Capítulo I – TEJUCO
Tomás Bueno surgiu esbaforido, subindo a via principal do Arraial do Tejuco, nos sertões de Minas. Tropeiro de profissão, como muitos outros mamelucos, filhos de branco e índio, puxava uma mula carregada de aguardente, açúcar mascavo e farinha. Parou em frente à casa de Rodrigues Veiga, um português rude que comandava um grupo misto de brasileiros mestiços e perós, como eram chamados os brancos pelos índios, na árdua missão de encontrar ouro e enviar para a coroa portuguesa.
— Meu capitão... capitaaaão... capitão Rodrigues! "Mba'éichapa?" (Como está?)
Corria o ano de 1713, século XVIII, e a guerra entre os invasores e os nativos da região, os índios Botocudos, Coroados e Puris, se arrastava sangrenta. Durante as bandeiras, as baixas entre os indígenas eram consideráveis, atingidos pelas balas dos mosquetes portugueses, comandados pelo experiente Capitão Veiga. Os índios feridos pelas armas de fogo eram impiedosamente abatidos a golpes de facão, diante de suas mulheres e filhos. As aldeias eram queimadas e os nativos sobreviventes reunidos e acorrentados nas suas grandes praças centrais, as chamadas ocaras, para posteriormente serem vendidos como escravos. Contudo, a concorrência do crescente tráfico negreiro africano tornava cada vez menor o valor dos bugres; muitos bandeirantes já haviam perecido pelo revide com flechas e tacapes dos silvícolas, sedentos por defender seu território sagrado. Os perós capturados vivos eram vítimas de canibalismo pelas tribos da região, que assim acreditavam absorver a força do inimigo. O medo era uma constante por aquelas bandas. Rodrigues Veiga apareceu no alto da varanda.
— "Iporâ ha nde"
(bem, e você?) ... e aí ô Tomás! Cumpriste tua missão? Encontraste a árvore
sagrada dos Puris? Ande logo, desembuche homem!
— “Meu capitão, achei! A Acaiacá é enorme, deve de tê uns 40 metro; uma belezura que só ela... fiz um mapa aqui... oía, tá no alto do Ibitira e o sinhô num credita: daqui a três dia, noite de Lua cheia, os Puri vai tudo pras marge do Ipiacica, onde o filho do cacique Corupela, o guerreiro Lepipo, vai casá com a Cajubi, flô-de-manacá da aldeia deles. Uma lindeza de muié... sinhô precisava vê... dá até dó! Mas, nessa noite a árvore sagrada vai tá sozinha. É só mandá uns quatro matuto e botá ela abaixo."
Rodrigues Veiga alisou a farta barba branca, já alheio ao falatório do Tomás.
“Este bugre traiu suas
próprias origens; agora eu acabo com esses selvagens” pensou, já planejando a
ação covarde.
Max Rocha
Elenco Mauro Mendonça como Rodrigues Veiga Adanilo Reis como Tomás Bueno Stênio Garcia como Piracaçú Dira Paes como Cajubi Roberto Bonfim como Corupela Giselle Motta como Anahí Carlos Vereza como Padre Nóbrega David Junior como Zwanga Tema Acaiaca Índios Puri Intérprete Wagner Cinelli
Direção
Carlos Mota
Bruno Olsen
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
REALIZAÇÃO
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