PRÓLOGO 01
Década
de 1960. Brasil. Um jovem cabeludo em pé de frente a um espelho, de olhos
fechados, recita uma oração em voz baixa numa língua estranha. Repentinamente,
abre os olhos que agora estão com as pupilas vermelhas e bate a testa contra o
espelho. Cai por sobre almofadas que estavam espalhadas pelo chão.
As
pupilas voltam a sua cor normal e a rachadura do espelho embebe o filete de
sangue deixado pela testa cortada e desaparece aos poucos. O espelho logo está
novinho em folha. O jovem acorda com um sorriso natural e prova do sangue
descendo do lado do rosto. Pega seu caderno ao lado e começa a escrever mais
uma canção, logo estará compondo uma música com seu violão Gianini que estará
fazendo muito sucesso entre os revolucionários nestes tempos de ditadura.
Alguém
bate a porta. Um jovem negro entra e diz:
-
Está tudo pronto, Caetano? Ele fez contato novamente?
- Oh
meu rei, dessa vez foi ainda melhor, não sabe? E Você vai gostar muito dessa
letra, Gil.
-
Vamos dar para os jovens despertos dessa vez. Eles estão trazendo novidades com
a tal guitarra.
PRÓLOGO 2
O garoto perdido
Estava frio e escuro. Saio
da cabana abandonada. Um monte de tábuas velhas com buracos de ratos e
reentrâncias por onde adentram raios de luz do luar. Uma grande lua cheia lá
fora.
Estava esplêndida, e banhava
toda a floresta a minha frente com aquela opaca claridade de beleza que estranhamente
me causou calafrios.
Não queria ver o que estava
prestes a ver. Ele veio ao longe da estrada escura que entrecortava a paisagem.
Vinha correndo com toda a velocidade que só uma criatura magnífica como aquela
poderia alcançar.
Mesmo com medo me aproximei
espantado ao vê-lo de perto enquanto ele diminuía o trotar ao diminuir a
distância que nos separava.
Incrível! Era um lindo
cavalo de olhos vermelhos brilhantes e tinha a pele ardendo em chamas. Seu
comportamento era natural com o fogo, não demonstrando nenhuma dor.
Ele se aproximou e eu senti
o calor de suas chamas quando levantou suas patas dianteiras em minha direção
ao mesmo tempo que relinchava alto.
Mas antes que seus cascos
ardentes como lava tocassem minha cabeça, de dentro de sua alma veio uma voz
dizendo:
- Está na hora de despertar,
Colin!
E eu acordei num pulo,
sentindo o peito quase explodindo.
Já era a terceira vez que tinha
o mesmo sonho.
O que será que ele quis dizer?
PRÓLOGO 3
O garoto da periferia
Estava correndo como um
louco. Lá na rua a gente dizia que quando se corre assim é porque corre tanto
que as pernas batem na bunda.
Cara, estava a mil por hora.
Tinha uns caras de facção do
bairro correndo atrás de mim e eu escutava tiros pra cima e risadas.
Atravessei a avenida que
cruza o bairro e leva até o Bairro José Walter. Entrei noutra rua escura, vi a
entrada de um terreno. Não pensei em outra, entrei correndo.
Suava cansado e em
desespero. Era a merda do meu fim. Quando cheguei no muro no final do terreno
escutei o tiro e a bala acertar o muro perto de mim.
- Para, pivete. Tá pensando
que o nego é otário?
Escuto a ordem e paro quase
chorando.
- Eu não fiz nada, irmão.
Também sou da quebrada. Me dispensa aí, vai lá?
Me viro devagar e a pistola
está apontada para a minha cara. Não vejo direito o rosto do Filha da Puta.
- Tu vai morrer e é agora,
elemento!!
Ele puxa o gatilho. A bala sai em minha direção. Vejo tudo em câmera lenta.
Mas no meio da trajetória, a
bala é impedida por uma criatura flamejante, um pássaro gigante. Uma... Fênix!!
O pássaro de fogo se coloca
no meu caminho e não só impede a bala como também ataca os meus inimigos incinerando
seus corpos e acabando com suas vidas como se fossem bonecos de pano.
A ave deve ter uns dois
metros e meio de altura e a envergadura de suas asas é enorme também. Ela se
volta para mim e me cobre com suas asas ardentes e antes que eu perceba estou
no meio de suas chamas. Estou pegando fogo dentro daquele pássaro.
Então uma voz de dentro dela
diz:
- Você é muito mais do que pensa. Desperte, Márcio.
E eu acordo assustado. Mais
uma vez a merda desse sonho.
Mas agora é hora de levantar e ir pra escola.
4x01 - ENCONTRO NADA CASUAL
Márcio
Oliveira, 16 anos, negro nascido da periferia de uma capital nordestina. Ama
livros e história antiga. Estuda numa escola estadual de ensino médio e sonha
em ser professor universitário. No período da tarde está estagiando num
programa para jovens em repartições públicas. Ele está na secretaria de
educação e de vez em quando precisa pegar ou levar documentos para escolas ou
faculdades.
O
jovem fortalezense costuma usar suas comuns calças jeans, uma camiseta com
estampa do anime Naruto ou Harry Potter, e seus tênis azuis gastos. Sem falar
da inseparável mochila que sempre tem um lanche ou algo pra ler. Usa óculos
redondos e ainda tem a mania de ler no busão, em vez de enfiar a cara na tela
do smartphone como os outros adolescentes.
Na
tarde daquela fatídica quinta-feira ele está indo para a Praça do Ferreira no
centro da cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará. Vai passar numa
faculdade para pegar alguns documentos e então, enquanto caminha pela praça
movimentada de pombos, pessoas e barulho, se depara com uma linda garota de
olhos castanhos. Beldade encantadora mais ou menos da sua idade e que mexe
indisfarçadamente com seus hormônios.
Sente imediatamente algo diferente quando olha aquela garota, algo tipo uma conexão.
**
Colin
Aragão Smith, 17 anos, nascido em Boston, filho de uma mãe brasileira e um pai
norte-americano. Sempre aprendeu a falar português com a sua mãe, mas nos
últimos seis meses ficou ainda mais importante a língua desde que seus pais se
separaram e Colin voltou com a mãe para o Brasil.
Adolescente
sensível que tenta passar despercebido nesta terra nova, está usando uma
camiseta branca de gola V embaixo de uma camisa xadrez escura, calça jeans e
tênis com listras.
O
jovem está sentindo muita falta de seus amigos e parentes americanos. Não
aguenta mais as crises de ansiedade numa nova vida ao qual foi jogado com a
separação dos pais. Teve que matar aula de novo e resolveu ir no centro da
cidade comprar material para suas pinturas e esculturas que gosta muito de
fazer para passar o tempo.
Logo quando chega na tal Praça do Ferreira, encontra alguém que lhe chama a atenção. Uma garota de olhos castanhos e mechas pintadas de lilás no final dos cabelos negros. Ela usa um short jeans preto desfiado nas pontas, uma camiseta cinza clara com um desenho místico no centro, uma jaqueta preta amarrada pelas mangas na cintura e um tênis All Star preto.
**
Marcio
e Colin em pontos diferentes da praça olham para a linda garota misteriosa
quando de repente escutam alto, como estando de fones de ouvido no último
volume:
- “Eu quis cantar, essa canção iluminada de sol...”
Uma
canção alta e quase ensurdecedora agita seus tímpanos num susto, os fazendo
perder a atenção até agora demonstrada e até mesmo a noção de onde estão.
Em poucos instantes recuperam a lucidez com a estranheza de quem escuta coisas que outras pessoas não conseguem audir. Miram então o local onde estava a garota e ela não se encontra mais lá.
No
quinto andar de um prédio das cercanias daquela praça, numa janela de umbrais
antigos, a garota de olhos castanhos e pontas lilases no cabelo está olhando
para a Praça do Ferreira. A seu lado se encontra um homem negro de seus 50 anos
sentado numa cadeira de rodas.
-
Eles escutaram a canção?
-
Sim. Como lhe falei que iria acontecer.
-
Você tem certeza que são eles?
-
Por Hermes, claro que tenho. Squalo me revelou que eu encontraria dois ainda
adormecidos com avatares de fogo. Senti a energia deles assim que pisaram nessa
praça, Arthur.
- Me
preocupo com você. Tome cuidado, Ravena. São apenas crianças como você... e
ainda por cima nem despertaram. Se é que irão um dia...
-
Para de ser pessimista, Sr. Cavalcante. A gente vai conseguir. Acredito no
potencial deles.
- Então traga-os aqui. Vamos ver se você está mesmo certa.
Quando
Colin e Márcio chegam ao local onde a garota estava parada acabam se
encontrando e se encarando. De algum modo, os dois tem uma leve sensação
estranha de uma certa familiaridade. Como se já se conhecessem nessa ou em
outra vida.
Marcio
decide seguir seu caminho e Colin esboça fazer o mesmo, pronto para se afastar,
quando de repente a tal garota aparece.
-
Estão me procurando?
Os
garotos se viram e olham para ela com uma expressão de surpresa e vergonha,
como se tivessem sido flagrados fazendo algo errado.
-
Parem com essas caras de bunda, seus manés. Quero falar com vocês sobre os
sonhos estranhos que estão tendo. Me sigam. – Fala Ravena se virando e
caminhando em direção a um prédio ali próximo.
-
Espera aí, moça. Quem é você e como você sabe sobre meus sonhos? – Indaga
Márcio.
-
Também não estou entendendo nada. Como você sabe sobre mim e pra onde está
querendo me levar? É algum golpe? – Pergunta Colin por sua vez.
Ravena
para e se vira para encará-los: - Nada disso. Só vou ajudar vocês a encontrar
respostas. Ou querem ficar para sempre em dúvidas sobre si mesmos e seus
sonhos?
Os
rapazes se entreolham e fazem um gesto espontâneo de como se não tivessem o que
fazer. Então seguem Ravena em direção a uma entrada ao lado de uma loja para
subir uma escada antiga.
-
Por que você não nos mandou a real lá embaixo, gatinha? – Pergunta Marcio já
esbaforido com a subida de escadas.
-
Porque não sou eu que vou lhe dar muitas informações, vai ser Arthur.
-
Espera aí, e quem é esse Arthur? – Questiona Colin.
- Logo vão saber. Chegamos. – Fala Ravena abrindo uma velha porta.
Jonnathan Freitas
Elenco Caleb Mclaughlin como Márcio Timothée Chalamet como Colin Jenna Ortega como Ravena Morgan Freeman como Arthur Cavalcante Tema Cloud Nine Intérprete Hayden Folker
Carlos Mota
Bruno Olsen
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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