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Antologia A Magia do Natal: 7x04

Conto de Luisa Garbazza
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Sinopse: Natal no coração narra a história de fé e amor de Maria, uma dona de casa que usa da criatividade para criar e educar seus dez filhos. Vivendo as dificuldades da vida, ela não se deixa abater pelos obstáculos, mantém sempre acesa a esperança em dias melhores, esperança essa que sempre é renovada em época de Natal.

7x04 - Natal no Coração
dLuisa Garbazza

Nos idos de 1970, passando por dificuldades, Maria se desdobrava para criar seus dez filhos. Mulher de fé e de extrema espiritualidade, confiava sempre na providência divina para as necessidades de tão numerosa prole. O marido, assalariado, fazia a sua parte, mas era pouco frente aos gastos da família. Tudo era regrado, contado, repartido. Maria, no entanto, era uma pessoa de muita criatividade, sabia ensinar por meio de atividades lúdicas, o que fazia a diferença na vida da meninada, principalmente em épocas de festas, como o Natal.

No sítio onde moravam, a vida caminhava a passos lentos. Longe do burburinho da cidade, os dias eram longos, sobretudo em época de férias.  Mas o tempo para Maria era bem corrido. Para ajudar o marido nas finanças, ela trabalhava como lavadeira, das mais extremosas. Aproveitava a extensa laje natural que havia nos fundos da casa, perto de um córrego de águas claras, para quarar as roupas ao sol. – Até brilhavam, de tão brancas que ficavam. – Nos fins de tarde, mesmo cansada da lida, Maria reservava um tempo para brincar com as crianças. A criatividade não tinha limites, eram brincadeiras diversas, as mais divertidas: brincadeiras de roda, corre-cutia, passar anel, com quem está a bola e tantas outras. Às vezes, nos dias mais frios, pedia aos meninos maiores para sair nos arredores e buscar tocos de lenha, com os quais se fazia uma fogueira. Ali no terreiro, aproveitando o clarão do fogo – não havia energia elétrica no lugar –, Maria se assentava com os filhos para contar histórias. Eram momentos de proximidade, de olho no olho, de família reunida. As histórias despertavam o interesse, a imaginação, e os olhos brilhavam de contentamento. Nessas noites, o sono sempre ficava para mais tarde, ninguém queria abandonar o aconchego sentido no entorno da fogueira. O momento de se recolher era sempre carregado de uma pontinha de tristeza, um gostinho de quero mais.

– Mamãe, conta mais uma história! – dizia um.

– É, mamãe, conta! – pedia outro.

– Hoje não. Já está tarde. Vamos deixar para outro dia. Precisamos descansar. – respondia a mãe com voz doce, acompanhando os filhos para o interior da casa, onde cada um ia logo se ajeitar para dormir.

Valendo-se da criatividade, Maria fazia da vida uma festa. As crianças nem sentiam a escassez de recursos materiais em que viviam. As brincadeiras e os momentos de oração, cultivados pela mãe, preenchiam a vida. A tristeza e as preocupações ficavam por conta da própria Maria, que trabalhava dia e noite para que a família tivesse um pouco de dignidade. E sempre envolvia os filhos nas tarefas de casa, como estender roupas no quaradouro, varrer os terreiros, buscar água na mina para beberem. Na luta de cada dia e na ajuda mútua, a vida fluía a contento, apesar dos reveses. E quando as coisas ficavam mais difíceis, Maria convidava os filhos para um passeio pelo mato. Andavam, subiam em árvores, apanhavam frutas silvestres, exploravam pequenas grutas. A mãe ia aconselhando:

– Cuidado onde pisam!

– Essa fruta não serve para comer!

Voltavam para casa felizes! Com o corpo cansado, mas com a alma leve.

...

Quando chegava dezembro, mês de férias e do Natal, Maria via os filhos ansiosos, como toda criança, na expectativa de ganharem algum presente nesse dia mágico que se aproximava. Com o coração apertado, ela tentava, às vezes em vão, reservar algum trocado para comprar algo para os filhos, que já contavam os dias. Quando as condições eram favoráveis, os embrulhos enriqueciam o entorno da árvore de Natal. Eram, quase sempre, coisas do cotidiano: uma escova de dente, um sabonete, um creme dental, um par de meias, um balão... A família se reunia e a alegria se fazia presente, pois, com palavras de fé e sabedoria, Maria explicava aos filhos: 

– Vamos rezar e agradecer ao Menino Jesus tudo o que Ele nos deu. Ele nos deixou um grande exemplo de família, vivendo com Nossa Senhora e São José. O que mais importa, neste dia, é acreditar no nascimento do Filho de Deus, pois o verdadeiro Natal acontece é no coração das pessoas.

A vida seguia seu curso. Aquela família seguia também, vivendo um dia de cada vez. Dias leves, cheios de harmonia; outros, com o peso da falta de recurso. Nestes, a confiança em Deus; naqueles, a alegria da vida em família. E a expectativa pelas férias e, mais uma vez, a experiência do Natal.

 Houve, então, um ano de grandes dificuldades. Quando percebeu a proximidade do Natal, Maria sentiu um arrepio de tristeza. Sabia que, naquele ano, não conseguiria comprar nada para os filhos. Passava os dias refletindo, pedindo a Deus a graça de vivenciarem bem o Natal, mesmo sem recursos. 

A ideia surgiu. Comprou alguns papéis coloridos e ajuntou papéis brilhantes que, naquela época, vinham nas embalagens de cigarro. Começou a confeccionar flores e balões – o que sabia fazer com esmero. Os meninos chegavam e ficavam a olhar. Alguns queriam aprender.

– Posso fazer também, mamãe? – perguntava o primeiro.

– Eu também quero! – outra voz se fazia ouvir.

– Claro! Pode pegar um pedaço de papel. É fácil. – dizia a mãe, com todo carinho.

Os mais velhos conseguiam terminar a dobradura. Os mais novos se enrolavam em uma dobra ou outra e nada saía. Assim por vários dias, nos momentos de descanso. No tempo certo, poucos dias antes das festas de fim de ano, Maria pediu ao filho mais velho que cortasse um grande galho para montarem a árvore. O rapaz saiu e satisfez o desejo da mãe. O galho era mesmo muito grande! Foi difícil para instalarem-no na sala. Quando estava bem firme, começou o trabalho de colocar os enfeites, que Maria ia pendurando um a um. 

– Posso ajudar, mamãe? – perguntou um dos meninos.

– Claro que pode! – vinha logo a resposta. – Pegue o balão de papel e escolha um dos galhos para pendurá-lo. Depois assopre, para ele ficar bem aberto.

Logo, logo, a família inteira estava envolvida na arte de decorar a árvore de Natal, que ficou realmente linda! Todos ficavam admirando tamanha beleza e se emocionavam ao ouvir a mãe dizer: 

– Tudo isso é para esperar o nascimento do Menino Jesus. Ele vai trazer a paz e a alegria para o mundo. E para a nossa família.

Na véspera do Natal, Maria reuniu os filhos para rezar. Com o coração cheio de tristeza, pois não pudera comprar nada para eles, aquela mulher reafirmou sua fé em Deus e disse aos filhos:

– Amanhã é o grande dia: chegou o Natal. Vamos nos alegrar e deixar o Menino Jesus fazer morada em nosso coração. Agora é hora de dormir. – disse Maria, abençoando os filhos, um a um, e desejando-lhes uma boa noite de sono. 

No outro dia, bem cedinho, Maria se levantou para preparar o café. Aos poucos, os filhos foram aparecendo na cozinha, de olhar ainda sonolento e carinha assustada, uns olhando para os outros. Maria percebeu que eles já haviam passado pela sala e constatado que não havia presentes. Quando todos haviam se levantado, a mãe chamou-os para a sala e convidou-os para uma oração. 

– Vamos agradecer, meus filhos! Agradecer a Deus por ter nos mandado seu Filho para nos salvar. 

E chorou em silêncio quando ouviu a voz de uma das filhas.

– É, mamãe, vamos agradecer, pois o verdadeiro Natal acontece é no nosso coração.

 Nesse momento, ouviram-se vozes do lado de fora, na porta da sala. 

– Ô, de casa! – alguém gritou.

Maria saiu pela porta e foi-se aproximando da visita. Os filhos foram saindo, timidamente, e ficaram à distância. Era uma visita muito especial: um tio de Maria, que há muito não a via, e seu filho. Chegaram trazendo alguns presentes para a criançada e uma cesta enorme, cheia de guloseimas. Os dois homens entraram e colocaram tudo debaixo da árvore. E ficaram ali, um bom tempo, encantados com a formosura daquela árvore de Natal.  Maria ofereceu-lhes um café, o que aceitaram de bom grado, mas não se demoraram muito, logo se despediram.

Assim que as visitas se distanciaram, a algazarra tomou conta da casa. Abraçando os filhos, Maria chorou, mais uma vez em silêncio, ao ver o brilho no olhar de cada um. Aquelas, no entanto, eram lágrimas de alegria e de ação de graças.

– Obrigada, Menino Jesus! – disse Maria, com o coração agradecido.

– Obrigado, Menino Jesus! – disseram os filhos. 

E com o coraçãozinho feliz, vivendo a magia daquele Natal, mal podiam esperar o momento de a mãe abrir aqueles embrulhos e a cesta cheia de coisas gostosas.

Conto escrito por
Luisa Garbazza

Tema de abertura
Jingle Bell Rock

Intérprete
Glee

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima Gisela Lopes Peçanha Paulo Mendes Guerreiro Filho Pedro Panhoca Rossidê Rodrigues Machado Telma Marya

Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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