7x03 - O Natal dos Pets
de Manu Ferreira
Uma época de festividades, comida farta, presentes ao redor
da árvore e muita esperança. Quem não ama o Natal?
Nós.
Dia 24 de dezembro, 19:15.
(Café, canino, 8 anos)
Hoje é mais um dia daqueles em que toda nossa família se ausenta, mais um dia deprimente. Nunca compreendi o motivo de que, em todos os anos, em um único dia, todos eles saem juntos e nos abandonam, qual o pretexto que arranjam para nos desamparar? Ao mesmo tempo, desconhecidos soltavam fogos de artifício no céu de milhares de cores vibrantes e reluzentes, eram formosos, admito. Porém, também eram meu ponto fraco. Fogos de artifício me deixam louco, meus ouvidos doem com aquele barulho alto e minha cabeça entra em uma completa desordem.
Dia 24 de dezembro, 19:15.
(Nala, canina, 5 anos)
Não acredito! Eles vão sair de novo?
Não bastam saírem diariamente e se ausentarem por horas?
Bem, nunca ficamos totalmente sozinhos, minha avó e avô afastam-se de casa
aproximadamente 12 horas, mas a mamãe fica conosco. Contudo, eles realmente têm
necessidade de realizar este ritual anual de se ausentarem em um dia
específico? Precisamos de alguém, não podemos ficar sozinhos. E se não
voltarem? Não quero nem pensar...
Quem nos daria comida? Quem brincaria conosco? Quem nos daria banho ocasionalmente para não ficarmos porquinhos? E o mais importante: QUEM NOS DARIA COMIDA?
Dia 24 de dezembro, 19:15.
(Snow, felino, 6 anos)
Os cachorros estão tristes, não entendo o motivo.
Não gosto de vê-los nesse estado, são chatos, mas são minha família! Ninguém gosta de testemunhar a família triste, nem mesmo um gatinho com uma personalidade tão diferente da deles, como eu. O resto de nossa família vai sair, será que esse é o motivo de estarem tão tristes assim? Mas fazem isso todos os anos, já não se acostumaram?
Dia 24 de dezembro, 19:15.
(Frajola, felino, 1 ano)
Ah! Não!
Minha mamãe vai sair, vai me deixar aqui sozinho com estes dois cachorros malucos e esse gatinho dorminhoco? Ainda sou uma criança e odeio ficar longe da mamãe, sou dengoso. Não entendo o porquê de não me levar junto, sou tão pequenininho! Caibo numa bolsinha qualquer.
Café, Nala, Snow e Frajola são 4 bichinhos muito felizes que
amam muito sua família! São bem diferentes um do outro, mas se amam. Família é
assim, nenhuma é perfeita.
Nossa história começa no dia 24 de dezembro, véspera de
Natal. Os humanos da família Belmonte tinham uma tradição: passar todos os
Natais na casa da tia mais velha, era uma forma de ainda manter o espírito
natalino e fixar laços familiares sólidos e estáveis. Mas quem não entendia
isso eram os bichinhos de estimação da família, afinal, nunca lhes fora
explicado o significado do Natal. Os humanos, com essa ideia tola de que os
animais são seres irracionais e não entendem essas coisas, nunca contam nada,
achando ser algo inútil, deixando-os tristes na hora H, justamente por nunca
estarem a par de nada.
— Tchau, pessoal!
Os humanos se despedem e, em seguida, fecham a porta da sala
de estar. Deixando os pequeninos sozinhos e tristes, à deriva de mais uma
sessão de choro a qual davam início frequentemente no dia a dia.
— Meu Deus, estamos sozinhos! — A carinhosa Nala entra em
desespero e grita em seu tradicional cachorrês. — Não gosto de ficar sem a mamãe,
ela é a única que me entende! Todos os outros humanos brigam o tempo todo
comigo! O que vamos fazer? E se precisarmos de algo? E se quisermos brincar de
bolinha e não termos ninguém para jogar? E o mais importante: E SE FICARMOS SEM
COMER? Oh! Deus, o que faremos?
Desesperada, a peluda marrom clara, preta e branca cuspia
todas aquelas palavras com a velocidade de um Papa-léguas. Entretanto, logo ela
cessa a sua cena quando Café, um cachorrinho com a pelagem da mesma cor da qual
fora batizado, dá um tapa em sua cara.
— Quer parar, mulher? Calma lá!
— Mas é uma palhaça, mesmo... — O albino Snow diz entediado,
enquanto tomava um banho. Sendo que o chuveiro era nada mais nada menos que sua
língua. — A mamãe já volta, ela sempre volta.
— Mas saíram todos juntos! Eu estou com medo, isso não é
normal!
— Fazem isso todo ano, Nala.
— Mas todo ano eu entro em pânico!
— Eu também não estou gostando nada disso, quem vai fazer
carinho na minha barriguinha durante esse tempo? — Frajola, o gatinho preto e
branco completa.
— Eu posso fazer!
— Obrigado, Café, mas você não tem polegares.
— Magoou! Mas por que será que fazem isso todos os anos?
— Acho que isso é uma coisa que nunca descobriremos.
— Querem aproveitar que as autoridades saíram para fazer
bagunça?
O branquelo Snow sugere a façanha. Snow sempre foi o mais
indiferente a tudo e corajoso, enquanto os outros... Melhor não entrarmos em
mérito.
— Eu topo! — Exclama o pequeno e mesclado gatinho Frajola.
— É sério que vamos fazer isto? — Pergunta Café, o mais
velho da gangue.
— Qual é, a mamãe nunca nos deixa brincar com aquelas
bolinhas ali naquela tal árvore de Natal, como eles chamam.
— Natal... O que será?
— Será que é de comer?
— Nala!
— Desculpe, é inevitável...
E então, o pandemônio começa.
Frajola e Snow atacam a árvore de Natal com uma vontade que
revelava almejarem fazer isso há muitos dias, seus olhinhos brilhavam ao tirar
as bolinhas roxas da árvore de cor branca e jogarem de um lado para o outro com
suas patinhas. A imensa alegria de terem um milhão de brinquedos novos era
adorável. Nem o Pet Shop, com seus brinquedos elaborados e fabricados
justamente para animais, satisfazia tanto quanto aquelas pequeninas bolas
plásticas coloridas. Já Nala e Café, optaram por “batizarem” o sofá da sala de
estar. Eles arranhavam cavando o sofá como se fosse um amontoado de terra,
pulavam no mesmo como se fosse uma cama elástica, viam aquilo como um parque de
diversões.
[...]
— O-o que aconteceu aqui?
Era meia-noite e meia da noite de Natal, oficialmente dia 25
de dezembro, e esse era o presente para os humanos da família Belmonte, um
completo caos na casa. O sofá caro apresentando vários rasgos e arranhões, as
almofadas importadas destruídas e quase sem mais nenhuma espuma nelas, o tapete
chique todo rasgado. A árvore de Natal caída no chão e seus enfeites quebrados,
era terra para todo lado, já que mesmo artificial a árvore branca estava
plantada em um grande vaso também de cor branca para dar um aspecto a mais de
pinheiro coberto por neve.
— Stela, SOME COM ESSES BICHOS DAQUI! — Regina, a atual
esposa de Olavo, grita furiosa. — Leve-os para o seu quarto imediatamente,
senão, não sei o que faço!
— Que merda é essa? É para isso que temos animais de
estimação? Não é normal, bichos serem tão indisciplinados e bagunceiros assim!
Some daqui, Stela. SOME DAQUI! — Olavo, o pai, berra. — Senão, vou dar eles!
Era óbvio que tudo aquilo era o calor do momento e Olavo
nunca iria dá-los a outras pessoas para serem responsáveis, mas aquilo era
inadmissível! Ele estava com toda razão de estar transtornado, revoltado com a
situação. Os dois estavam.
— Tudo bem...
Um pouco assustada e, ao mesmo tempo, também irritadiça,
Stela faz o que foi pedido e leva os animais para longe dali, onde sempre
dormiam e passavam tempos agradáveis e divertidos com ela durante a tarde. Os
animaizinhos amavam Stela, a enxergavam realmente como uma mãe e ela os enxergava
como seus filhos. Cuidava dos quatro com todo o cuidado e carinho possível, ela
chegava a dar mais atenção e amor para eles do que para outros humanos. Mas
isso não a impedia de reconhecer ser a mãe de quatro bichinhos super
bagunceiros, travessos e, que mereciam, sim, que ela ficasse com raiva às
vezes.
Os animais não entendiam absolutamente nada que desencadeou
toda aquela comoção e revolta da família, para eles, aquilo não era bagunça. Só
estavam brincando para passar o tempo enquanto estavam sozinhos, afinal, quem
mandou os abandonar? Estavam tão distraídos com a bronca que nem receberam
Stela aos pulos e lambidas como de costume, por isso, não repararam que ela
havia chegado com quatro caixinhas em sua mão, todas envoltas por um tipo de
papel branco com várias patinhas de cor preta.
— Por que fizeram isso, pessoal? Às vezes, vocês pedem para
levar bronca, não?
“Do que ela está falando?” — O caçula Frajola olha para seus
amigos, se comunicando em sua linguagem não compreendida por humanos.
“Não sei, mas até parece que fizemos besteira! Deixamos a
sala muito mais bonita do que estava...” — Snow responde.
“Vocês viram a surpresinha que deixei no tapete?” — Café se
refere a um enorme bolo de... Bem, um bolo de coisas fedorentas. — “Aposto que
adoraram!”
“Além disso, as almofadas agora foram consertadas e estão
sem aquela espuma toda por nossa causa, eles nem precisam gastar dinheiro com
isso! Somos muito bonzinhos, não?”
— Bem... Nenhum de vocês quatro merece, eu nem devia dar
isto! Mas trago em todos os anos, então... Aqui está!
E então, ela abriu cada uma das caixas, fazendo a felicidade
dos companheiros. Eram brinquedos! Uma corda azul para brincar de cabo de
guerra para Café, que adorava demonstrar toda a sua força, uma bolinha rosa
para Nala que era uma amante de esportes, uma haste azul com cinco penas verdes
em sua ponta para Snow que, adorava caçar passarinhos e por isso adorava tudo
que os lembrava e um brinquedinho rosa cujos 3 círculos eram empilhados e,
tinha uma bolinha em cada, como um labirinto de bolinhas, para Frajola, que
adorava desafios.
— Feliz Natal, meus amores!
“Todo ano ela fala isso, mas o que é esse tal de Natal?” —
Curiosa como sempre, Nala pergunta.
“Deve ser um dia para ganhar presentes... Sem ser o dia do
nosso aniversário, sabe?” — Responde o sábio Snow.
“Ganhar presentes é muito legal, mas a que custo? Ficarmos
sozinhos, sem a mamãe? Não gosto do Natal!” — Exclama o gatinho degradê.
“Pelo menos, podemos fazer surpresas e alegrar a família
enquanto estão fora, como hoje.” — Café sempre vê o lado bom das coisas.
— Vocês sabem o que é o Natal? Bem, há muito tempo, muito
tempo mesmo, um homem chamado Jesus nasceu. Ele é filho de Deus, sabem? Aquele
que criou vocês, a mim, a todos e tudo neste mundo! Desde então, o Natal é
comemorado como o dia de seu aniversário. — diz Stela.
“É aniversário de outro homem e, quem ganha presentes somos nós?
Gostei desse Jesus, hein? Gente boa, parceiro!” — Café ri da situação.
— O Natal não é só um dia para ganhar presentes, o Natal
é... Amor. É um dia para amar o próximo e alegrá-lo, por isso, a tradição de
trocar presentes. É um dia para ver e interagir de melhor forma com a família e
amigos, é um dia lindo! Por isso, saímos e deixamos vocês só um pouquinho aqui
sozinhos, fomos ver o resto da família.
— diz Stela.
Tema de abertura
Jingle Bell Rock
Intérprete
Glee
CAL - Comissão de Autores Literários
Bruno Olsen
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
REALIZAÇÃO
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