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Testemunha de um Crime - Capítulo 30 (Último Capítulo)

Novela de Luiz Gustavo
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TESTEUNHA DE UM CRIME - CAPÍTULO 30

 

David e Adam locomovem-se pelos corredores e se espantam por não encontrarem nenhum dos capangas da organização ilegal, percebem que estão na parte mais baixa no interior do navio. Ao fazerem uma curva, a cautela de antes foram proficientes, um homem armado passou e um segundo depois caiu no pavimento com o pescoço quebrado, o adolescente pega a SMT 9 C com silenciador e coloca o objeto na cintura. Eles sobem as longas escadarias e chegam a um conjunto de portas e as descerram, trata-se de uma sala ricamente decorada. Seguiram pelo corredor, sentiram o forte cheiro de alvejante abriram a entrada e o aroma estimulou-se. 

O proprietário daquela central flutuante tinha uma piscina coberta. 
Adam e o homem colidiram e o impacto arremessa os dois no assoalho de madeira, David ergue a arma e simplesmente atira, pela primeira vez em direção a uma pessoa, a bala atinge em cheio nas pernas e o agente da ABIN, o lança na água que agora fica literalmente vermelha. 

- Precisamos nos separar! – David sugeriu. 
- David, não podemos fazer isso, somos dois contra esses caras. 
- Eu sei. 
- Você quer se vingar, eu entendo, mas esse homem é esperto. 
- Confie em mim, Adam. Deixa-me seguir sozinho. 

Adam poderia continuar falando, mas nada seria possível, quando a pessoa tem uma ideia em mente, não pode segura-la, ela apenas deseja prosseguir sua rota. É o destino de David enfrentar Junior Brandão, aguardado por toda sua existência. 

David locomove-se lentamente entre os passadiços do transatlântico, entrando em cada um dos cômodos, todos bem arrumados, mas sem a presença de ninguém, exceto um, aparentando ser uma suíte presidencial de um hotel cinco estrelas de Dubai, tudo com detalhes de ouro e brilhantes. Ele escuta o barulho da água cair sobre a banheira provavelmente, tranca a porta do quarto no trinco e divisa a cama de casal completamente arrumada com lençóis de seda. 

O garoto se esconde entre as longas cortinas vermelhas, quando o homem saiu com a toalha em volta da cintura e pega uma roupa no guarda-roupa, aleatoriamente, ao se vestir e passar uma fragrância masculina no corpo, Junior Brandão escuta um pequeno ruído.

- Quem está aí? 
- Sou eu... 

David mostra sua presença segurando a arma sem demonstrar seus temores, ao contrário de Junior que parece meio desconfortável. 

- Você que é o assassino da minha mãe? 

Junior Brandão solta uma pequena risada sarcástica, erguendo sua cabeça para o menino, quem ele pensa que é? Certamente não terá a coragem o suficiente para apertar o gatilho daquela SMT 9 C, caso contrário estará morto. 

- Não só da sua mãe e sim do Nicolas Ximenes e de milhares de outras vítimas, o dinheiro que manda no mundo. Maitê Fernandes foi apenas uma pequena barreira, uma simples poeira no meio do caminho, que mereceu o padecer. O primeiro disparo foi em direção da perna, ela gritou pelo seu nome e o segundo, simplesmente foi o fatal. 

David enoja-se com as palavras de Junior Brandão. 

- Não vai atirar? Talvez nem tenha coragem... 
- Não duvide de mim, seu filho da puta, sempre quis fazer justiça, mas aqui no Brasil não existe isso. Passou quanto tempo na cadeia? Dois ou três meses no máximo? No presídio de luxo. 
- Foi muito bom se quiser saber. 
- Você consegue dormir à noite? 
- Sim... 

Os olhos do adolescente começam a marejar, perdendo o foco do momento. Junior Brandão em um instante de descuido, tenta sair, mas a porta continua fechada no trinco.

- Vai me deixar sair ou não? – Ele gritou. – Coloque um fim nessa porra, então seu covarde filho de uma puta, sua mãe era uma cadela e o filho não passa de um vira-lata. 

David dispara milhares de vezes em direção daquele homem até as balas acabarem, em seguida, o corpo desaba no chão, o sangue começa a sujar o carpete. O adolescente passa a mão naquela constituição física, finalmente sem vida. A retaliação que sempre aguardou, agora pode descansar. Ele retira-se do cômodo sem nenhum tipo de remorso estampado no rosto, procurando o agente da ABIN em todo o navio. 

Um grande helicóptero circunda o transatlântico, através de um sistema de alto-falantes escuta-se a voz de um homem. 

- Polícia Federal! Estamos abordando este navio.

O adolescente encontra Adam no hall de entrada do restaurante. 

- O que você fez? – Indaga Adam. 
- Arranquei o mal pela raiz, matei aquele desgraçado. 

Adam faz uma careta de surpreso. 

- Bem, eu lutei com o administrador dessa facção e o algemei em um ferro.
- Será que ele consegue fugir? – David pergunta. 
- Acho pouco provável. 
- E o Patrick? 
- Parece que não está aqui no navio. 

Diversos barcos da polícia brasileira deslizavam em direção ao transatlântico. Enquanto a polícia federal prendia os traficantes e confiscava as drogas e armas com a ajuda da agência de inteligência civil, David e Adam descem para o porto do Rio de Janeiro, salvos. 

David teve um tempo para pensar, mesmo com o barulho dos helicópteros, sentia a presença da mãe lhe observando, era complicado, nunca conseguiu superar a perda, mas percebia que ela ia estar lhe acolhendo, em qualquer lugar que estivesse. 

A polícia brasileira com o apoio da Interpol não ia conseguir cessar a organização mafiosa que movimentava 37% do narcotráfico e do contrabando de armas em escala mundial e mais de 70% em nível nacional. Mesmo com Junior Brandão morto e Herbert Viana preso, sendo enviado para uma cadeia de segurança máxima, dava para controlar a conjunção apenas no Brasil com grande parte dos capangas atrás das grades, mas e no restante do planeta? Teriam que dar um passo de cada vez, o "cérebro" já tinha de sido detonado e mais do que nunca os países tinham que se coligar. 

Era quase uma hora da manhã e David estava a mais de 20 mil pés de altitude dentro do avião da FAB (Força Aérea Brasileira) regressando a São Paulo, finalmente sua vida voltaria ao normal depois daquele pesadelo. Ainda era madrugada quando saltou do carro no bairro onde morava, o patriarca o aguardava junto com os amigos, Matheus e Jefferson, Dona Hilda, Professora Maria, Amanda Lopez e Andressa Yamashita. David abraçou cada um deles, regressou como um vencedor dessa guerra, a pagina tinha virado e agora pode seguir adiante. 

Agora tudo parece um sonho, inclusive sair na rua sem ter a leve sensação de estar sendo seguido. Os dias transformaram-se em meses, David estava feliz ao lado de Andressa e junto aos amigos, na escola as notas são as melhores da sala como de praxe. Amanda Lopez segue namorando firme Adam Smith, o que parecia apenas um namoro típico, agora é quase um casamento. 

15 de outubro de 2015

Falta apenas um dia para o aniversário de David, o garoto encontra-se acomodado na sala de português fazendo uma atividade. Ao ouvir o barulho do sinal, espera todos saírem da sala para finalmente conversar com a professora Maria. 

- Lembra do primeiro dia de aula? – Ele indaga. 
- Eu falei que tínhamos algo em comum. A morte de pessoas que amamos e você, foi além de ficar só a margem e prosseguiu em uma rota, que os covardes não teríamos mesmos punhos. 
- Amanhã é o meu aniversário professora e quero te convidar para uma pequena confraternização que vai ter lá em casa, apenas com alguns amigos, coisa básica. 
- Pode me esperar. 

David contempla a face da professora, os dois sempre se entenderam apenas no olhar, o garoto retira-se da sala, caminhando entre os corredores ao lado dos dois amigos. 

- Isso está prestes a acabar. – Jefferson começa a falar. – Só de pensar que ano que vem, não estaremos aqui, vamos ser amigos a vida toda, mas a escola sempre foi o centro de tudo. Por mais que seja chato vim para cá, é difícil pensar em sair. 

Jefferson, Google e David acomodam-se no banco entre os corredores para prosseguir o diálogo. 

- Um dia seremos pais, avós e isso aqui é uma lembrança. 
- Isso mesmo Google, passageiro. – Disse David. 
- Estão ligados no The Big Bang Theory? Vamos marcar um dia da semana, que sempre vamos nos encontrar ou na casa de um de nós, ou, por exemplo, num restaurante.– Matheus sugere uma ideia. 
- Ainda acho cedo para pensar no amanhã, vamos deixar acontecer, ainda falta dois meses para o final do ano. – Justifica Jefferson. 

David se levanta ao avistar Andressa subindo as escadas, ele a puxa para um local mais reservado próximo da saída de emergência no terceiro andar, para que ambos os lábios se encontrassem um intenso beijo.

- Preciso te mostrar uma coisa que escrevi faz um certo tempo. 
- O que é David? 

O adolescente retira uma carta do bolso e entrega nas mãos da namorada, meio envergonhado. 

- Escrevi alguns dias antes de ser testemunha de um crime. 

Andy começa a ler cada palavrinha transcrita na folha de caderno: 

"Querida Andressa, tinha que escrever o que estou sentindo ou não aguentaria mais respirar, talvez não sinta o mesmo, o que é bem obvio, mas quero que saiba que tu iluminas a minha jornada chamada: vida. Lembro-me vagamente o dia o qual nos conhecemos, sempre conversamos pouco, mas acredito esse ano será diferente, assim como numa música, esse é o nosso destino de viver juntos, estou apaixonado por você, simplesmente viciado em seu perfume,como uma criança anseia pelos doces, infelizmente não estamos caminhando em plena meia-noite. "

- É simplesmente perfeito. 
- Achou mesmo? 
- É uma linda carta, pena que não me entregou antes. 
- Estava com medo. 
- Não deveria, o sentimento sempre foi recíproco.
- Ainda não acredito que isso é verdade, sabe? 
- Porquê? 
- Tudo parece mais um sonho, um devaneio adolescente. 
- Foram dias de tristeza. 
- Sim, finalmente desvendei o mistério, o seu enigma. 
- Que enigma? 
- O do seu olhar, sempre achei você muito tímida. 
- E ainda sou, a diferença é que você me conhece agora. 
- E te amo muito. 

Mais um dia de aula se acaba, David segue andando para casa, os amigos foram fazer um trabalho na biblioteca do C.E.U e Andressa Yamashita ajudar o restaurante da família, os pais da garota alegres como nunca, não apenas com os negócios, também com o lar. Ao chegar em casa e assear-se, o garoto esquenta seu prato no micro-ondas e começa a se alimentar, tomando um suco de maracujá, a campainha branda algumas vezes, ao abrir o portão da garagem espanta-se com a visita, trata-se de Adam, seu novo e velho amigo. 

- Tudo bem, Adam? 

Os dois infiltram-se na sala, sentando no estofado. 

- Como anda a vida do melhor agente civil do Brasil? 
- Muito boa. 
- E a família? Cadê a Amanda e o Nick?
- Em casa, os dois se dão bem juntos. 
- Com certeza. 
- E como está a Andressa e os seus amigos? 
- Todo mundo triste, pois vamos sair da escola. 
- É uma época de amadurecimento. Você escolheu a sua profissão? 
- Depois de tudo que aconteceu, penso em me tornar um agente secreto que nem você Adam ou um advogado. 
- Seria muito bom te ter como colega de trabalho. 
- Adam, uma curiosidade, ainda tem notícias do Patrick Salvatore? 
- Infelizmente não, parece que fugiu do país. 

Os dois conversaram por bastante tempo, colocando o papo em dia, Adam vai embora deixando o adolescente sozinho na morada, aguardando o pai. Aquele momento era de expectativa para o futuro, amanhã seria o dia de sua maioridade, pode fazer o que quiser agora nos seus 18 anos, deve carregar muitas responsabilidades nas costas. 

A noite acoberta a metrópole, seguindo da madrugada e de uma nova manhã, um novo tempo para David, não haveria aula por causa do conselho de classe. Ao despertar e observar o relógio, leva um susto de Dona Hilda, que tem essa mania de vê-lo dormindo. 

- Feliz aniversário, trouxe um presente! 

Hilda entrega ao garoto o embrulho azul com um pequeno laço, ao abrir, maravilha-se ao tocar no acrílico da embalagem do CD, do cantor britânico Ed Sheeran: X.

- Obrigado Dona Hilda, é o meu álbum favorito!
- Você merece, é simples, mas de coração. 
- É tudo o que eu queria nesse momento. 

Dona Hilda tinha muitas coisas para ajeitar, lanches e salgados para fazer, e o bolo do aniversário feito de chocolate meio amargo, o predileto de David. A senhora tem apenas um filho crescido e um neto, mas ambos moram em outro estado, o adolescente é que nem uma família. 

As visitas começam a chegar cedo, para ajudar, Jefferson, Matheus e Andressa que começa a arrumar a casa e montar uma pequena decoração na sala, com as melhores fotos de David, desde que se conheceram. A professora Maria adentra na casa com uma caixa embrulhada para presente.

- Esse é um presente de nós quatro, eu a Andressa, Jefferson e Matheus. 

David faz uma cara de espanto. 

- Posso abrir? 
- Não vejo nenhum problema né gente? 

Em pleno acordo, David rasga o papel de presente e se assusta ao contemplar o seu videogame dos sonhos, o Xbox One. 

- Não dá para acreditar galera, vocês são doidos, muito obrigado. 
- Você merece isso amor. 

Andressa se aproxima e beija o garoto. 
A campainha toca novamente, trata-se de Adam, Nicolas e Amanda, aquele presente ainda era maior, as principais pessoas de sua vida, reunida em apenas um ambiente, faltava uma mais especial, o patriarca. 

Nick abraça o adolescente. 

- Eu estava com saudades de você. – Afirma a criança. 
- Também Nick, sumiu. 
- Você quase não vai visitar a gente. 

Amanda esboça um sorriso ao ficar de frente com o amigo, os dois enfrentaram muitas coisas juntos e agora estão libertos daquela temporada de horror. 

- Ainda sinto falta daqueles momentos. – Ironiza Amanda. 
- Foi um ensinamento. 
- Para nós dois. 

Escuta-se uma buzina do lado externo, David corre para saber de quem se trata, é do pai que salta de um veículo simples, provavelmente usado, comprado de algumas economias, esse é o seu presente para o filho, que tinha se tornado um homem íntegro. Roberto abraça o garoto, da mesma forma que sempre o abraçou desde a infância no interior de São Paulo. 

- Eu te amo, pai. 
- Também te amo filho, mas terá que tirar sua carteira primeiro, agendei tudo e suas aulas começam semana que vem. 
- Sério? 
- Sim. 
- Dois presentes? Você é o melhor pai do mundo. 
- Eu não era antes? 
- Sempre foi! 

Os dois sorriram, David pode retornar para o interior da morada, sente uma pequena tontura e eleva-se para o segundo andar. No quarto encontra uma pequena caixinha branca acima da escrivaninha, provavelmente uma nova lembrança. 

- Dona Hilda atacando novamente! 

Ao abrir divisa uma foto sua de minutos atrás, com uma pequena legenda escrita de caneta vermelha: AINDA NÃO ACABOU.
 





INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO

TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)

BAD GUY – BILLIE EILISH


COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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