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Testemunha de um Crime - Capítulo 12

Novela de Luiz Gustavo
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TESTEUNHA DE UM CRIME - CAPÍTULO 12

O corpo de Roberto Assunção é levado dentro de um carro da emergência para o hospital particular mais próximo. A cirurgia tinha começado ás 20h25min. Mais de três horas depois de ter levado o tiro, nada daria certeza de que o paciente continuasse vivo. David permanece sentado no estofado da sala de espera com os olhos castanhos inchados, devido aos prantos. A vida desabou como um castelo de cartas, não pode perder o pai dessa maneira, da mesma forma que a matriarca. Junior Brandão parece que controla cada um dos seus passos, quem será o próximo? 

Os amigos e a namorada perduram-se ao seu lado em todos os minutos, naquele momento de dor. O investigador usando o distintivo da polícia militar transpôs no cômodo, cumprimentando David, o chamando para um local mais reservado, próximo da vidraça, que apresenta a cidade abaixo das águas da tempestade.

- Desculpa a demora, mas aconteceram alguns imprevistos no meio do caminho, me diga o que aconteceu com o seu pai? 
- Isso tudo é minha culpa Marcelo, um tiro contra a vida de um inocente? É assim que eles querem se vingar? 

As lagrimas escorrem pelo rosto do garoto. 

- Um pesadelo, primeiro foram os possíveis agentes da ABIN e agora... – O garoto engole as palavras e o choro: Vocês falaram que iam me proteger, fizeram o que? Porra nenhuma, não prestaram nem para prender o Junior Brandão, imagina resguardar um adolescente.
- David, você sabe mais como ninguém que preservamos o seu rosto, não sei como eles descobriram a sua identidade. Passaram dois meses desde aquela fatídica noite, imaginamos que a retaliação havia caído por terra, mas saiba que nossos melhores homens estão na cola desses bandidos.

David retorna para perto dos amigos e da namorada, enquanto o detetive desaparece em meio aos corredores.

- David, o que ele veio falar contigo? – Andressa pergunta.
- Que a polícia está me protegendo e mais papo furado, só para isso que essa gente serve. Eu pensava que tudo era coisa da minha cabeça, as sensações de estar sendo seguido, de algumas pessoas me olhando de maneira diferente, devia ter me aliado as intuições e contado a alguém, antes da desgraça se fundir. 

David observa o pavimento de porcelanato liquido e consegue enxergar seu reflexo no piso de tamanha níveo. 

- Não se martirize mano, isso não é sua culpa. – Jefferson está sentado à esquerda de David, segurando as mãos do amigo, Andressa na direita e Matheus em pé tomando um pouco de café quente sem açúcar. – Existem tantos fatores agora para se levar em conta, como tu ia saber quando esses brutamontes fossem começar uma rixa? Parece um filme de ação americano.
- Daqueles bem pesado, começaram logo com o Tio Ben. 
- Fica quieto Matheus. – Jefferson reprime.

David deu um sorriso tímido no canto dos lábios. 

- Estamos aqui para tudo amor. – Andressa acaricia o pescoço do amado. 
- Podemos não ser grandes ou fortes, não ter poderes sobrenaturais, mas somos seus amigos e atravessaríamos o mundo por essa amizade. – Matheus abaixa no chão ficando frente a frente com David e o abraça. 
- Vocês são tudo que tenho nessa vida. – David conclui.

O salto metalizado de dez centímetros provoca ecos nos passadiços do hospital, ao manter contato com o assoalho. A mulher o utilizando traja um vestido longo e escuro, o celular vibrava na bolsa neverfull, presume quem a incomodava naquele momento, mas não poderia atender. Os cabelos longos e ruivos permanecem jogados pelos ombros, deixando-os ainda brilhantes ao refletir na luz.

David levanta-se do estofado.

- Amanda, o que você está fazendo aqui? 
- Um amigo me ligou me contando o ocorrido com o Roberto, vim o mais rápido que pude de tamanha preocupação.

Matheus e Jefferson ficam boquiabertos com o encanto da dama, natural e acima de tudo cativante e delicada, verdadeira obra de arte. Andressa continua quieta meio emulada, erguendo-se do estofado.

- Não irá me apresentar a sua amiga, David? – Andressa indaga.

Matheus e Jefferson tinham ligado os pontos, é a garota de programa que David perdeu a virgindade, os dois deram um riso malicioso, mas não falaram nada, observando a cena como meros telespectadores.

- Bem, Amanda essa é a Andressa minha namorada e Andressa essa é a Amanda...

Antes que David pudesse finalizar a frase, Amanda se posiciona no centro da conversa novamente.

- Namorada do Roberto. 
- É mesmo? – Questiona Andressa.

O aparelho celular de Andressa Yamashita branda algumas vezes, é o patriarca avisando que está no estacionamento lhe esperando. 

- Andy, o seu pai pode dar carona para gente?
- Claro, Google. 
- O Jeff vai dormir na minha casa.

Matheus se despede do amigo e depois pressiona o botão do elevador, enquanto Andressa beijava o namorado e Jeff posteriormente o abraça, era o fim daquela noite e um começo de uma jornada. Agora só restam David e Amanda na saleta.

- Desde quando você namora o meu pai?
- Para acalmar a onça da sua namorada. Só por isto inventei essa pequena mentira. Mas me diga o que houve? Um assalto? Ninguém conseguiu me explicar direito, sempre faltava um pedaço.
- Vou contar, mas este não é lugar adequado.

Ambos descem para a lanchonete que tem algumas pessoas ao redor, eles acomodam-se em um local reservado, perto de algumas plantas. Resolveram fazer o pedido, apesar de não estarem com tanta fome, mas precisam aliviar a ansiedade. O garçom serve os sucos de maracujá e os sanduíches naturais.

- O que aconteceu naquela noite há dois meses?
- Vi um rapaz ser assassinado quase da mesma maneira que fizeram com o meu pai, fiquei praticamente do lado da morte e o alívio só chegou quando o facínora foi preso, mas agora vem à pior parte, Amanda.
- Qual?

A mulher arqueia as sobrancelhas de curiosidade.

- O homem é o Junior Brandão, o mesmo desgraçado que matou a minha mãe quando fiz quatro anos de idade no assalto ao banco central, chefe do narcotráfico e do contrabando de armas internacional e os capangas dele, estão-me "caçando".
- Imagino seu medo.

Amanda segura às mãos de David.

- Lembre-se que tem pessoas do seu lado, pessoas que te desejam apenas o bem. 
- Obrigado, espero que consiga sobreviver a isso.
- Nós vamos.

O cansaço consome David por completo ao subir, seus olhos fecham gradualmente, lutando para permanecer abertos, mas o sono ganha a disputa. Um raio de sol nascente entra através da janela, se arrasta pelo chão e posa brevemente sobre rosto do adolescente deitado no sofá. Depois, desliza novamente para o chão e cintila um copo de água projetando reflexos no teto como um caleidoscópio. David acorda. Olha para os dois lados a procura de Amanda, no entanto não tinha ninguém na saleta, a amiga devia ter saído enquanto dormia.

Sua respiração permanece ofegante, sinais da preocupação com o pai, não tinha obtido nenhuma resposta dos médicos. Levanta-se do sofá, contesta o relógio, são quase oito horas da manhã, caminha até a lanchonete do hospital, ingere um café amargo e come alguns biscoitos de manteiga. Locomove-se pela área externa onde ficam os carros e divisa as pessoas passando e avista alguns agentes da polícia militar, sente-se dentro de um filme de ação hollywoodiano, em seguida, sua professora de português estava a sua frente, sem que ele não tivesse notado a mesma se aproximando.

Maria sabia os motivos pelo qual Roberto Assunção estava entre a vida e a morte, assim que recebeu a ligação de Andressa a contando, não precisou de muitos detalhes para ligar os fatos, tudo fazia sentido. Eles andaram pelo jardim e foram a uma pequena capela, com a imagem de São Francisco de Assis.

- David, você precisa se proteger. Não acredite que a polícia vai fazer isso.
- Mas o que posso fazer?

Maria certifica-se que ninguém estava olhando e descerra sua bolsa retirando uma arma calibre 38. 

- Para que isso professora? – David exclama.
- Você tem que se defender e não adianta recusar.

David pega a arma e a enfia debaixo de sua roupa pela cintura. Já havia usado rifle calibre 22 projetado para crianças quando caçava em zona rural com o pai no interior de Goiás, mas nunca uma arma de fogo.

- Nem sei por que eu tenho essa arma, sempre a deixei guardada, sabia que um dia teria serventia, agora está aí, ela é toda sua, David.



INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO

TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)


COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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