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Antologia A Magia do Natal: 7x02

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Sinopse: Desde que nasceu, tudo o que via do mundo era o que a janela lhe permitia. Nunca havia saído daquele prédio e tudo o que conhecia era aquela paisagem e o que lhe contavam ou assistia pela TV de seu quarto. Sabia que o mundo era imenso, mas não o seu. O seu era pequeno e de uma única paisagem. Assim era Alice, uma menina doce que sonhava em um dia viver o Natal em sua plenitude.

7x02 - O Tsuru de Natal
de Jacqueline Quinhões da Luz

  Desde que nasceu tudo que via do mundo era o que a janela lhe permitia. Nunca tinha saído daquele prédio. O que conhecia era aquela paisagem e o que lhe contavam ou assistia pela TV de seu quarto. Sabia que o mundo era imenso, mas não o seu. O seu era pequeno e de uma única paisagem. A árvore da qual via apenas a copa pois seu tronco era encoberto pelo alto muro que protegia o prédio da rua.

Assim vivia Alice. Uma menina muito inteligente e doce. Sempre na companhia de sua mãe que intercalava com a de seu pai e algumas visitas dos avós, quando eram permitidas. Já tinha seis anos, todos ali dentro, tendo suas comemorações com os mesmos convidados, enfermeiras, médicos e seus pais. Ficava horas na janela olhando e sonhando o que tinha do outro lado do muro. Via o movimento dos carros, pessoas e ficava imaginando onde estariam indo. Às vezes se sentia solitária. Queria amigos de sua idade para conversar pessoalmente. Sua condição física não permitia contatos com outras pessoas além das autorizadas, Alice tinha nascido com uma doença congênita que exigia constante tratamento e acompanhamento, por isso nunca saíra do hospital. Já estava acostumada com injeções, exames, dietas, medicações...essa era sua rotina, mas queria ver gente, pessoas vestidas com cores, pensa Alice que sempre os via de branco ou verde claro quando ia para o bloco cirúrgico. Sim, a menina já tinha feito algumas cirurgias na tentativa de reverter seu quadro, porém ainda sem sucesso. Mas Alice se permitia sonhar, sonhava com o dia em que sairia dali e conheceria pessoas, o mundo que existia além daquele muro, pessoas com rostos diferentes, vestindo cores.

Certa vez, estava na janela, olhando o céu e viu uma linda pipa colorida. Como era linda. Suas cores, sua liberdade... Alice ficou ali, encantada com o que via. Tentou ver quem estava no controle, mas o muro lhe impedia. Parecia tão livre, voava ao sabor do vento. Notou que tinha um desenho, um pássaro, desses que se faz com dobraduras, só que desenhado. Aquele dia, algo diferente havia acontecido em sua paisagem e isso fez com que sentisse um pouco mais próxima do mundo lá fora. Sentiu-se bem.

No dia seguinte, apressou-se em ir para janela, na expectativa de ver a pipa de pássaro mais uma vez. Ela estava lá. Ficou curiosa. Quem seria seu dono? Olhou para a mesinha próxima e viu uma embalagem vazia. Pegou um papel, escreveu um bilhetinho, tinha aprendido a escrever com sua mãe, embrulhou na embalagem e reuniu suas forças para atirá-la por cima do muro sem que sua mãe visse, porém ela retornou e precisou sair da janela.

Do outro lado, um menino foi atingido pela embalagem, viu que havia algo escrito, leu e curioso, subiu nos galhos da árvore para ver quem tinha arremessado, mas já não havia ninguém nas janelas próximas. Ficou curioso. No bilhete dizia:

— “Olá! Sou Alice e você? Sua pipa é muito linda. Como é mesmo o nome desse pássaro desenhado nele?”

Sem poder responder, o menino recolheu sua pipa e foi embora, morava ali perto, voltaria no dia seguinte, quem sabe conseguiria ver Alice.

E assim aconteceu. Voltou no dia seguinte, tratou de colocar sua pipa no ar, mas colocou uma folha grudada onde dizia:

— “Olá Alice! Sou o Gabriel, dono da pipa. O nome do pássaro é TSURU.”

Alice, que já aguardava na janela para ver a pipa, ficou sem palavras. Essa era a primeira vez que tinha contato com outra criança que não estivesse internada no hospital como ela. Mesmo sem ver estava adorando, se sentindo parte de um mundo que até então não lhe pertencia. Guardou segredo do ocorrido, temia que implicassem com essa atitude e não a deixassem mais ficar na janela. Pegou a embalagem vazia que havia guardado, escreveu mais um bilhetinho e com certa dificuldade, conseguiu arremessar novamente para seu novo amigo invisível chamado Gabriel, onde dizia:

— Muito prazer Gabriel. Eu moro aqui, não posso sair enquanto os médicos não derem alta para meu caso. Sempre morei aqui, desde que nasci. Queria ser como sua pipa e voar livre pelo céu azul.

Gabriel, leu o novo bilhetinho e se comoveu. Imaginou como seria passar uma vida inteira dentro de um hospital, sem conhecer o mundo fora dele. O que teria sua amiga que lhe privava da liberdade? Já estavam perto do Natal, como seriam os Natais de Alice ali dentro? Precisava fazer algo para alegrar sua amiga e lembrou de sua curiosidade sobre o pássaro desenhado em sua pipa. Resolveu fazer uma linda dobradura de Tsuru, e de alguma forma fazer com que chegasse até ela, junto com sua lenda, que diz ser uma ave sagrada, símbolo da saúde. E se conseguisse fazer 1000 Tsurus? A lenda diz que se conseguir essa quantidade um desejo se realizava, pediria pela saúde de Alice.

Foi até a portaria, perguntou sobre uma menina que morava no hospital desde que nasceu, chamada Alice, cujo quarto tinha janela na parte da frente do prédio. A recepcionista disse saber de quem se trata, mas que não podia receber visitas. Gabriel lhe pediu para que entregasse a amiga o Tsuru junto com um bilhetinho e a moça aceitou, não viu mal algum.

Alice recebeu a dobradura e ficou muito feliz, animada. Adorou conhecer sobre a lenda. Não sabia fazer, mas ficou emocionada com a iniciativa de seu novo amigo. Tinha o primeiro dos 1000 Tsurus que lhe trariam o que tanto desejava, sua liberdade. Era um lindo Tsuru vermelho. A lenda dizia que se na hora da dobradura tivessem o pensamento firme no desejo, ele se realizaria. Acreditava que Gabriel assim o faria.

No dia seguinte, estava chovendo, não viu a pipa e nem sua mãe deixou que chegasse perto da janela, temia que pegasse uma corrente de ar e resfriasse. Estava triste deitada em sua cama, adormeceu. Quando acordou, viu na mesinha ao lado um novo Tsuru, desta vez era verde. Alice voltou a sorrir. Seu amigo não havia esquecido. Sua mãe, achava que tinham sido feitos por alguma enfermeira ou médico, não imaginava que vinha de outra criança de fora do hospital.

E muitos Tsurus foram chegando, diariamente. A mãe providenciou uma caixa para que não se perdessem. Aos poucos o quarto ganhava cores variadas e lá fora...A pipa sempre marcava presença para que Alice soubesse que tinha um amigo do outro lado do muro. 

Alice pegou um resfriado que evoluiu para uma pneumonia, ficou sob cuidados intensos em uma unidade. Naquele dia, Gabriel quando foi deixar na portaria os novos Tsurus, recebeu a notícia. Ficou muito preocupado, precisava ser rápido, ainda faltavam muitos para chegar nos mil e queria muito que Alice passasse o Natal em casa. Acreditava muito que quando atingisse os mil, sua amiga ficaria boa e receberia alta. Aqueles Tsurus eram especiais, além da saúde permitiriam que sua amiga conhecesse o Natal fora do hospital. Eram Tsurus de Natal.  Decidiu pedir ajuda para a confecção das dobraduras, Contou aos amigos, parentes e até para a recepcionista do hospital sobre sua missão e todos se engajaram em apoiá-lo. Em pouco tempo uns iam contando aos outros e começaram a surgir Tsurus de todas as partes. No hospital tinha virado mania sempre encontrar alguém em momento livre dobrando um papel colorido e dando forma ao pássaro da saúde de Alice.

Quando Alice retornou para o quarto, nem acreditou no que vira. Tinham centenas deles pendurados dando um colorido incrível. Ficou feliz. Sua mãe, agora já entendia o que estava acontecendo e só de ver sua filha ali, melhor e com aquele sorriso no rosto já se enchia de esperança e gratidão.

Alice foi melhorando a cada dia. Seus exames surpreendiam a equipe médica e Gabriel recebia com alegria essa notícia. A corrente do Tsuru estava surtindo efeito e ele acreditava nisso.

Faltavam poucos para os mil necessários e poucos dias para o Natal. Alice seria submetida aos últimos exames. Os médicos disseram que se os resultados positivos dos últimos se repetissem, ela poderia sair e continuaria seu tratamento em casa. Em seis anos essa era a melhor notícia que tinham recebido, parecia um sonho.

Na sua casa, Gabriel iniciava a dobradura do milésimo Tsuru. Esse precisava ser ainda mais especial, fez questão de fazer ele mesmo. Depositou nele toda sua vontade de que sua amiga recebesse alta.

No dia seguinte, um lindo dia de sol tratou de colocar no ar uma linda pipa, maior do que o que costumava usar. Nela tinha o desenho do Tsuru e o número 1000 em destaque. Alice quando viu a pipa ficou emocionada. Estava dando tudo certo. Nisso entra no quarto a equipe médica com os resultados dos exames. Seu coração acelerou, estava ansiosa.

Todos muito emocionados receberam a notícia de que Alice poderia ir para casa. Iria conhecer o mundo, sua casa e a família. Alice não se continha de tanta felicidade e seus pais muito emocionados trataram de recolher o necessário para saírem logo, claro que as caixas com os Tsurus não deixariam de ir junto. Com ajuda foram rápidos, não viam a hora de mostrar para filha o mundo lá fora. Ouviram atentamente as recomendações médicas. O tratamento continuaria em casa, qualquer alteração deveriam correr de volta.

Quando passava pela recepção, Alice recebeu das mãos da recepcionista um lindo Tsuru em tamanho maior do que os outros e na cor dourada. Alice andou até o portão e olhou na direção da árvore, mas não tinha ninguém. Queria agradecer ao amigo tanto empenho, mas ninguém sabia onde encontrá-lo. Ansiosos, os pais a levaram para casa.

Eram tantas novidades, tanto a conhecer, mas Alice não esquecia do amigo Gabriel. Olhava o Tsuru dourado e sentia uma enorme vontade de encontrá-lo. Sua mãe notou o quanto sua filha desejava agradecer ao amigo e ela também queria. Sempre olhava para o céu na esperança de ver uma pipa com desenho de Tsuru.

Aquele Natal seria diferente, mágico tinham a filha em casa pela primeira vez. Decidiram montar uma árvore de Natal, mas queriam que fosse uma árvore muitooo grande para que conseguissem colocar os Tsurus. E conseguiram acomodar todos numa árvore na praça, da frente de sua casa. Ela lembrava muito a árvore que Alice via da janela do quarto do hospital. Essa era a árvore ideal. No topo o Tsuru dourado, o milésimo. E presa a árvore seu pai colocou uma pipa em que dizia: “Obrigado meu amigo Gabriel!”.

Estavam ali contemplando o trabalho feito. Estava lindo. Alice tinha a mais linda árvore de Natal, que com os Tsurus pendurados representava também a árvore da vida. Distraídos, os pais e a menina não viram um carro que parava próximo. Quando Alice virou, viu um menino que trazia nas mãos uma pipa. Era Gabriel na companhia da recepcionista do hospital. Finalmente poderia agradecer ao seu amigo. A mãe de Alice, vendo que essa era sua vontade, decidiu ir até o hospital e conversou com a moça que se prontificou de achar o menino. E não era apenas Gabriel que chegava, mas todos que tinham contribuído com a confecção dos Tsurus. Em pouco tempo a praça estava cheia de crianças e pessoas de todos os cantos, médicos e enfermeiros do hospital. Todos tinham ido celebrar a saúde de Alice. Era emocionante ver quantas pessoas colocaram na lenda do Tsuru o desejo da cura da menina.

E foi assim que Alice marcou o início de uma nova vida, rodeada por pessoas que acreditaram que isso aconteceria. A magia do Natal estava no ar. O Tsuru de Natal havia unido todos em torno de um mesmo desejo, uma única vontade e esse desejo se tornou realidade.

Alice tinha ganho sua liberdade. Como se tivesse renascido e não tinha melhor época para isso acontecer, teve sua primeira celebração de Natal fora do hospital e rodeada de pessoas especiais. Ganhou muitos amigos, um muito especial chamado Gabriel e juntos tiveram um Natal Mágico, feliz onde a paz, união e solidariedade foram presenças marcantes.

Conto escrito por
Jacqueline Quinhões da Luz

Tema de abertura
Jingle Bell Rock

Intérprete
Glee

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima Gisela Lopes Peçanha Paulo Mendes Guerreiro Filho Pedro Panhoca Rossidê Rodrigues Machado Telma Marya

Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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