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O Eleito: Capítulo 07

Minissérie de João Sane Malagutti
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O ELEITO - CAPÍTULO 07






FADE IN:

1.     
INT/CORREDOR/SALÃO SACERDOTAL/NOITE                       

 

Retomada imediata. Tensão. OMAR diante da porta. Sacerdotes no entorno e entre eles, de um lado, ANTHIEPT, do outro NEMEWÁ.

 

ANTHIEPT

(altiva)

Vosso silêncio diz mais que palavras. O que espera conseguir ao conclamar o conselho à surdina, Omar?!

 

OMAR tenta falar. ZAHRA surge aficionada em direção à porta. Passa por SETNIAK e se aproxima de OMAR. Suspense musical em vocal. Encara OMAR tet-a-tet e segue sentido à porta.

 

TUTANCAN

(para si/com prazer)

Revele a verdade que está escondida!

 

Hesitante, para diante a porta com as mãos sobre ela. Lágrimas.

 

SHENK

Deixemo-los, minha mãe! Nada do que tem aqui deveras nos acolherá. 

 

TUTANCAN

(sobrepõe)

Para que manter as portas fechadas? Não existe segredos em Luxor!

ANTHIEPT

(desconfiada)

Zahra; espere! Não toque nessa porta!

(à SETNIAK)

Vieste trazer algo advindo das chamas de Osíris?

 

SETNIAK

Bem sabes o que tem atrás das portas.

(respira fundo)

Aquela criança não cresceu e quer liberdade! O cerne é que só existe a liberdade em segredo! (T) Aprisionas ou libertas a pobre alma que vieste de teu ventre?

 

Burburinho. ANTHIEPT pensativa. ZAHRA ofegante se contém. SETNIAK, com semblante triste, SAI batendo o cajado no chão. Os sacerdotes abrem passagem como se fugissem de uma doença. O Burburinho aumenta. OMAR e NEMEWÁ trocam olhares. Suspense.

 

SALÃO SACERDOTAL:

 

SLOW-MOTION: ANTHENOKEN cavalga sobre MALIK intensamente. De súbito para apreensivo. Fim do SLOW-MOTION.

 

ANTHENOKEN

Ouvi vozes!

 

MALIK

(em êxtase)

Pessoas passam lá fora. (T) Não para! Estou quase lá! Continua! Vai!

 

Puxa seu cabelo e o beija. ANTHENOKEN volta a cavalgar com satisfação e sorri. Suspense.

 

CORREDOR:

 

Confusa, ZAHRA olha para OMAR que assente com o olhar e ânsia e maldade. Tensão. ZAHRA desiste. Abrupto, NEMEWÁ empurra todos e vai em direção à porta.

 

ANTHIEPT

(Cont’d) Pare! Eu ordeno!

 

NEMEWÁ a inquire com o olhar.

 

NEMEWÁ

(irritado)

Basta!

 

NEMEWÁ mete o pé na porta que se escancara. ZOOM IN no rosto decepcionado da Rainha. Burburinhos coletivo de surpresa.

 

SALÃO SACERDOTAL:

 

ANTHENOKEN e MALIK tentam se tampar. NEMEWÁ ENTRA acompanhado de TUTANCAN que olha decepcionado para MALIK. Os demais ENTRAM e esbarram um a um em ZAHRA que se mantém parada frente a porta e envergonhada. Atrás dela, SHENK cabisbaixo de vergonha. A RAINHA se vira de costa ofegante, reflexo de rejeição, segura o choro e leva a mão ao peito sem se desmontar.

 

NEMEWÁ           

É isto que a Rainha acoita? Aquele que se deita como mulher aos iguais deverá ser o Faraó?

 

ANTHENOKEN

(entredentes)

Traidor! Prometeste guardar-nos!

 

OMAR

Por Osíris! (T) Entre tantos desejos! Porque escolheste justo o adultério, príncipe? Trocaste a bela esposa por um prisioneiro servo?!

 

ANTHENOKEN histérico. Um lado feminino e mimado aflora.

ANTHENOKEN

(aos gritos)

Saiam! Saiam! Saiam!

(choro)

Saiam todos! Eu o amo! Deixem-nos!

 

ANTHIEPT

Que dizes?!

 

ANTHIEPT caminha velozmente até ele em fúria, ergue a mão para estapeá-lo e segura no alto. Anthenoken ajoelha-se diante dela.

 

ANTHENOKEN

(lacrimejando)

Perdoe-me, minha mãe. O desejo foi mais forte que eu! Queria apenas ser feliz e o estava sendo; em segredo.

 

ANTHIEPT

(entredentes)

Deveria puni-lo por jogar-nos aos chacais famintos.

(decepcionada)

Que vergonha!

 

Escorre uma lágrima de TUTANCAN num misto de tristeza e ódio.

 

ANTHIEPT

(Cont’d.) Servir-se aos... desejos! Se ao menos não tivesse um cônjuge!

(à MALIK)

Vista-se, escravo. Seus corpo não é e nem será mais necessário!

 

Close: olhos marejados de MALIK e semblante de medo. Desfoque revela NEMEWÁ a observá-lo com apreensão.

 

ANTHIEPT

(Cont’d.) Como podes fazer isso? Num momento tão delicado! É o mesmo que uma punhalada em todos!

TUTANCAN aproxima-se de ANTHENOKEN com olhar alucinado.

 

TUTANCAN

(à ANTHENOKEN)

Aquele tapa no armazém de grãos... não tinha cunho político. Só atendeu as vossas necessidades. Foste vil em punir-me quando tinha o mesmo intento que ti! Tiraste de mim uma alegria por puro prazer. Tinhas a tua mulher, ali!

 

Aponta para ZAHRA. Close em ZAHRA desgostosa. TUTANCAN cospe no rosto de ANTHENOKEN que engole o nervosismo calado. Abaixa a cabeça mantêm os olhos presos em TUTANCAN. ATNHIEPT afasta TUTANCAN.

 

ANTHIEPT

(por cima dos ombros)

Não piore as coisas! As tragédias pessoais não se discutem em público.

 

MALIK triste e envergonhado, na surdina tenta se esconder atrás das pessoas olhando para NEMEWÁ com arrependimento. ANTHIEPT toma a situação de forma altiva ao centro do salão.

 

ANTHIEPT

(Cont’d) Quero este servo preso! Faça o vosso papel, Nemewá! Deixe-o eunuco e se puderes lhe arranque a língua! Para que não propague essa vergonha!

 

ANTHENOKEN

Não! Não toquem no meu servo!

 

ANTHENOKEN lança olhares em busca de MALIK entre o público. ANTHIEPT olha com ódio para MALIK.

 

ANTHIEPT

Ainda o salvas aquele que te levas ao covil de teus inimigos, filho?

(com ira)

Este sujeito, já está morto!

 

ZAHRA

És um coitado de um prisioneiro que só faz o que mandam, Rainha. Não há justiça diante o fato se puni-lo.

 

ANTHIEPT a encara sem entender. ANTHENOKEN respira aliviado.

OMAR e NEMEWÁ trocam olhares. SHENK os observa.

 

ANTHIEPT

Anistias o algoz de vosso casamento?

 

ZAHRA

(obcecada)

O traidor é vosso filho! Deverias condená-lo por adultério!

 

ZAHRA em prantos aproxima-se de ANTHENOKEN com ira.

 

ANTHENOKEN

Ninguém tem que ser punido por amar. Nem punido por se arrepender de algo.

(à ZAHRA)

Quem aqui, jamais escolheu por algo do qual não tenha se arrependido?

 

Levanta-se e coloca-se tet-a-tet com Zahra.

 

ANTHENOKEN

(sereno)

(Cont’d.) Se for para ser punido. Que seja com a pena de morte. (T) Declaro publicamente o meu amor a outro igual que há pouco me fez descobrir sentido para a minha vida. E, sim, assumo, sou um adúltero e diante de todos, não me furto à pena merecida!

 

MALIK abaixa a cabeça entristecido e envergonhado.

ANTHENOKEN

(à ZAHRA/emocionado)

Fui feliz ao teu lado enquanto houve desejo e o amor. E, lhe sou grato ao infinito por doar-me os momentos mais felizes de  nossas vidas: o meu Shenk e meu semelhante... Tutancan. Aquele, que hoje enxergo e compreendo que tem mais de mim e que jamais enxerguei!

(Respira fundo)

Não deveria, diante da dor que lhe impus; pedir-lhe perdão. Aceite este pedido com sinceridade: Perdoe-me!

 

Silêncio ensurdecedor no salão. Perdida, ZAHRA (POV) olha para os rostos e, por fim, o encara. Trilha sonora.

 

ZAHRA

(choro)

O perdoo. Em nome de nossos filhos o perdoo. Adianto que não esquecerei o que passei por hoje. Nem por todas as gerações! O perdão que lhe dou não é o mesmo que sinto. Então esteja perdoado se isso lhe dará paz!

(engole o choro)

A vida se encarregará de o fazer pagar por tudo de ruim que fez com que sentisse diante a sua tara! (T) Não ser escolhida dói, Anthenoken! Vais entender isso mais adiante!

 

ANTHENOKEN chorando segura a mão dela e beija grato. Ela puxa a mão e SAI pisando duro. Tensão.

 

OMAR

Perdão? Todas as dinastias do Sul, em sua existência antepassada puniu ao adultério severamente! A princesa tem razão quanto ao culpado e não é o servo quem deve ser punido!

ANTHIEPT vai para cima de OMAR e NEMEWÁ interpõe-se.

 

ANTHIEPT

Estais pedindo a morte ao meu filho, Omar! (T) Como pode o Sumo-Sacerdote, aquele que rege as Leis Divinas na Terra, prestar-se à tão mentecapta empreita?! Tua traição não afeta só a mim e, sim, a dinastia dos Tirensen, que corre nas veias de meu filho e nas t.../ Nas das demais heranças consanguíneas.

 

ANTHIEPT circula pelo salão e apresenta frigidez e equilíbrio enquanto fala aos sacerdotes.

 

ANTHIEPT

(Cont’d) Podem tramar contra mim; não me afeta! Forjei-me nas tempestades! E à vós? O que pensam e fazem? Entregues à própria sorte de novos governantes? Pensam que tudo ficará como está? Vós não têm garantias de nada! (T) A minha família cai, todos caem.

 

Silêncio público. Ela caminha encarando todos os sacerdotes.

 

ANTHIPET

Vejo reações incrédulas. de felicidade e de medo! As tenham! Não pensem que estou vencida. Ainda sou a soberana deste reinado.

(à OMAR/ríspida)

As coisas não serão como tramam. Essa família perdurará no poder, queiram ou não! Sem Anounak ou a mim, Luxor tem o único herdeiro real. Está bem diante de vossos olhos.

 

ANTHIEPT aponta na direção de ANTENOKEN e NEMEWÁ adianta-se ao centro na direção de seu dedo.

NEMEWÁ

Sou grato pelo ensejo ao tema. Creio que a rainha finges que não sabe, ou, de fato, perdeu o juízo.

 

NEMEWÁ caminha como a rainha por entre os Sacerdotes. Todos apreensivos. ANTHENOKEN se afasta do centro e vai perto de MALIK. TUTANCAN observa o casal com inveja.

 

NEMEWÁ

(Cont’d) Já que este conselho está reunido, desvelarei todas as verdades de uma só vez, Rainha. Podes ter calado ao faraó e à minha mãe... Eu estou de pé!

(alto e bom som)

Saibam todos aqui: Nerfiri, a minha mãe, ainda vive em mim. E, Anounak, filho de o grande, ainda vive em mim... nestas veias.

 

Bate a mão com força repetidas vezes no antebraço. Burburinho. OMAR, abaixa cabeça emocionado. DESFOQUE revela ANTHIEPT contrariada e engolindo seco. Ao fundo, NEVERA tenta desfazer o riso de satisfação.

 

NEMEWÁ

(Cont’d) Me apresento à vós como o primeiro de Anounak II. (T) Sou o primogênito real que por anos foi suprimido e relegado por causa desta senhora!

 

Aponta para ANTHIEPT. Burburinho entre os presentes. ANTHIEPT cozinha NEMEWÁ com olhar de ódio. SHENK entristecido.

 

ANTHIEPT

O faraó não vos assumiu como filho, pois sabia que não o era; e sabia das intenções sombrias de vossa mãe!

(Para os membros)

Qualquer mulher poderia se apresentar com o filho no braço e requerer a paternidade. Anounak apadrinharia a criança, em sua bondade, como o fez, mesmo ao saber que não era filho. Ele não foi um adúltero! E como o Homem que o era, sabia que os filhos não têm culpa das investidas dos mal intencionados. E, acolhei esse pobre!

 

NEMEWÁ

(revotado)

Como podes me renegar, sabendo que cuidei a vida todo de vosso frágil e doente filho? Sabias e manteve-se calada por medo de perder o trono. Tinha medo de ser trocada por minha mãe!

 

ANTHIEPT

Palavras ao vento! Não tens garantia do que dizes! Foste apenas um menino que entrou em nossas e nada mais.

 

ANTHENOKEN

Basta! Basta! Meu pai nem foi sepultado!

 

SHENK

Não vejo sentido nesta discussão agora! Concordo com meu pai!

 

ANTHIEPT

(lacrimeja)

Anthenoken nasceu frágil e debilitado e a sua missão era protege-lo. Motivo pelo qual se tornou o general. (T) A gratidão lhe rendeu o que e a quem se tornou! Não macule o que ele fez por ti como gratidão aos vossos serviços! Não queira a mais do que lhe cabe!

ANTHENOKEN

(chateado)

Minha mãe, encerre isso! O destino desta conversa não me é agradável. Lhe clamo. Preciso sair daqui e me proteger dos olhos de todos.

 

ANTHIEPT

Verdades precisam ser ditas!

 

ANTHENOKEN

(persiste)

A que custo, minha mãe?

(lacrimeja)

Não vês o quão frágil é este momento? Encerre esta plenária. Antes que esse momento se torne o derradeiro de toda uma dinastia!

 

Todos olham para a ANTHIEPT esperando resposta.

 

ANTHIEPT

(contrariada)

Estou farta de tudo isso!

 

Caminha até NEMEWÁ e coloca-se tet-à-tet.

 

ANTHIEPT

Este conselho pode se reunir e tramar o quanto quiser... Afirmo à vós que o príncipe não será punido. O meu filho é, mesmo a contragosto, o eleito para seguir os passos de Anounak. Àqueles que contrariarem as minhas decisões, pagarão com a vida! (T) Não sou e nem serei uma rainha piedosa!

(à NEMEWÁ/sussurra)

(Cont’d.) Cinzas não voltam. Sabes bem que não tem como provar nada! O trono, se não de meu filho, será meu ou de meus netos. Nunca será vosso!

NEMEWÁ a encara com ira. ANTHIEPT SAI pisando duro acompanhado por TUTANCAN que antes de sair encara MALIK. SHENK olha para OMAR e para NEMEWÁ decepcionado e SAI. Os olhos das pessoas se voltam à ANTHENOKEN.

 

NEMEWÁ

(à ANTHENOKEN)

Ah, Anthenoken! No fundo, sabes bem da verdade. E, espero de ti que sejas justo! Não deixe teu coração turvares pelo ódio que alimenta a vossa m/...

 

ANTHENOKEN vira um murro em NEMEWÁ. SAI seguido por MALIK. Burburinho. NEMEWÁ acaricia o queixo para aliviar a dor. OMAR tamborila os dedos sobre a mesa pensativo. Suspense.

 

ANTHIEPT (V.O.)

É o fim de tudo!


2.      INT/DORMITÓRIO RAINHA/NOITE                               

 

Diálogo entre ANTHIEPT E TUTANCAN ocorre durante TAVELLING IN entre objetos. Revela ANTHIEPT cansada e com o olhar distante. O enquadramento aberto revela NEVERA agachada preenchendo uma tina com água para escalda-pés.

 

TUTANCAN

Não. Ainda não, minha avó!

 

ANTHIEPT

Seu pai pôs tudo a perder, meu amado neto! Aquilo que já era frágil, ruiu! E, eu, já estou velha. Não tenho mais forças para aguentar um reinado.

 

NEVERA atenta à conversa tenta disfarçar colocando ervas na água.

 

TUTANCAN

Eu tenho uma convicção em mente que, se posta em prática, pode mudar tudo.

 

NEVERA para de súbito. Silêncio. ANTHIEPT, comunica à TUTANCAN com o olhar sobre NEVERA e pigarreia. NEVERA cai em si e retoma a macerada de ervas.

 

ANTHIEPT

(à NEVERA)

Estas ervas estão de bom grado, minha querida. Ficaria um pouco melhor se macerasse aquelas folhas do jardim, perto da fonte. As pegue para mim?

 

NEVERA tranca o rosto, obediente, Se curva e SAI.

 

ANTHIEPT

(Cont’d.) Agora estamos sós, diga!

 

TUTANCAN

(com maldade)

Puna meu pai! Não precisa ser dolor e nem que o tire a vida. Apenas o mande em uma longa viagem de negócios para o interesse deste reino! Um lugar bem distante! E, depois, dê-nos, aos seus netos, a chance do trono, até volte!

 

ANTHIEPT

(desconfiada)

Admito! Já tive a intenção de elevá-los. Agora, tudo mudou! É uma questão de honra; de afronta ao meu poder. Não estão preparados para a batalha que virá!

 

TUTANCAN

(no veneno)

Nem meu pai está!

 

ANTHIEPT

E, tu menos ainda! Embora aventei a possibilidade de um dia serdes o meu preferido ao trono, que aos meus olhos destaca-se, o vosso irmão ainda é o próximo na sucessão. E, mesmo que não simpatize com o perfil de Shenk, as nossas feridas estão abertas aos olhos desse povo...

 

TUTANCAN contrariado.


3.      EXT/JARDINS/NOITE       

                   

TUTANCAN desce as escadarias apressado e corre pelos jardins. Enlouquecido, ataca tudo o que vê pelo caminho e joga ao chão até deparar-se com um grupo de serviçais em que agride aos puxões de cabelos e arranhões entre homens e mulheres que não revidam por justamente ser o herdeiro da realeza. Tudo deve ocorrer durante o diálogo acompanhado de drama instrumental.

 

ANTHIEPT (V.O.)

O vosso pai evidenciou as chagas da família diante de todos ao evidenciar a fraqueza da carne, assim como tu o fizeste o tempo todo de tua vida. Me calei, impus a Lei do silêncio sobre os teus atos. Entendes? Nesse momento a sua presença no trono é uma afronta a moral dessa plebe! Não posso doar o trono s um fraco no lugar de outro.

 

TUTANCAN (V.O.)

Eu sou solteiro! Ele, não! E discordo ser fraco por me deleitar com outro como se mulher fosse.

 

ANTHIEPT (V.O.)

Basta! Teu caráter não me facilita as escolhas. Pensas que não noto o vosso interesse pelo beduíno? Queres teu pai longe daqui para trilhar o mesmo caminho e, com o estrangeiro. (T) Seu coração ainda não está pronto! Se um dos meus netos for a solução contra a queda, embora lhe ame e lhe respeite, para o momento, o nome é o de Shenk.

 

Após as agressões e puxões de cabelo, TUTANCAN grita e chora. Cai de joelhos e torce os punhos em choro. Suspense musical.


4.      INT/CASA DE NERFIRI/DIA – AMANHECER                       

 

Penumbra. NEMEWÁ à mesa alisa o queixo remetendo à lembrança do soco. Porta bate, NEVERA ENTRA.

 

NEMEWÁ

Não deverias estar aqui! Sabes dos riscos.

 

NEVERA se aproxima dele e ajoelha entre as suas pernas.

 

NEVERA

(carinhosa)

Isso não importa mais. És sangue de meu sangue e se tiver que me custar a vida, que custe!

 

NEVERA acaricia as pernas dele e depois o queixo. NEMEWÁ a olha sem entender e mesmo assim beija a mão dela.

 

NEVERA

(Cont’d) Tens que agir, Nemewá! Nada ficará como está. A Rainha e o mais fraco estão tramando algo.

(com medo)

Sinto no coração que podem conseguir. Seja ávido! Aja e sobreviverás!

 

NEMEWÁ levanta truculento e a empurra sem perceber.

 

NEMEWÁ

Não posso ainda. Meu pai nem teve o cortejo iniciado. Não quero esmaecer a minha imagem em um passo falso.

NEVERA se aproxima e toca em seu ombro. Ele olha de soslaio.

 

NEVERÁ

Eu compreendo e não se trata somente de conseguires o trono, meu sobrinho. E, sim, de vingar a morte de sua mãe tentando defender o que é seu. É hora de nossa família ascender e expulsar essa gente que tanto nos fez mal para longe dessas areias!

(jogando)

Só o lembro que os mortos não vingam! E, que, o ataque é a melhor defesa! Se fizeres algo, dilacere o coração daquela naja! Anthenoken é um alvo tão fácil!

 

NEMEWÁ passa a mão sobre os olhos para esconder as lágrimas.

 

NEMEWÁ

(hesitante)

Não sei! Não posso.

(perdido)

Apesar de tudo, ele é eu irmão.

 

NEVERA

(ríspida)

Meio-irmão; que sempre usou de tuas defesas para sobreviver e, que, não hesitou em lhe esmurrar na plenária.

 

O abraça com carinho de segundas intenções.

 

NEVERA

(Cont’d.) És um homem de coração tão generoso que qualquer pessoa renderia a teus caprichos. Agradeço aos Deuses por ser a mulher mais próxima de ti. (T) Só lhe peço que aja rápido e sem sombra moral; essa batalha já começou e nem sempre o vitorioso é o que se apega aos valores. Pense nisso!

 

Nele contrariado. NEVERA beija as costas de NEMEWÁ e SAI. O general caminha de um lado para o outro pensativo. Pega uma adaga e leva à altura dos olhos. Música de suspense.

 

FADE OUT.


5.      INT/ORÁCULO/DIA – AMANHECER                             

 

Música perpassa. FADE IN. Raios sol sobre objetos. SETNIAK se levanta gemendo e senta-se. Respira fundo e coloca-se de pé e com auxílio do cajado caminha pelo oráculo. Ventania traz folhas secas ao pé. Pega a folha e a leva ao nariz.

 

SETNIAK

O clima está mudando!

 

Retorna ao oráculo e joga a folha. Joga algumas madeiras para alimentar as chamas do oráculo.

 

SETNIAK

(Cont’d.) Esta é a noite derradeira. Finda-se o ciclo de dez luas sobre as águas do Nilo e, assim, o faraó deve partir para a eternidade e ter o seu coração julgado. Peço a ti, Osíris, clemência; (pensativo) Que tenhas um julgamento justo, meu senhor!


6.      EXT/FEIRA NAS RUAS DA CIDADE/DIA                          

 

Movimentação das pessoas caminhando em massa para uma descida. Entre as pessoas, grupos de sacerdotes com seus trajes reais acompanham serviçais que carregam vasos, caixas, trono e outros objetos. NEMEWÁ surge em close, enrola um turbante na cabeça e encobre o rosto deixando apenas os olhos à mostra. Coloca a mão sobre a adaga na cintura e segue subindo contra o fluxo. Suspense. Segue desconfiado e com olhar inquieto para todos os lados.


7.      INT/DORMITÓRIO DO PRÍNCIPE/DIA-AMANHECER                 

 

ZAHRA contra luz de costa para a janela.

 

ANTHENOKEN (V.O.)

Lhe sou grato!

 

ZAHRA

(fria)

Não o seja!

 

ANTHENOKEN

Não posso deixar de reconhecer o que fez. Foi um gesto muito grande e que salvou a minha vida.

 

ZAHRA

Pode ser... Sua vida é tão ínfima e, ainda assim, agradeces por algo que não o fiz!

 

ANTHENOKEN

Lhe magoei e tens direito de estar irritada. Vim porque imaginei que depois do que fez quisesse ao menos manter uma amizade.

 

ZAHRA dá de ombros.

 

ZAHRA

A rainha matou o canalha errado! E, não fiz o mesmo, porque preciso dar garantias do trono aos meus filhos.

 

ANTHENOKEN

Acusas a rainha de um crime?!

 

ZAHRA

Tenho a certeza. E, se, não as tem é porque está tão turvo de desejos que sequer toca a realidade em sua volta.

ANTHENOKEN

(abalado)

Ela não poderia ter feito isso. Est/

 

ZAHRA

Abra teus olhos, joguete!

 

Caminha rápido até ele e o afasta até a porta.

 

ZAHRA

(Cont’d.)

Estive tão imersa no papel de esposa e mãe dedicada que jamais enxerguei o que estava debaixo de meus olhos. Me prendi ao irmão errado. Nemewá é de fato filho de Anounak. Mais homem, mais viril e corajoso. Como nunca vi essa nuance familiar? Os traços dele, os teus e de teu pai! Ele é o mais velho; e, deveria assumir ao trono. Tu és apenas a sobra do que teu pai viveu. Isso que dói em tua mãe!

 

ANTHENOKEN

(lacrimeja/indignado)

Palavras duras! Como pode?

 

ZAHRA

Achas que não as merece?! Fique em paz. Não me deitarei com o teu irmão. Não me aliarei ao inimigo. Nem por vingança! Fico ao teu lado pelo direito de teus filhos herdarem o trono. (T) Agora, saia de minha frente! Sua proximidade se basta ao ensaio público.

 

O empurra com calma para fora. Nele com feição triste e imóvel. Ela se afasta.


8.      INT./QUARTO RAINHA/DIA                                    


A Rainha se levanta e dá de cara com TUTANCAN sentado ao pé do leito a observá-la.

 

ANTHIEPT

O que quer tão cedo?

 

TUTANCAN

O trono! Sabes bem no fundo de teu coração que meu pai não conseguirá assumir o lugar de meu avô e, que, Shenk é apático demais para isso.

 

ANTHIEPT

Já lhe disse que n/

 

TUTANCAN

Imaginei-a mais sábia!

 

ANTHIEPT o encara com curiosidade.


9.      EXT./FACHADA E PÁTIO DO PALÁCIO/DIA                    

 

Com o rosto tampado, NEMEWÁ passa pelos portais do palácio.

 

TUTANCAN (V.O.)

Nemewá já deve ter traçado um plano para eliminar meu pai e a senhora.

 

NEMEWÁ para no meio do PÁTIO. Afrouxa a o disfarce, observa em volta e continua a seguir. Suspense.


10.      INT./DORMITÓRIO RAINHA/DORMITÓRIO PRÍNCIPE/CORREDOR/DIA    

 

TUTANCAN debruça sobre ANTHIEPT.

 

TUTANCAN

(sincero)

Sabes que desejo a morte de meu pai. O que ele fez e a paixão ao qual me roubou me faz odiá-lo com todas as minhas forças. Ao mesmo tempo sinto-me culpado por ter esses pensamentos.

 

ANTHIEPT

Como confiar em tuas palavras? É, esta, uma investida contra o vosso pai! Consegues entender que não é o momento para uma intriga de praz/

 

TUTANCAN

Não! Lhe afirmo que não é uma investida! Ouça-me...

 

Segura a mão de ANTHIEPT e acaricia.

 

DORMITÓRIO PRÍNCIPE:

 

ZAHRA sentada em seu leito ao lado de SHENK que limpa as suas lágrimas.

 

TUTANCAN (V.O.)

(Cont’d.) Me coloquei no lugar de meu pai. Me imaginei disputando o trono com Shenk... Confie, em mim. Assim que a lápide estivesse fechada, Shenk não estaria mais entre nós. Entendes o que digo?

 

SHENK beija a testa da mãe e SAI.

 

CORREDOR:

 

NEMEWÁ, com o rosto encoberto anda furtivamente.

 

ANTHIEPT (V.O.)

(pensativa)

Nemewá... tem elegância, não agirá com a pressa dos vingativos. O que me dá certo tempo para eliminá-lo deste jogo. Nemewá é tão previsível, quanto Shenk. Não te preocupes!

SHENK, no corredor, avista um intruso passar. SHENK segue NEMEWÁ que percebe a movimentação e acelera os passos e se embrenha em meio aos serviçais que carregam peças reais, tapetes, cestos e mobílias. Suspense.

 

TUTANCAN (V.O.)

Nemewá não tem o comportamento de ninguém que conhecemos. Confias demais em tuas aspirações. Se dizes, faça como achar melhor.

 

SHENK, afoito, procura entre as peças sem sucesso.

 

SHENK

(para si)

Só faltava isso!

 

Close, nele preocupado.


11.     INT/CASA DE BANHO/CORREDOR/DIA                         

 

NEMEWÁ tampa a boca de MALIK por trás e coloca uma adaga em seu pescoço. MALIK tenta escapar e NEMEWÁ o joga ao chão e revela o rosto. Close em MALIK surpreso.

 

NEMEWÁ

Traição se paga com a morte. Onde está a sua devoção diante o nosso contrato?

 

MALIK

Não o trai. Fiz o que mandou e o expus ao parlamento.

 

NEMEWÁ

Notei vossos olhos de arrependimento. Não podes arrefecer agora! Estamos prestes ao êxito e tão logo tu e vosso povo estarão livres. Não se deixes levar pelas vossas emoções e colocar tudo a perder.

MALIK

(triste)

Tenho meus princípios. O que faço me parece errado agora, mas, pela liberdade me sacrificarei. Não serei um traidor!

 

NEMEWÁ estende a mão a ele e o levanta.

 

NEMEWÁ

Assim espero! A próxima investida, nos deixará de frente com o trono. Não afundes os esforços no rio. (T) Precisarás disso.

 

Oferece o tecido e a adaga. Suspense.

 

CORREDOR:

 

TUTANCAN está à caminho da casa de banho. Avista MALIK e NENMEWÁ na porta desta. Se esconde atrás de uma pilastra e observa NEMEWÁ entregar uma trouxa de pano à MALIK. Suspense.


12.     INT/SALÃO DE EMBALSAMENTO/DIA                            

 

SHENK, sorrateiro, espera OMAR ajeitar o altar. Ele faz um gesto de adoração e SAI. Drama instrumental. Tecido que cobre a múmia é retirado e SHENK olha o corpo inerte embalsamado. Fala enquanto anda ao redor do corpo.

 

SHENK

E, no final, é só isso. Leva-se tudo para o outro lado. Mobília, riquezas, e o que sobrou, pelo lado de fora do corpo! Dentro de si, só o coração!

 

Uma luz âmbar aparece em cena dando ar místico.

 

SHENK

(Cont’d.) Não precisa de mais nada. Tudo o que pesa está no coração. As coisas viventes ficam... o sofrimento e uma disputa por espaços e papéis. Brigas e mesquinhez acima das regras! As palavras perdem para a ignorância. E, fica a sensação: do que adiantou empenho e tempo para as relações, se, a ganância afeta os juízos!? Ninguém se respeita.

 

ANOUNAK envolto em luz, aproxima de SHENK por trás.

 

SHENK

(Cont’d.) Sempre o admirei, meu avô. É impossível imaginar que aceitarias tudo o que está acontecendo agora.

(sorri para si mesmo)

É ilusão pensar que não. Ao final de tudo, o que estamos colhendo foi o vosso plantio. E, por mim, está tudo em conformidade, porque ninguém pode ser a perfeição divina na Terra. Nem mesmo um Faraó!

 

Música sobe de forma dramática e ANOUNAK deposita a mão nos ombros de SHENK que mexe a cabeça de um lado para o outro como se pudesse sentir o toque.

 

NEMEWÁ (V.O.)

Shenk?!

 

Música para. Luzes somem. Estão SHENK e NEMEWÁ, que se aproxima dele e pega o lençol com ternura.

 

NEMEWÁ

(Cont’d.) Não devias profanar o corpo de teu avô. Após o preparo, ninguém mais, além do sacerdote, pode tocá-lo.

 

NEMEWÁ olha para o morto com os olhos marejados.

 

NEMEWÁ

(Cont’d.) Se aqui estamos; não me oponho em olhá-lo com o carinho e a admiração que sempre lhe depositei.

 

SHENK toma o lençol e cobre a múmia. NEMEWÁ tenta conter as lágrimas.

 

SHENK

Porque queres olhá-lo, após promover tanta maldade com meu pai? O teu próprio irmão.

 

As lágrimas escorrem de NEMEWÁ.

 

NEMEWÁ

Me dói o abandono! O reconhecimento não me veio em vida. E eu o amava!

 

Tira o lençol e toca na cabeça da múmia com as duas mãos, como quem quisesse falar aos seus ouvidos.

 

NEMEWÁ

(choro)

Shenk está certo, meu pai. Fiz e pensei em maldades contra Anthenoken. Tenho medo dessa pessoa a qual estou me transformando. Este sentimento me corrói por dentro enquanto pessoa. É como se eu rastejasse em pântanos em busca de quem sou.

(misto de ira e choro)

Reconheceu o caçula e não a mim que lhe servi como um cão adestrado, pai! E assim me perdi em minha tristeza sem poder ouvir de tua boca: “aceito-te meu filho”.

 

Olha para SHENK e caminha até ele e segura em seus ombros.

 

NEMEWÁ

(Cont’d.) Mesmo sabendo que sou filho dele, não tê-lo ouvido dizer não me faz sentir legitimado. Isso me dói.

 

SHENK

Para que tanto ressentimento e mágoa? Tens que olhar adiante. O passado será enterrado com o avô.

 

NEMEWÁ

Não compreendes. São essas as dores do viver. Tive que ser duro a vida toda e, o que eu mais queria neste momento era me sentir protegido e amado e poder reafirmar quem sou: o primevo de Anounak. Aquele que teve tudo, mesmo que em silêncio; à sombra de um irmão mais novo. Menos o que me era importante: os abraços de pai.

(cai em si)

Mais que ressentimento, é inveja que tenho de vosso pai.

 

SHENK

Alimentar esse sentimento não ajudará em nada teus planos e nem o futuro de Luxor. Por ser o braço direito de meu avô, devias saber que precisaremos de sua força no exército mais que nunca!

 

NEMEWÁ

Cansei de ser a linha de combate. A minha batalha de agora em diante é pelo reconhecimento de meus esforços e devoção de uma vida.

 

SHENK se afasta dele e cobre novamente a múmia.

 

SHENK

A falta de diálogo está nos causando a ruína.

NEMEWÁ

Não há diálogo após as mortes. Não depois de tua avó ter matado a minha mãe. Ela cortou as possibilidades.

 

SHENK

Como podes dizer que foi ela? Naus se queimam o tempo todo.

 

NEMEWÁ

Abra teus olhos! O faraó e minha mãe estão mortos em diferença de horas. Desejo dos Deuses?!

 

Limpa as lágrimas.

 

NEMEWÁ

(Cont’d.) Perdi duas pessoas que eu amava por pura ambição da rainha ao trono. Agora, só quero reaver os meus direitos. E tem que ser pelo trono. Não há outro meio!

 

SHENK

O vosso desejo lhe turva das reais circunstâncias. Não vou lhe convencer de abrir mão de vossas convicções. Só continue nos guardando, pois notei a presença de um intruso aqui. Faça o que e como quiser, Nemewá, só lembre-se de que Luxor ainda é o lar de todos nós; e a queda de um significa a queda de todos!

 

SHENK ameaça sair.

 

NEMEWÁ

Shenk, o trono, de coração, deveria ser teu. E será! Lhe prometo!

 

Olhares silenciosos. Suspense.


13.   INT./REFEITÓRIO/DIA           

 

NEVERA passa com uma bandeja na cintura. A deixa sobre a mesa. Pega uma toalha de mesa e adorna o como um turbante. Deixa uma ponta. Olha furtivamente para todos os lados, pega uma adaga e esconde por baixo da roupa. SAI. Suspense.

 

TUTANCAN (V.O.)

Se tudo tem um preço, eu lhe compro!


14.     INT/DORMITÓRIO DOS HERDEIROS/CASA DE BANHO/DIA  

 

TUTANCAN retira uma pedra do chão e abre uma porção de linha enrolado revelando várias moedas de ouro. Close nele obcecado.

 

CASA DE BANHO:

 

MALIK secando-se. Outros servos SAEM calados e MALIK para se se enxugar sem erguer a cabeça. TUTANCAN (mostrar somente as pernas) se aproxima. Deixa várias moedas cair sobre ele.

 

TUTANCAN (V.O.)

De onde saiu essas, tem muito mais.

 

MALIK coloca-se frente a frente.

 

MALIK

Não estou à venda.

 

TUTANCAN

Quanto Nemewá lhe paga para alimentar esse falso amor com meu pai?

 

MALIK pega TUTANCAN pelo braço e o prende na parede.

 

MALIK

Sem insinuações! Eu tenho sentimentos pelo príncipe!

 

TUTANCAN

Porque o traíste comigo?

MALIK

Foi um erro! Isso jamais se repetirá!

 

TUTANCAN

Todos temos um preço. Eu lhe dou a tua liberdade se traíres Nemewá e fizeres exatamente o que quero.

 

MALIK

(irritado)

Não estou à venda! Me esqueça!

 

TUTANCAN

Sejas meu e serás o primeiro Homem de Luxor, com poderes irrestritos, com muito dinheiro e muitos carinhos como nenhum outro lhe deu. Nem mesmo o meu pai. Ou podes negar-me e logo saberão de tua sua proximidade com Nemewá.

 

MALIK

Faça como quiser! As tuas ameaças vão até onde meu falo se levanta. Depois, tua dignidade acabaria e te tornarias meu escravo sexual. Tão fácil ganhar e ti!

 

TUTANCAN

(sedento)

Então mostre-me como é fácil...

 

MALIK o segura pelo pescoço e aproxima o rosto do dele com a impressão de um beijo. Suspense.

 

15.     EXT/PÁTIO/DIA                                            15

 

ANTHIEPT apressada é acompanhada por suas ajudantes. Ao longe avista OMAR vindo em sua direção.

 

ANTHIEPT

Preciso lhe falar... em segredo!

Olha ao redor e todos se afastam a uma distância considerável. Diálogo sussurrado.

 

OMAR

As naus funerárias devem partir em breve para o sepultamento do Faraó.

 

ANTHIEPT

(hesitante)

Peço que deixe de apoiar Nemewá ao trono e me ajude com Anthenoken. Temo pela vida dele e creio que Nemewá não seja piedoso com... meu filho.

 

OMAR

Nemewá é um homem íntegro. E não vou me opor ao seu desejo de reaver o que é dele por direito. Não devias me pedir tal coi/

 

ANTHIEPT

Eu menti! Eu menti! Anthenoken não nasceu antes do tempo. Ele nasceu no período exato, Omar.

(mente/irada)

Eu carreguei esse segredo por toda a vida, assim como o vosso irmão. E, porque? Porque ele não queria ser desmoralizado e perder o trono para um perdedor pacifista!

(falso choro)

Ele me acolheu quando mais precisei e eu não fui capaz de compreendê-lo.

 

OMAR

(incrédulo)

Como pode ter escondido isso de mim por anos? Isso é... Hediondo! Covarde e... nojento!

 

ANTHIEPT o segura firme pelo braço.

ANTHIEPT

Baixe o tom. Estou lhe revelando um segredo. Não queira me desmoralizar que eu não sei do que sou capaz.

 

OMAR

Suas ameaças não surtem efeito contra mim. Espera que eu fique calado ante a tal revelação?!

 

ANTHIEPT

Se quiseres pode me abominar e até mesmo me expor, porém, proteja aquele que acreditou a vida toda ser quem é. Não deixe que Nemewá faça nada contra ele! Ajude-me a proteger o nosso...!

 

Em prantos, OMAR cai de joelhos. Ao fundo as pessoas curiosas param para ver a cena e se aglomeram. No meio delas, NEVERA.

 

OMAR

Fizeste-me crer fracassado por uma vida! Escondeu-me a honra e glória de uma semente de vida! Como pode ser tão vil a este ponto?!

 

NEMEWÁ chega, as pessoas se afastam. DESFOQUE revela NEVERA ajeitando o turbante e tampando o rosto. Ela SAI rápido e de longe aparece outra pessoa com turbante e rosto tampado.

 

NEMEWÁ

Que tumulto generalizado é este?

 

ANTHIEPT

Afaste-se de nós! A tua presença não é bem-vinda aqui!

 

ANTHENOKEN

Mãe, o que se passa aqui?

 

O “intruso” avança para cima da cena, SHENK o vê e vai atrás.

OMAR

(pesaroso)

Um pesadelo! É o que aqui se passa e não tem explicação!

 

O “intruso” surge do meio do povo em saltos ágeis pelo ar. SLOW-MOTION. Todos abrem a roda e ele ergue a adaga na direção de ANTHENOKEN. SHENK se joga na frente de ANTHENOKEN e ambos caem. A adaga cai cheia de sangue. Efeito de som ampliado na queda da adaga em plano detalhe. Fim do SLOW-MOTION. ANTHENOKEN cai ao chão com rosto de dor pressionando na região lateral do corpo.

 

Drama musical encobre as falas. Pessoas correm desesperadas, gritos. SHENK levanta sujo de sangue. TUTANCAN sorri de canto de boca em meio à multidão correndo. SHENK começa a chorar com desespero olhando para o sangue em suas mãos. ANTHIEPT flagra o sorriso de TUTANCAN à distância. Ele pisca para ela que fica sem reação.

 

NEMEWÁ observa ANTHENOKEN (POV) com satisfação contida. OMAR, lacrimejando, acolhe ANTHENOKEN e pressiona a ferida. Troca de olhares desafiantes entre ANTHIEPT e NEMEWÁ.

 

CORTA PARA O:

 

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P R Ó X I M O   C A P Í T U L O

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Minissérie de
JOÃO SANE MALAGUTTI

Elenco
ANNANOUK ANTHIEPT ANTHENOKEN NEMEWÁ NERFIRI NEVERA ZAHRA TUTANCAN SHENK SETNIAK OMAR MALIK
Tema MAKTUB Intérprete MARCOS VIANA

Direção
ANDERSON SILVA

Produção
BRUNO OLSEN


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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