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Feriadão WebTV: O Menino que Escrevia com os Pés

Conto de Carina Alves
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Sinopse: Tico, um menino alegre que, após sofrer um acidente ao soltar bombas, perde as duas mãos e se reinventa através do esporte e da educação, desenvolvendo habilidades com os pés. 


O Menino que Escrevia com os Pés
de Carina Alves


Era uma vez um menino que morava num bairro simples do Rio de Janeiro. Ele estudava e, quando saía da escola, ajudava seu pai na oficina mecânica. Depois, os dois iam para casa jantar e encontrar sua mãe e seus irmãos mais novos. 

O nome dele era Tico. Ele era realmente um tiquinho de gente, pequeno e magrinho. 

O Tico era adorado no seu bairro, tinha muitos amigos. Ele fugia da oficina de seu pai para brincar na rua com eles, e jogavam bola, queimada, peteca, pique-esconde, até que seu pai o chamava para ajudá-lo nos consertos. Uma vez, na oficina, ele encontrou uma bicicleta, da qual ele caiu várias vezes até encontrar o equilíbrio e começar a pedalar, pedalar, pedalar pelas ruas... Todo feliz! 

Um dia, Tico foi para uma festa de rua e seus amigos estavam soltando bombinhas. Seus pais já tinham dito para Tico não soltar aquelas bombinhas, mas, mesmo assim, Tico soltou bombinhas na festa e sofreu um grave acidente. A bombinha que ele soltou estourou em suas mãos, machucando seu braço e suas mãos. Tico foi levado para o médico, mas não teve jeito, ele teve suas mãos e parte de um braço amputados por causa do acidente com a bombinha. 

Naquele momento, parecia que o mundo tinha acabado para Tico e seus pais, mas eles voltaram para casa e retomaram a rotina, fazendo as adaptações necessárias para continuar a vida. O menino encontrou muitas dificuldades para levar uma vida plena, na escola, em casa, entre os amigos e em suas atividades diárias, como se vestir, comer e brincar. Aos poucos, contudo, ele adaptou sua cadeira e foi desenvolvendo habilidades com seus pés para as atividades que fazia antes com as mãos. 

Na escola, os professores e os outros alunos o ajudaram com sua nova cadeira, toda a escola se mobilizou para auxiliar Tico em suas adaptações. Tico aprendeu a escrever com os pés e, para treinar a caligrafia, ele escrevia cartas para Deus todos os dias. Diante de tanto esforço, ele superou esse obstáculo e, pouco tempo depois, já escrevia muito bem com os pés. 

E não parou de ajudar seu pai na oficina, passou a fazer pequenos reparos com os pés e foi aprimorando seu novo gesto motor. Também não parou de andar de bicicleta, ele colocou um cano no lugar das mãos para conseguir se equilibrar. 

Já adolescente, Tico foi convidado para fazer parte de uma equipe de esporte adaptado. Ele experimentou a corrida no atletismo, participou de competições, até que conheceu um grupo de atletas de paracanoagem. Ele teve tanto interesse na modalidade que foi assistir a um treino. 

O professor o convidou para remar, mas ele, muito tímido, e sem entender como remaria sem as mãos, ficou pensativo. Com criatividade, o professor e sua equipe experimentaram vários tipos de adaptações para ajudar Tico a remar. Foram adaptando até encontrar a melhor prótese para Tico, o que o motivou na prática do esporte. Tico teve vontade de desistir, mas, ao ver tanto empenho da equipe, resolveu continuar e persistir no esporte. 

Ele se apaixonou pelas águas e, inquieto, foi conhecer a natação e começou a nadar. Parecia um peixe, de tão leve que era, as pessoas ficavam impressionadas com sua desenvoltura nas águas mansas de uma piscina. 

Sua família o apoiava muito e lhe dava muito amor. Tico se sentia amado e forte. 

Tico tomou gosto pelas “braçadas” e não queria mais sair da piscina. Começou a nadar todos os dias em um clube que era muito distante de sua casa, mas ele não desistiu. Após muito treino, Tico se tornou um dos melhores atletas do Brasil na natação. Ele percebeu que desistir não era o melhor caminho e optou por seguir em frente. 

Tico mostrou para o mundo que a deficiência física poderia ter dado outro rumo para sua vida, mas ele escolheu o caminho da persistência e lutou duramente diante de todos os obstáculos encontrados, contra os preconceitos, contra a exclusão, e mostrou que o mundo pode ser um lugar melhor e que as pessoas com deficiência precisam apenas de oportunidade e acessibilidade, tanto por parte das coisas quanto das pessoas, que, em sua atitude, devem respeitar e valorizar quem é “diferente”.

Tico continuou os estudos e ainda pratica esportes – é um grande exemplo de superação! 

Entusiasmado, nunca acreditou que aquele acidente o deixaria de cabeça baixa e, com muita força de vontade, percebeu que, por meio do esporte, podia viver melhor. Deixou de ficar em casa sem fazer nada e desanimado e resolveu ir à luta, começou a se movimentar. O esporte mudou sua vida e melhorou sua qualidade de vida. Hoje, ele treina para chegar às competições internacionais, se espelha em atletas veteranos e acredita que pode mudar sua história ainda mais. 

Esta é uma parte da história desse atleta que teve sua vida marcada pela educação, pela arte e pelo esporte, mas seu maior objetivo não é apenas conquistar medalhas, mas também conscientizar o mundo de que a vida é possível para quem é diferente e que respeito ao próximo pode proporcionar uma vida plena.


Conto escrito por
Carina Alves

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima Eliane Rodrigues
Francisco Caetano
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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