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Testemunha de um Crime - Capítulo 17

Novela de Luiz Gustavo
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TESTEUNHA DE UM CRIME - CAPÍTULO 17

 

David Assunção estava prestes a rodar a maçaneta da entrada de sua residência, quando começou a imaginar da forma que avistou o patriarca jogado no pavimento com um buraco de bala no peito. Seus olhos lacrimejam, finalmente aquele pesadelo tinha chegado ao epílogo, o pai continua vivo, mas e Andressa Yamashita? O seu verdadeiro amor, por onde anda? 

A chave roda pelo trinco e o garoto adentra acompanhado por Amanda. A morada parece abandonada, como se ninguém pisasse ali por séculos, as folhas maduras estavam em todo o assoalho, o vento bate forte e colide no cabelo dos dois. É um aviso.

- É uma bela casa. – Elogia Amanda.

Ela observa os móveis novos e a televisão de 51 polegadas, digna de um cinema, mas apagada na paisagem. O sofá cheirando a mofo faz a mulher espirrar algumas vezes, enquanto David sobe as escadas, indo para o quarto, como se voltasse ao passado. Ele pisca duas vezes as esferas castanhas e começa a rasgar todos os encartes de jornais acima da escrivaninha, as manchetes sobre o Junior Brandão e aquele assalto no Banco Central. Os passos firmes são escutados atentamente e após alguns minutos, Amanda aparece na entrada, com uma feição triste. 

- Eu sempre quis pegar esse homem, matá-lo.

David senta no chão com um encarte de jornal e desaba, literalmente. Aquela pessoa forte parou de existir diante de Amanda e agora, resta um ser humano que deve seguir em frente com os próprios punhos.

- Você não precisa ser igual a esse monstro. Eu tive momentos complicados em minha vida, momentos que quase passei uma lâmina em meus pulsos, ser garota de programa nunca foi o pior e sim a escolha mais fácil, fácil porque eu queria parar de ser escrava da minha mãe e daquele desgraçado do meu padrasto que me abusava sexualmente, não sabe o nojo que eu sinto do meu próprio corpo e das cicatrizes que foram deixadas. Mas a gente deve transformar cada pinguinho ruim de dentro de nós em algo positivo.

Amanda abraça David, os dois se entendiam perfeitamente.

O celular de David vibra no bolso, ele pega o aparelho, era quase 11 horas da noite, falta 38% para finalizar a bateria no instante que começa a ler a mensagem baixinho, para que apenas Amanda pudesse ouvir: Estou a caminho do local David Assunção.

- Eu não queria você envolvida nisso.
- Eu sou dura na queda.

David encara Amanda.

- Olha, esse é o momento mais estranho da minha existência e meus melhores amigos nem sabem disso, queria algum conselho deles.
- São amigos desde criança?
- Sim, desde a quarta série quando estudei num colégio da prefeitura, aquele C.E.U, que parece mais um inferno de tão bizarro.
- Eu conheço.

Os dois sorriram.

- Parece que estava esperando a minha vida toda por um momento emblemático, como este, de seguir um trajeto a retaliação, até tinha pensando em escrever sobre, sabe?
- Serio? Você gosta de escrever?
- Não, no caso ia ser um roteiro de cinema, mas acho que não levo tanto jeito assim. Sonhos são apenas sonhos, a realidade é mais dura do que parece.

Um clima leve beira entre os dois, como se esquecesse as fases ruins do jogo e retornasse para o nível fácil. Onde apenas são meros iniciantes.

- Eu já pensei em lançar um livro sobre a minha vida, que nem a Bruna Surfistinha. Contar desde que nasci aos momentos mais complicados e enfim, a vida de meretriz, mas eu não fiquei rica e nem conheci um príncipe encantado, quer dizer, eu pensava que não...

Amanda solta uma indireta.

- E encontrou?
- Acho que estou perto demais.
- Boa sorte.

David levanta lentamente para se espreguiçar, o sono se aproxima, mas tem uma meta para cumprir. De dentro do guarda-roupa na latinha do homem aranha, tira todo o dinheiro juntado para adquirir o videogame e coloca na carteira, pode precisar comprar algo no caminho ou alugar um quarto em algum hotel de beira de estrada.

David desce as escadas acompanhado por Amanda, que a segue, os dois passam pela cozinha e posteriormente a garagem, onde encontra-se o pálio cinza e adentra no banco de motorista e a dama, no de carona.

- Você sabe dirigir?
- Sim, meu pai me ensinou no final do ano passado é como andar em um carrinho de bate-bate. 
- Estou começando a ficar com medo da ideia.

Os dois deram uma pequena gargalhada. David coloca o cinto se segurança e liga a chave na ignição do veículo com câmbio automático, mais fácil que o antigo GOL "bolinha" qual conduziu pela primeira vez, no interior do estado.

- Amanda, preciso te mostrar uma coisa antes da gente partir. 
- Mostrar ou falar?
- Mostrar...

David tira o revólver da cintura e apresenta pra Amanda.

- Você não vai atirar em mim né David? Eu sei que eu era garota de programa, mas entenda as minhas circunstâncias. Se quiser eu não vou, mas me deixe viva! 
- Não seria capaz de fazer mal a você. É para nos defender só isso.

Enquanto o carro zunia pela terra. Amanda se perguntava por que "diabos" estava fazendo aquilo, sentia uma forte atração por David ao ponto de colocar sua própria vida em risco? Bem, disso não tinha certeza.

David estaciona o carro junto à guia e divisa atentamente para o lugar, a rua parece um ponto comercial do tráfico de drogas e da prostituição em massa. Seu estômago começa a embrulhar ao ver aquelas pessoas, entregues ao vício.

- Conhece este lugar Amanda? – Indaga David. 
- Sim. Mas nunca trabalhei aqui. Só tem gente da pesada, com certeza financiada por este tal de Junior Brandão. 
- Este homem deve ter construído um verdadeiro patrimônio em cima do narcotráfico e do contrabando de armas.

Segundo a polícia federal brasileira o império chega a mais de 20 bilhões de dólares, edificado através de desgraças, em cima da alma de inocentes e de dinheiro de assaltos de grande categoria.

- Aonde será que estão os carros deles?

David avista alguns metros à frente, um automóvel preto suspeito, o homem que divisa no banco do motorista está ligando para uma pessoa, segundo depois seu telefone começa a tocar.

- Espero que você esteja chegando, não estou a fim de esperar. 
- Estou cada vez mais próximo. Qual a cor do seu carro? 
- Preto!
- O prazo é até às 2 da manhã. 

A linha fica completamente muda.

Amanda saiu do carro uma roupa curta bem justinha no corpo, digna de sua antiga profissão. Tinha se trocado dentro do Pálio, verdadeiro aperto, essa é a nova etapa do plano. A moça caminha lentamente, a bota provoca ecos nos paralelepípedos, que anda dignamente pelas pedras. O motorista se espanta com tamanha beleza adiante. 

- Tudo bem, gato?

Amanda mostra seus belos dentes, os lábios estão com batom vermelhos brilhantes. O homem está de quatro, sendo manipulado.

- Qual o seu nome? – Ela questiona.
- Sávio.
- Nome de macho.
- Você acha?
- Sim, quer brincar um pouco?
- Até que sim. Mas tem que ser rápido. 
- Faço loucuras em poucos minutos e como sei que você será meu cliente fixo, vai ser de graça. Zero oitocentos.

O homem era alto que nem uma montanha, forte feito um animal, poderia esmagar o pescoço moreno de Amanda como uma verdadeira baratinha, mas naquele instante tinha caído como um patinho nos truques de sedução da mulher. Os dele olhos viraram para cima, enquanto deleitava-se com o sexo oral, mal percebe os objetos que estavam sendo coletado de dentro do seu bolso ou até mesmo de sua carteira, o prazer era tanto que o deixava sem reação.

Seu relógio apita avisando a hora exata: 2 horas da manhã.




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO

TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)


COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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