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Testemunha de um Crime - Capítulo 19

Novela de Luiz Gustavo
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TESTEUNHA DE UM CRIME - CAPÍTULO 19

 

O fim de semana tinha acabado para os dois amigos, isso significa mais uma semana de estudos, porém com uma pequena sensação de vazio no peito. As matérias foram ficando chatas até mesmo para quem gostava de estudar. Jefferson observa pela janela, como se quisesse enxergar mais do que as gotas de águas que derramavam do céu, continua preocupado com David nessa enrascada, Andressa sequestrada, no entanto tudo estava indo bem com o "Tio Roberto". Matheus entra na sala de Inglês e sorri para o amigo, recebendo os parabéns de alguns colegas, com certeza haviam recebidos notificações no Facebook.

- Feliz aniversário. – Jefferson disse meio seco.
- Queria que o David estivesse conosco. – Matheus responde.

A cadeira fez um pequeno ruído ao ser puxada para trás, para que o garoto completando 17 anos pudesse se acomodar, era o segundo da fileira, atrás apenas do amigo que permanece adiante da mesa da professora Piroska.

O restante dos alunos nem parecem sentir falta de David Assunção e Andressa Yamashita, isso porque segundo a polícia militar todo o caso deve continuar em segredo, ao contrário pode atrapalhar as investigações. Mas estava difícil para Matheus permanecer calado, com a ajuda das redes sociais, certamente encontraria algumas pistas e chegar ao "X" da questão.

- Você vai no hospital hoje? – Indaga Matheus.
- Sim, depois que sair da escola, podemos ir juntos.
- Certo, estou sem paciência de ficar em casa, meus pais queriam fazer uma confraternização, mas não tenho nem cabeça para isso. A sorte que inventei uma desculpa e eles aceitaram de boa.
- O que você falou?
- Disse que preferia passar o dia com o Tio Roberto.

O sinal toca por alguns segundos, a próxima aula seria vaga, o professor de Geografia tinha faltado. Os garotos foram para o pátio, compraram um lanche e começaram a se alimentar, sentados embaixo da escadaria.

- Lembra de como nos conhecemos? 
- Eu te achava um idiota, Google.
- Eu não sou mais. 
- Tem certeza que não?

Os dois soltaram uma gargalhada.

- David sempre foi o mais quieto da gente, mas era o que mais aprontava. Batendo boca com os professores, defendendo aquela menina gordinha dos valentões.
- E agora ela está bonitona, com a bunda da Nick Minaj.
- E doidinha pelo herói de sua infância.
- Como eu queria aquele corpinho só para mim. – Matheus solta um suspiro romântico. – Porquê não fui eu que a defendi e piquei o cacete naqueles caras?
- Porque você é magro e ia sair todo espancado.
- Nada disso, todos somos fortes por dentro, mas um dia eu vou ganhar a Juliana. 
- E a Viúva Negra?
- Ela é página virada em minha história cara.
- O amor acabou então?

Jefferson e Matheus enxergam de longe a professora de Português se aproximando lentamente, segurando os materiais escolares. O olhar de Maria continua cansado, como se não conseguisse dormir à noite, também poderá com tantas coisas na cabeça, finalizar perguntas para o provão de três séries do ensino médio no José Vieira de Moraes, os trabalhos domésticos e obviamente preocupada pelo aluno que se meteu nessa caçada contra a organização criminosa.

- Feliz aniversário, Matheus. 
- Obrigado "teacher". Vai visitar o tio hoje depois da aula?
- Sim, vocês querem carona?
- De graça até injeção na testa.

Posteriormente, Maria sobe as escadarias indo a caminho da direção, certamente resolver alguns problemas em horário de aula. Jefferson e Matheus seguem para o terceiro andar, sala 1: História. Após o descanso do intervalo que ambos ficaram conversando tiveram mais duas aulas, de Educação Física e Filosofia, sendo liberados um pouco mais cedo, ás onze e meia da manhã. No lado externo, aguardam durante mais de uma hora pela carona, melhor do que pegar ônibus.

Adentro do veículo Matheus continua acomodado no banco do carona jogando Zumbi Tsunami, enquanto o amigo fica sentado no fundo, tamborilando com os dedos, seu celular tinha acabado de descarregar. Maria pressiona os dedos no botão prata com a borda brilhante, do aparelho sonoro, deixando apenas na rádio FM.

- Estão gostando do último ano meninos?

Maria tenta quebrar o silêncio.

- As matérias até que sim, os professores mais ou menos, tirando que grande parte odeia dar aula para a gente e trazem problemas pessoais para sala e que nosso melhor amigo está numa fria, digamos que vai ter história para os nossos netos. – Ironiza Matheus.
- O que você tem de bonito, tem de sarcástico, Google.

Jefferson tenta controlar o sorriso, mas fracassa.

- Isso é bonito aonde? – Jeff indaga.
- Fica quieto aí no fundinho, seu gordo. 
- E você seu leite coalhado? – Jeff retruca.
- Pudim da mamãe. 
- Queijo minas!

Maria pisa nos freios ao divisar o sinal vermelho e observa os dois com certa antipatia, Jefferson e Matheus parecem duas criancinhas da quarta série, brigando por bobagem, do mesmo jeito que se conheceram no C.E.U. 

Depois de alguns minutos, finalmente chegam ao hospital particular, localizado na Zona Sul, as briguinhas bobas haviam acabado para alegria da professora. O tempo voltava a ficar chuvoso e frio na maior cidade do país. Jefferson retira da bolsa um casaco de camurça e deixa cair no chão uma caneta azul, ao pega-la e erguer o rosto, contempla Dona Hilda, com um bolo de floresta negra em mãos, certamente para comemorar o aniversário de Matheus.

- Você se lembrou de mim? – Indaga o garoto.
- E como esquecer menino? Te conheço desde pivete, antes mesmo de ter esse apelido de computador, que aliás nunca entendi.

Essa não era o momento de explicar, para quê mais explicações? Precisavam ficar tranquilos, todos desceram pelo elevador para uma ala mais reservada da lanchonete, onde ascenderam a vela e cantaram parabéns, apesar de Matheus estar meio envergonhado, suas bochechas ficaram avermelhadas, feito um tomate. 

Seu celular vibra algumas vezes no bolso, trata-se do seu grande amigo, David.

- Não esqueci de dar os parabéns.
- David. Aonde você está?
- Não posso te contar agora, se não coloco todos em perigo.
- Encontrou a Andy?
- Ainda não, mas eu e a Amanda vamos conseguir. 
- Cara, toma cuidado.
- Estou tomando, até logo, amigo.

A linha fica completamente muda. As lagrimas desceram lentamente das esferas de Matheus, junto com um alívio.

- Graças a Deus que David está bem. Espero que ele retorne antes do pai sair do hospital, daqui a uma semana. – Fala Dona Hilda.
- Sério? O Doutor Roberto, já está bem?
- Sim, amanhã mesmo vou colocar a casa Assunção em ordem, limpar tudo, lavar as roupas, abrir cada janela para tirar o cheiro mofo.

O patriarca da família Assunção acorda, avistando primeiro a luz no teto e posteriormente, sentindo a presença de alguém. Nos minutos seguintes se depara com Matheus, Jefferson, Dona Hilda e Maria, tinham se conhecido a pouco tempo, mas parece que ela faz parte da família há décadas.

- Feliz aniversário, Matheus.
- Obrigado tio.
- Onde está o meu filho?

No instante da pergunta, todos ficam calados, com medo de responder.

- Fazendo um trabalho de escola. – Justifica o gordinho, quase tremendo ao falar. Roberto analisa atentamente cada um deles, os conhecem muito bem e sabe que são péssimos mentirosos.

Roberto divisa pela janela e avista como estava escuro do lado de fora e tão bela era a cidade de São Paulo à noite com todas as luzes acesas.

- Não precisam me contar. O meu filho é forte e vai sair dessa como um vitorioso. Sabe que eu não sei o que está havendo? Estou deitado aqui nessa cama de hospital, mas consigo ter um reflexo de tudo. Andresa Yamashita foi sequestrada por esses miseráveis, uma isca para chegar ao David, não é? 
- É quase isso. – Maria confirma.
- Mas Senhor Roberto. – Dona Hilda avizinha-se, segurando os punhos álgidos do homem. – Nosso menino como você mesmo disse, é forte, não está sozinho, em breve, estará conosco, assim que você sair daqui. Não confia na educação que deu a ele?
- Claro que confio, mas o David é um soldado.
- O que isso tem haver?
- Soldados só saem da batalha quando vencer a guerra, ele vai querer ir até o fim para se vingar, do passado e pelo presente, mas e se ele não conseguir? Vou enterrá-lo do mesmo jeito que enterrei a mãe dele?




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO

TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)


COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.



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