TESTEUNHA DE UM CRIME - CAPÍTULO 18
Era quase quatro horas da manhã quando o veículo estacionou na garagem do palacete localizado no Jardim Paulista. O homem estrala os dedos e observa o volante. 1 milhão de dólares é o suficiente para Sávio Messias arrancar cada órgão daquele garoto desgraçado, ao que parece David não tem tantos medos quanto a organização imagina, mas isso não significa que ele pode sair dessa como um vitorioso, no máximo um lutador, um pião destemido, pode passar pelas torres, enfrentar o cavalo, enganar a rainha, mas jamais será capaz de derrubar o rei. O homem bate à porta do veículo e anda quebrando as folhas secas, cumprimenta alguns seguranças e entra pela sala de estar, a empregada doméstica o acompanha ao escritório, aonde Herbert Viana está sentado, mexendo no computador.
- Frank me deu uma
alegria ao matar aquele espião.
- Uma prova de gratidão. – Disse o sotaque americano.
Sávio acomoda-se na poltrona com estofamento de couro, se fosse outro membro estaria amedrontado, mas ele não é como esses novatos e muitos menos participa da facção, é apenas um matador de aluguel, sem paciência de escutar xingamento de encarregado.
- Suponho que algo tenha dado errado, não é?
Herbert balança a caneta de ouro.
- O garoto não apareceu.
Estava tudo dando certo, inclusive apareceu uma garota gostosa e fez um serviço
de primeira no meu "brinquedinho", mas infelizmente a vadia sumiu, junto com
algumas coisas irrelevantes do carro.
- Não acredito! Essa deve ser a Amanda Lopez, a garota de programa que é amiga
desse pirralho. O Frank não lhe disse? Não mandou nenhum arquivo a respeito?
Herbert se remexeu desconfortavelmente na cadeira. Então Frank amava Bruno Lima de verdade, abandonou uma relação, para seguir em frente no grupo, por um instante o administrador teve vontade de derramar algumas lagrimas pelo amigo, mas nada pode apagar o acontecido. Ele encara Sávio, com uma feição de paisagem.
- Nada, meu amigo anda
tão estranho.
- Bruno foi o primeiro e o único, a fazê-lo sentir assim.
- Chega a ser triste. É como abandonar a própria alma.
- Você teria coragem de fazer o mesmo?
- Nunca, deixar de ser feliz por causa de dinheiro?
- Dinheiro muda o mundo, compra coisas que nossos desejos nem conhecem.
- Inclusive o amor?
Sávio e Herbert entraram num impasse.
Como se a conversa anterior não tivesse acontecido, Herbert vira o monitor do computador, mostrando o rosto feminino para Sávio Messias, trata-se da meretriz que tinha ajudado David a escapar, precisa atraí-lo, mesmo que precise destruir aquele enigmático corpo escultural, os olhos castanhos dela eram como uma previsão de uma felicidade, mas é uma inimiga, como Bruno Lima para Frank Salvatore.
- Herbert, posso te fazer
uma última pergunta?
- Pode.
- O que acontecerá com o Frank?
- Nada demais, não se preocupe, não teria coragem de fazer mal contra a um dos
meus melhores funcionários. Mas acho que ele precisa de um momento para relaxar.
Naquele momento Sávio percebe que Herbert Viana não é uma pessoa tão ruim assim, apesar de não poder julgar ninguém. Frank teve sorte, se fosse qualquer outro subordinado que cometesse algum pequeno deslize, seria castigado. Ele passa pela sala de estar e finalmente regressa para a garagem, seu estômago começa a roncar, pedindo por algo para alimenta-lo.
O carro anda em alta velocidade pelas pistas, Sávio observa os longos prédio da metrópole, uma cama de gato. A garoa começa a cair lentamente, enquanto o automóvel dirige-se para uma grande rede de lanchonetes. Ao adentrar ele observa ao redor, não tinha quase ninguém, exceto uma mulher segurando um bebê no colo, finalizando um sanduíche. Ele acomoda-se na cadeira e pede um lanche, ingere um suco de maracujá e posteriormente solicita um pedaço de torta de limão.
O celular vibra duas vezes, trata-se de uma mensagem no WhatsApp de Frank:
"Preciso conversar contigo, amigo."
A chuva começa a cair brutalmente em São Paulo, enquanto o Tucson percorre pelas alamedas da capital, o trânsito começa a crescer, mas não feito as loucuras dos horários de pico. Após duas horas chega a um belo sítio tendo como pano de fundo, uma aglomeração de arvores. Um acervo pessoal para Frank, certamente, o próprio refúgio, sem propósitos, quando o homem passou pela porta, divisou o outro acomodado no pavimento, jogado nas próprias lágrimas.
A casa estava uma bagunça, assim como a própria vida de Frank, cerca de resto de alimentos e sujeiras nos móveis, o cheiro não era um dos melhores. Porquê continuou com aquela merda de plano? Como teve coragem de abandonar o pedaço do céu, por uma ordem do chefe? Mas parece estar transcrito nas estrelas, tudo acontece por algum motivo, mesmo os erros.
- Ele aparece todas as noites em meus pesadelos. Os nossos momentos felizes surgem como um filme, sem epílogo a todos os instantes. Não consigo mais respirar direito. Não consigo mais dormi direito. Não consigo mais viver...
Sávio o interrompeu:
- Eu não queria estar
abaixo de sua pele.
- Tudo isso é minha culpa.
- Uma decisão.
A voz de Frank começa a soar dura como o cimento, sem aquele amargor das lagrimas. Ele arqueia os olhos e abraça o amigo, os dois juntos no chão, feito criancinhas no recreio.
- Eu não consegui pegar o
David.
- O que aconteceu?
- Amanda Lopez, esse é o problema.
- Eu te mandei um e-mail a respeito dessa mulher.
- Sério?
- Sim, não chegou?
Sávio pega o aparelho celular e se conecta a uma rede wireless identificado por Nêmesis, acessando a caixa de entrada, o documento estava anexado entre os três primeiros da lista, junto com algumas propagandas.
- O erro foi meu, droga!
– Sávio gritou.
- Herbert deve ter ficado uma onça.
- Até que não.
- Não consigo entender mais nada.
- Ele parece preocupado.
- Ele é um iceberg.
- Também pensava isso, mas todo mundo tem sentimentos, inclusive a gente.
Podemos matar essas pessoas ruins que acercam a terra, juntamos aos esqueletos
desses urubus, mas existe uma personalidade benevolente em todo mundo.
Os dois levantam lentamente, os ossos do corpo de Frank fizeram pequenos ruídos, devido à falta de articulação. Os dois esgueiraram para a cozinha, um cômodo gigantesco, o sol começa a nascer trazendo pequenas frestas de luz.
- Quer um café?
- Eu aceito, bem forte e sem açúcar.
Sávio tira do armário de sucupira uma leiteira de inox, quando a água fervente borbulhava no recipiente ele a jogou através do pó no coador de pano. Sem doce, como o amigo havia ordenado. Os dois estavam frente a frente na mesa, comendo pão de queijo e ingerindo o café fresquinho.
- Eu tomei uma decisão,
Sávio.
- Qual?
- Depois que finalizar essa missão e pegar o David, eu vou sair da organização e
viajar pelo mundo e tentar esquecer esse meu passado. Está na hora de seguir
minha vida.
- Nós sempre seremos amigos, não passe a borracha nisso.
- Nunca. Você é a única pessoa que ainda confio.
- Quem sabe encontres a sua outra metade?
- Acho que isso será impossível.
- Não custa tentar.
Noventa segundos tinham se passados desde as últimas palavras, ambos permanecem quietos com ideias girando na cabeça, Frank estava com o pé literalmente para trás na organização. David Assunção é apenas mais um inocente, não precisa ser sacrificado, no entanto essa opinião deve manter trancafiada, Sávio Messias é o seu melhor amigo agora, mas está recebendo milhões dólares para tirar a vida de mais um inocente.
INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL
autor:
LUIZ GUSTAVO
elenco
DAVID ASSUNÇÃO
AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA
HERBERT VIANA
NICK SMITH
ADAM SMITH
FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA
PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO
MATHEUS
JEFERSON
DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO
TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)
COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO
PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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