iremos nos ver.
- Como?

Eu e Jeff sentamos na cama de casal, mirando o Google em pé que espirra algumas vezes, nunca o notei assim, completamente obcecado por uma pessoa e falando apenas de sexo.

Os meus dedos ligaram o micro-ondas para fazer uma pipoca pronta de manteiga, são quase dez horas da noite e o meu pai encontra-se na cama, apagado depois de tomar o remédio, o coroa permanece cansado. Jefferson cuida da pizza no forno, enquanto o Google prepara o suco de poupa de cupuaçu, a parte épica ainda nem começou devido ao estresse da viagem.

- Qual será o nome da mulher misteriosa? – Indaga Google.
- Viúva Negra. – Jeff debocha.
- Amanhã vai ter um luau na praia, quem sabe vocês não se deparam. A vida é assim, cercada de casualidades, só basta acreditar.
- Valeu David!

Matheus posiciona três copos e uma jarra de suco na bandeja de madeira branca de provençal de 38 centímetros encaminhando-se para o dormitório. Jefferson faz uma cara de bravo, como se eu tivesse dito algo de errado. 

- Ele vai criar expectativas, brother. 
- Google sempre cria, até para ir ao banheiro.

Pipoca, biscoito, doritos, pizza e suco de cupuaçu, que noite não? Dormimos quase cinco horas da manhã, vendo dois filmes e conversando bastante, o mais legal de assistir em grupo é comentar e rever os erros. Quando acordei, quase três horas da tarde, o meu pai estava na cozinha me olhando, Google escutava música no celular e Jeff ainda em sonhos. 

- Que noitada a de vocês meninos. 
- Foi muito legal, tio. Estava me esquecendo de como era bom dormir na casa de um amigo. 
- Vocês dormem juntos direto Bing.
- Pai, é Google. 
- Eu só uso o Bing.
- Você é engraçado tio Roberto.

As estrelas cintilavam o céu, tão diferente do caos da capital, cercado daquele ar poluído. Eu e o Jefferson fomos ao mercado repor a dispensa, compramos coisas básicas para fazer o almoço no domingo, macarrão, salsicha e extrato de tomate. 

"Ta fazendo o quê, amor?" – Andy pelo WhatsApp.

"No mercado. E você?"

"No restaurante do papai, que só me escraviza kk"

"Haha Saudades de vc :)"

"Também e os garotos? Tão aí?"

"Só o Jeff, Google ficou em casa com meu pai."

"Vai fazer o que de bom hoje?"

"Ir na soverteria e ver alguns filmes de terror."

Resolvi não contar a Andressa sobre o luau, para não gerar nenhuma insegurança. O que aconteceu a seguir naquela noitada percorre feito um filme exibido em câmera lenta em minha mente.

O trio comparece junto, o lugar está cercado de pessoas, pensava que seria complicado conversar com alguém, mas todos foram bastante hospitaleiros. Tocava uma música brasileira, que poucos ligavam, as bebidas eram fortes, a primeira tinha um gosto de vodca com suco de laranja, misturado com mais alguma coisa que parece energético ou sei lá o quê, não ouso questionar nada, afinal tudo é de graça. 

- Olá!

A garota morena de longos cabelos loiros se aproxima e me beija, a bebida tinha tomado conta do meu intelecto e eu retribui diversas vezes. Ela estava usando um longo vestido vermelho, mostrando as suas belas pernas. Em seguida some em meio à multidão. Estava chapado o suficiente para trair a Andy? Ébrio literalmente para correr atrás da garota e ainda continuar ingerindo aquelas bebidas direto da garrafa? A essa altura não enxergava meus amigos, Jeff e Matheus.

Tudo segue escuro, continuei a caminhar que nem um robô e finalmente pude avistar toda sua beleza sentada numa pedra fumando um cigarro de menta, me lembrando a Amanda, que simplesmente sumiu desde que emprestei aquele dinheiro, não me arrependo, mas será que ela utilizou para o próprio bem? 

Sorte ou azar, eu senti umas tonturas naquele momento e desmaiei. Apenas escutei um barulho de tiro, três vezes. A garota morreu? Quando acordei estava no quarto da casa de praia, meus amigos disseram que fui o primeiro a retornar. Mas minha cabeça rodava demais para prestar atenção na conversa, Google conseguiu transar com a coroa, Jeff com uma garota na praia e eu nesta parábola. 

O que havia acontecido comigo, afinal?




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL
 

 
autor:
 
LUIZ GUSTAVO
 

 elenco
 
DAVID ASSUNÇÃO
 
 AMANDA LOPEZ
 ANDRESSA YAMASHITA
 
 HERBERT VIANA
 
 NICK SMITH
 ADAM SMITH
 
 FRANK SALVATORE
 BRUNO LIMA
 
 PROFESSORA MARIA
 ROBERTO ASSUNÇÃO
 
 MATHEUS
 JEFERSON
 
 DONA HILDA
 SÁVIO MESSIAS
 JUNIOR BRANDÃO
 
 PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
 
 MARCELO MIRANDA
 MÔNICA VELARDO
 
 TRILHA SONORA:
 
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)

 

 COLABORAÇÃO:
 
MÁRCIO GABRIEL
 JULIANA CORDEIRO

 
 PRODUÇÃO:
 
BRUNO OLSEN
 CRISTINA RAVELA

 

 
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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