4x08 - PUNHAL E AMOR
Os
adolescentes se apresentam e contam o que passaram e descobriram até ali.
Mostram o castiçal e o pergaminho com palavras numa língua mística.
Liebe
os convida para entrar na loja de conveniência meio depredada, e do velho
freezer vertical ela se aproxima e puxa sua porta. Mas ao invés de abrir o
velho freezer ele fica de lado revelando uma escada subterrânea.
- Bem vindos a minha casa. Talvez deva chamar de esconderijo temporário. Mas está me servindo muito bem. Venham entrem.
Os
adolescentes descem as escadas e veem um espaço parecido com a área de uma casa
com 3 quartos, 2 banheiros, sala, biblioteca, laboratório, cozinha e área de
serviço. Um bunker projetado para dar segurança e conforto para alguém que
precisa de grande privacidade ou está se escondendo de algo ou alguém.
-
Vocês devem estar cansados e com fome. Vou trazer toalhas para que tomem banho
se quiserem. E vou preparar algo para jantarmos. Ravena pode ficar com o quarto
do meio e os meninos com o quarto da direita.
- É
muita bondade, senhora. – Fala Ravena pegando uma toalha e se dirigindo para o
quarto que lhe foi indicado.
- Mas nós temos algumas perguntas para fazer
também. – Comenta Marcio.
-
Cada coisa a seu tempo. Primeiro tomem banho e durante o jantar vou responder
suas perguntas.
Marcio confirma com a cabeça.
Pouco
tempo depois os jovens estão sentados à mesa da cozinha e começam a cear um
prato chamado Sauerkraut. Prato típico alemão a base de repolho picado. Este
prato também é conhecido como chucrute.
-
Está divino! – comenta Colin.
-
Obrigado, mocinho de bom gosto. – Responde Liebe com seu sotaque alemão. –
Agora vamos para suas perguntas.
- Eu
começo. Por que essa música Panis et Cirsenses tem informações importantes e
quem é que os malucos dessa seita querem trazer de volta? – Dispara Marcio
curioso.
Liebe
olha para ele por alguns instantes antes de responder, criando uma atmosfera de
suspense.
-
Pois muito bem. Vamos lá. Antes devo contar desde o início, desde o ano de
1924. Foi o ano que entrei na organização Ordo Templis Orientis ou O.T.O por
influência de meu pai, Theodor, e...
-
Espera só um minutinho aí. – Interrompe Colin. – Você tá dizendo que estava
viva em 1924? Isso foi há... 95 anos. Como pode estar tão... jovem?
- A gente aprende um truquezinho aqui e ali. Mas voltando a minha linha de pensamento. No mesmo ano de 1924 conheci Aleister e me apaixonei por ele. Sua inteligência, talento com o ocultismo e magia. Sabia várias línguas e era um bom atleta também. Vivemos um romance tórrido dentro da proposta da Thelema, claro. Até que Crowley se modificou e começou a praticar magia negra longe de nós. Falavam dele fazendo pactos com entidades perversas e poderosas como “Incarnas”. Foi na época que se separou e fundou o “Estandarte do Crepúsculo”. Acabei fugindo da sua influência. Mas ele jurou que iria me ter novamente, mesmo que fosse após a morte. Soube também que sua morte foi forjada. Na verdade, ele está preso em outra dimensão após se fundir com um desses seres poderosos.
Os
três adolescentes estão ouvindo com olhos fixos na anfitriã e com expressões
nervosas após receberem as informações. Ravena então quebra o silêncio com
outra pergunta.
-
Vamos ver se eu entendi. A senhora, acho que devo lhe chamar assim, acabou de
nos dizer que esses idiotas estão querendo trazer Aleister Crowley de volta
para o nosso mundo?
-
Sim.
- E
o que a música Panis et Circenses tem a ver com isso? – Indaga Marcio.
-
Era um poema escrito por Aleister e que ele dizia que mostraria seu retorno.
Somente eu e outras poucas pessoas sabíamos da existência desse poema. No
entanto, me assustei quando os jovens ocultistas na década de 1960 fizeram a
música. Não via a possibilidade deles terem encontrado esse poema, já que
estava bem escondido. Eles devem ter conseguido em comunicação mediúnica com
alguém que conhecesse, talvez até o próprio... Crowley.
-
Então nos ajude com os versos. Quem são “as pessoas na sala de jantar”? – Fala
Colin.
-
Acho que vocês saberão melhor quem são essas “pessoas na sala de jantar” se
forem investigar um restaurante chamado “Nascer e Morrer” próximo ao Hotel Gran
Marquise na Avenida Beira Mar. O lugar também é conhecido como restaurante
Nostradamus.
-
Certo, agora nos fale sobre a segunda estrofe da música. – Pede Ravena.
Liebe recita a estrofe.
“Mandei
fazer de puro aço luminoso um punhal
Para
matar o meu amor e matei
Às
cinco horas na avenida central
Mas
as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer”
-
Aleister era profundamente interessado em mitologias e lendas antigas. Numa
viagem a Finlândia encontrou um metal precioso e raro, que ao ser trabalhado
traz uma bela luminosidade em lâminas. A partir do metal fez um punhal e o
consagrou com o nome de um personagem chamado Kullervo, o herói do conto
finlandês “Kalevala”. Esse conto foi traduzido e escrito por J. R. R. Tolkien
em 1916.
-
Mas a letra fala que o punhal é para matar o amor de alguém. Não é? – Pergunta
Marcio.
- A
canção iluminada de sol é um ritual de sacrifícios. Precisa de almas de crianças
e de um sacrifício maior que tenha alguma relação emocional com o conjurado.
Infelizmente acho que se trata de mim.
- De
você? Mas por quê? – Indaga Ravena.
-
Liebe significa amor em alemão. Ele deve ainda sentir algo por mim, Ravena.
Mesmo estando em outro mundo.
-
Meu Deus, então precisamos descobrir quem são as pessoas na sala de jantar e
resgatar as crianças antes das cinco horas. Mas cinco horas de que dia? –
Reflete Marcio.
-
Cara, isso tudo está dando um nó na minha cabeça. – Comenta Colin.
- Tem razão, acho que vocês já têm informações demais por hoje. Devem descansar um pouco. – Fala Liebe. – Vou retirar a mesa.
Os
adolescentes se levantam e enquanto Ravena se dirige para a biblioteca e Colin
vai para a sala pesquisar informações no smartphone, Marcio decide ajudar Liebe
com a louça.
- Já
disse que vocês deveriam descansar. – Ralha Liebe com Marcio.
-
Não consigo. Gosto de ajudar. Deixa que eu enxugo. – Responde Marcio.
-
Você tem um coração corajoso, menino. E é prestativo. Espero que ela também
perceba isso.
-
Espera aí, a senhora tá falando de quem? – Indaga Marcio.
-
Percebi desde que chegaram que você gosta dela, rapaz. Conheço um homem quando
está apaixonado. – Fala Liebe.
-
Desde o primeiro momento que a vi. Mas parece que ela não sente a mesma coisa.
– Fala o jovem cabisbaixo.
- Não se subestime e nem as surpresas que o coração pode provocar. Ela tem o seu próprio tempo. Conhece bastante sobre o oculto, mas talvez não tanto sobre sentimentos. Tenha paciência.
Acabam
de lavar a louça e então vão para a sala. Após uma hora conversando os quatro
sobre suas vidas e se conhecendo, Liebe faz uma ligação e diz:
-
Vou precisar que pegue o carro para levar alguns amigos até a Avenida Beira
Mar. Eles precisam continuar a jornada. Ok. Estamos aguardando.
-
Para quem ligou? – Pergunta Ravena.
- Para meu chofer. Ele está a caminho, mas antes quero lhes mostrar uma coisa.
Liebe abre uma caixa antiga de madeira com inscrições místicas e de dentro os jovens se espantam com a beleza do punhal de Kullervo, que é retirado e colocado sobre um livro aberto na mesinha de centro.
Jonnathan Freitas
Elenco Caleb Mclaughlin como Márcio Timothée Chalamet como Colin Jenna Ortega como Ravena Morgan Freeman como Arthur Cavalcante Tema Cloud Nine Intérprete Hayden Folker
Carlos Mota
Bruno Olsen
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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